quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Recife Jazz Festival 2009 - 08/11/09


Em seu terceiro e último dia, o Recife Jazz Festival, continuou com o intercâmbio cultural, principalmente com os franceses. Chegando atrasado, consegui assistir o último número da apresentação do clarinetista francês Jean Charles Richard, pela recepção calorosa da já numerosa plateia, acho que perdi um belo show.

A próxima atração foi um hermano Latino-americano, vindo do País Andino, o Chile, o baterista Nacho Mena e grupo, que com um português sem sotaques, segundo ele, aprendido quando morou em terras brasileiras, mostrou que não só incorporou o sotaque, mas também o ritmo e o balanço brasileiros que estão presentes em sua música, com um time de primeira linha, onde se destacava o saxofonista também chileno Paulo Guimarães, o grupo desenvolvia temas bem próximos a nós, com um balanço que lembrava o irrepreensível Milton Banana, conquistou logo a plateia com um som que fluia muito bem aos ouvidos, transmitindo toda euforia e alegria por estar ali se apresentando, um show bastante competente.

O duo de guitarras Bahiambuco, totalmente desconhecido, pelo menos por mim e acho que a grande maioria, foi a grata surpresa do dia, formado, como o próprio nome faz supor, por um bahiano e um pernambucano, que neste caso deixaram a rivalidade de lado. A primeira impressão foi de que ali estaria se apresentando uma destas horrendas duplas sertanejas, mas, como as aparências enganam, quando os dois soltaram os primeiros acordes em suas guitarras elétricas, percebeu-se que dali, sairia frutos muito bons, e a cada música a percepção ia se concretizando, com um domínio técnico excelente, uma sonoridade ímpar e um entrosamento que ia além das palhetas, eles iam desfilando composições próprias que foram conquistando a plateia, poderíamos dizer que eles beberam da fonte dos ótimos Jim Hall e Lenny Gordin, que poderiam fazer uma dupla memorável. Ao final com o público totalmente na mão, após vários improvisos, eles fecharam o show tocando um frevo, resultado, foi o único show que teve um rápido bis, grata surpresa.

Para fechar o festival, outro músico francês também clarinetista, pra lá de elétrico, Emile Parisien, num estilo FREE, com uma performance de palco que as vezes lembrava uma gazela se preparando para copular, Emile tocou um fusion jazz acelerado, mais parecendo um daqueles cabeludos guitarristas de heavy metal, tal sua performance. Tocar Free Jazz é para poucos, pois seus acordes atonais podem descambar para o irritante, mas Emile e grupo conseguiram segurar a onda, mostrando que a ousadia da produção em terminar um festival com uma música, por assim dizer, difícil, foi bem aceita pela ainda numerosa plateia, valeu a pena.

O Recife Jazz Festival 2009, com seu intercâmbio e diversidade cultural, e apoiado numa excelente escolha das atrações, mostrou mais uma vez que o formato está acertadíssimo, vida longa para o festival, os nossos ouvidos agradecem.

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