sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Filme Alô, Alô Terezinha - Nelson Hoineff



DICA DE CINEMA


Estreia hoje nos cinema um documentário que merece ser visto e revisto, pelos jovens e principalmente pelos que já passaram dos quarenta.


Filme com uma narrativa alegre, como era o Chacrinha, transcorre de uma maneira leve e solta, para se assistir se deliciando de um passado recente que deixou saudades.
Postei um comentário sobre o filme em 02/05/09, quem quiser lê-lo, é só ir lá.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

LP Autógrafos de Sucesso - Caetano, Gil e Gal

Nesta época (anos 70), o mercado fonográfico passava por turbulências, as vendas despencavam e a solução eram as coletâneas, dificilmente encontraria-se nas prateleiras das lojas, os discos de catálogo do seu artista preferido, o máximo que se encontrava era o disco anual, era se contentar com ele e se abraçar nas coletâneas para se conhecer algo a mais de cada artista.


No caso, esta coletânea abrangia três dos mais famosos artistas da Tropicália e suas músicas representativas, com um pequeno apanhado do início da carreira do trio de Baianos. De Caetano Veloso, "Alegria Alegria", "Super bacana", "Tropicália" davam a dimensão do grande artista que ele é até hoje.

Gilberto Gil aparece com as emblemáticas "Aquele abraço", "Procissão" e "Louvação" músicas que venceram o tempo e hoje se tornaram clássicos da MPB, numa demonstração de que os artistas de hoje precisam muito ouvi-los.

Bom, o que Gal Costa fez para merecer dividir a capa com a dupla de baianos mais famosa, é um mistério, pois ela só aparece dividindo a faixa "Domingo" com Caetano.

Para quem, como eu, conhecia pouco dos tropicalistas, este LP foi uma ótima introdução, percebi que aqui no Brasil, tinhamos artistas que não deixavam nada a desejar aos de lá de fora. O Rock começava a brigar com a MPB no meu gosto musical.

Ano de lançamento: 1971
Ano de aquisição: 1975

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Dança - Embodied Voodoo Game - CEna 11 Cia. de Dança


Chato, muito, mas muito chato, é o que se pode dizer deste espetáculo da CEna 11 Cia de Dança (se escreve assim) vinda de Santa Catarina, integrante do 14º Festival Internacional de Dança do Recife 2009.

A ideia era até boa, associar dança com game de computadores, tentando vincular uma coisa com a outra, inclusive acrescentando elementos cênicos, como um controle de Nintendo Wii e com a interatividade dos espectadores, mas infelizmente só ficou na ideia, eles não conseguiram transpor para o espetáculo.

O que se via no palco, nem era dança, nem tampouco Game, ficou no meio termo do nada.

É impressionante a capacidade destes curadores de ver algo em espetáculos como este, pura perda de tempo.


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Dança - Les Possédes - Cia Toula Limnaios


Com dois ótimos espetáculos, a Cia Toula Limnaios da Alemanha, de dança moderna, foi apresentada ao público Recifense no ano de 2007, no 12º Festival Internacional de dança do Recife, com sua coreografia pra lá de moderna, figurinos e cenografia impressionantes, uma trilha sonora inspirada, gerou polêmicas e agradou muito, tanto que foi novamente convidada a se apresentar neste 14º Festival Internacional de dança do Recife, com o espetáculo "Les Possédés" baseada na descrição de diversos personagens e inspirada nas representações psicológicas de Dostoievsky do ser humano, que estreou em Paris em Junho deste ano.

Atualmente uma das mais respeitadas companhias de dança contemporânea, Toula Limnaios veio com um espetáculo desta vez mais centrado na coreografia, com um palco praticamente nu, única cenografia eram alguns panos brancos do teto ao chão, com um figurino simples de pessoas comuns, e um ótimo jogo de luzes que realçavam bem algums passos da dança. Sem o aparato cenografico dos espetáculos anteriores, Toula se perdeu em passos visivelmente já manjados e com pouca inspiração, provocando no ar, um certo "deja vú".

Com a colaboração novamente do músico Ralf R. Ollertz, o mesmo dos espetáculos anteriores, a ótima trilha sonora foi baseada no som industrial o que dava um aspecto sombrio ao espetáculo, misturada a sons tribais de atabaques, e o dodecafonismo e minimalismo (nada mais "muderno"), mesmo assim, ficou tudo muito superficial, soou falso, o que não empolgou muito a plateia do Teatro de Santa Isabel.

Infelizmente nunca li Dostoievsky, se este espetáculo representa o sentido de seus livros, ele deve ser muito chato.

sábado, 24 de outubro de 2009

LP Blood on the Tracks - Bob Dylan



Há talentos que são incontestáveis, Bob Dylan é um deles, apesar de sua sofrível voz, compensa com seu extraordinário talento para compor e escrever letras transformadas em verdadeiros poemas, seja falando da relação humana, contestando a sociedade ou simplesmente em canções de amor, tornou-se um verdadeiro ícone da cultura pop mundial, título que lhe acompanha há mais de quarenta anos. Um dos maiores poetas vivos das Américas, com seus poemas Dylan é o único que mais claramente pegou o mar turvo e colocou num copo para que possamos digerir.

"Blood on the tracks" foi lançado numa época dificil na sua vida pessoal, o que é fácil supor desde o título do LP até uma rápida análise de suas músicas. Com problemas familiares, principalmente com a esposa Sarah, ele traz o sentimento de volta ao lar, as palavras, a música, o timbre da voz, falam de lamento, melancolia, de um sentido de adeus inevitável, misturados com humor malicioso, alguma raiva e uma alegria simples, são os poemas de um sobrevivente.

O disco é simplesmente magistral, Dylan na sua melhor forma, ninguém consegue melhor interpretar Dylan do que o próprio Dylan. "Idiot wind" é um verdadeiro clássico do cancioneiro americano, é um poema duro, de sangue frio sobre a ira do sobrevivente, incrivelmente pessoal, mas mesmo assim pode figurar como um hino para todos aqueles que se sentem invadidos, abusados e embrulhados. Outro destaque é o poema de longa narrativa "Lily, Rosemary and Jack of hearts" onde canta uma canção mais fugitiva, alusiva, simbólica, cheia de imaginação e reticências.

Além de se expor publicamente, o disco mostra um Dylan musicalmente mais maduro, a sua inseparável gaita, as vezes melancólica, as vezes alegre, dá o tom certo a cada música, seu violão com sua batida folk, transforma suas baladas em verdadeiras perólas musicais, o exemplo são as belas "Tangled up in blue" e "Simple twist of fate". Uma ótima fase para o mestre do folk.

Apesar da unidade musical deste extraordinário disco, ele não figura entre os mais conhecidos de Dylan, merece uma grande atenção, mesmo trinta e cinco anos depois de ser lançado, as grandes obras são eternas.

Ano de lançamento: 1975
Ano de aquisição: 1975

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Filme Bastardos Inglórios - Quentin Tarantino


Não se consegue assistir a um filme de Quentin Tarantino, sem se remeter ao seu início de carreira com "Cães de Aluguel", primeiro, porque aquele filme feito de maneira independente mostrava que o cinema poderia ter um caminho alternativo para se renovar, em segundo, pela própria maneira como ele se lançou no mercado cinematográfico. De mero vendedor de uma video locadora para um dos mais respeitados diretores do cinema americano, uma trajetória respeitável, amparada por um sentimento inabalável de amor ao cinema, dificilmente visto entre os artistas de sua geração.

"Bastardos inglórios" é antes de tudo mais uma apaixonada incursão de Tarantino no mundo adulto da fantasia, onde seu amor a filmes B e antigos aparecem na abertura do filme e permeiam cenas até o seu final. A cena de abertura é um primor de direção de arte e de atores e é fundamental para entender a narrativa, com direito a uma homenagem belíssima a cena final do extraordinário filme "Rastros de ódio" de John Ford, mas repetir a cena pura e simplesmente seria muito pouco, Tarantino homenageia invertendo a situação da cena, mostrando que uma nova leitura pode também ser uma forma de respeito com inovação.

Mexer numa ferida de um dos episódios mais tristes da história mundial, quando tantos filmes já abordaram com diversos enfoques, não é tarefa das mais fáceis, mas o diretor e escritor optou por fantasiar este episódio, poderia ter resvalado para a vulgarização. Apesar da violência explícita, marca registrada do diretor, a estória se desenrola com um certo humor, e os personagens são apresentados como as pessoas que poderiam ter mudado esta triste história, o que nos faz torcer para que eles atinjam seu objetivo, mesmo que para isto seja necessário o uso de violência e venha a custar a vida de pessoas.

A história é contada em capítulos que se entralaçam entre si, numa narrativa dinâmica, os fatos são apresentados de uma maneira a se criar uma expectativa positiva no seu final, a cada cena surge uma surpresa, aumentando a torcida a favor dos bastardos, criando no espectador a vontade de que os fatos históricos sejam modificados.

Com o elenco encabeçado por Brad Pitt numa atuação digna de um escroque sem coração, com um sotaque e um bigodinho que são o ó (lembrando sua atuação em "Snatch - Porcos e Diamantes" de Guy Ritchie ), Tarantino continua sendo um ótimo diretor de atores, todos os bastardos estão ótimos (Eli Roth, o melhor), assim como Cristhopher Waltz com uma atuação magistral como o oficial Nazista "Caçador de Judeus", que rouba todas as cenas em que aparece, inclusive uma com Pitt.

Tendo uma narrativa leve e solta, Tarantino mostra mais uma vez que filma com a paixão dos novatos e é muito fácil de verificar isto, quando ao final do filme se percebe que tivemos mais de duas horas de puro prazer.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

LP Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy - Elton John



Um dos maiores campeões de hits da história do pop-rock mundial, sempre primando pela qualidade, Elton John perdeu a conta da quantidade de baladas que encabeçaram as listas de melhores, assim como, as vezes que ocupou os primeiros lugares em vendagem e execuções com sua belas canções. Dificil não distinguir logo nos primeiros acordes uma música sua, quantos e quantos casais já não se apaixonaram ao som dele, suas canções falam direto aos corações apaixonados, independente de opção sexual, talvez por ser declaradamente homosexual, consiga transpor para suas músicas, sentimento e sensibilidade.

Apesar de todo o sucesso, Elton sempre passou por altos e baixos na sua vida pessoal, este disco é fruto de uma retomada, após turbulências pessoais quando sua carreira artística foi afetada. Já sem conseguir a inspiração necessária para fabricar novos hits, Elton fez um disco competente com belas baladas e rocks interessantes, mas que não atingiram o grande público como ele estava acostumado.

O disco na época não teve a repercussão esperada o que o deixou meio esquecido na discografia oficial do mestre das baladas, a capa deveras confusa e com certos exageros, apesar do ótimo projeto gráfico, também não contribuiu para alavancar as vendagens, resultado, o disco de belas canções não figura nem de longe como os melhores do parceiro de Bernie Taupin, responsável pelas letras deste disco.

Nenhuma das canções do LP obtiveram destaques nas paradas de sucesso da época, fazendo com que ao escutá-lo, não se indentifique nenhum hit, o que convenhamos, em se tratando de Elton John, chega a ser estranho, mesmo assim é um disco que merecia uma atenção melhor, muito baladeiro de hoje deveria pelo menos tentar chegar perto do Captain Fantastic, porque do Elton John, é quase impossível.

Ano de lançamento: 1975

Ano de aquisição: 1975

domingo, 18 de outubro de 2009

LP Ney Matogrosso - Ney Matogrosso


Integrante de maior destaque dos Secos e Molhados, grupo de estrondoso sucesso no início dos anos 70, Ney Matogrosso saiu em carreira solo depois de desentendimentos com os outros integrantes do grupo e a briga foi feia, com acusações de ambos os lados, principalmente com o João Ricardo que se achava o dono do grupo.

Com o estardalhaço feito, e uma saída nunca muito bem explicada, cresceu a expectativa diante do primeiro disco solo do cantor de falsete e figura andrógina, afinal nas trocas de farpas cada qual que quisesse tomar para si como sendo o responsável pela qualidade sonora dos S&M.

Rodeado de tantas expectativas e sendo vendido como uma novidade absoluta, o disco foi considerado na época como um tanto exagerado, a figura de Ney com sua vestimenta a la o homem de Neanderthal e a propalada utilização de um papel para a capa que exalava um cheiro de mato, não ajudou muito no sucesso do disco, não foi muito bem compreendido pelo grande público.

Incompreensão a parte, a verdade é que o disco musicalmente é excepcional, uma verdadeira rutura que Ney teve a coragem de propor ao seu público, como se quisesse mostrar que o cantor dos S&M estava definitivamente enterrado, cheio de experimentações musicais, acordes dissonantes e um tanto dificeis de se assimilar em uma primeira audição, repleto de arranjos elaboradíssimos e rebuscados era a prova de que ali não estava apenas o cantor de voz "diferente", Ney se integrava a um time de músicos de uma qualidade acima da média comandados pelo trumpetista Márcio Montarroyos.

O disco inicia com "Homem de Neanderthal" que dá o tom do que viria pela frente, com seus sons guturais e da natureza, mostra que a intenção era de fazer um disco ligado a terra, o mato, como o cheiro que realmente exalava de sua capa, pelo menos por alguns dias. A sua versão para "O Corsário" de João Bosco e Aldir Blanc, até hoje é insuperável, segue com "Açucar Candy" de Sueli Costa e Tite Lemos, com uma letra de uma sutileza que não deixava mais dúvidas quanto a opção sexual do cantor, só não entendeu quem não quiz, a turma da censura não deve ter entendido.

Sempre com arranjos rebuscados, o disco segue com músicas de alto calibre para fechar com chave de ouro com sua três últimas canções, "Barco Negro" de Piratini e Caco Velho uma espécie de guarania muito bem interpretada por Ney e com um solo de violão maravilhoso, "Cubanacan" é uma salsa dançante que se inicia com um ótimo solo de trumpete e fechando tudo "América do Sul" que se tornou o sucesso do disco, executada até hoje.

Acompanhava o LP um compacto com duas músicas do extraordinário Astor Piazzolla, gravados na Itália, onde morava, com acompanhamento do próprio, um luxo que poucos artistas conseguiram ter, principalmente quando se sabe do nível de exigência do compositor de "Adios Noninos". O compacto tinha de um lado "As Ilhas" de Carneiro e Piazzolla que simplesmente arrasa com seu bandoneon dando uma beleza diferente a voz de Ney, do outro lado "1964" de Borges e Piazzola, um tango belo e soturno como só Piazzolla sabia fazer.

Este disco pode não ter tido o sucesso que se esperava na época, mas mostrou a capacidade e excelência sonora do cantor Ney Matogrosso, provado posteriormente pelo enorme sucesso alcançado até hoje.

Ano de lançamento: 1975

Ano de aquisição: 1975

LP Rock'n'Rolling Stones - Rolling Stones



Na falta dos discos do catálogo oficial do grupo no mercado, tínhamos que nos contentar com as coletâneas que de vez em quando eram lançadas, sem muitos critérios. As vezes surgiam surpresas como esta, quando pela primeira vez apareceu em disco no Brasil a gravação do clássico "Route 66" na voz de Mick e Cia.

Esta coletânea se diferencia das demais por conter músicas menos conhecidas dos Rolling Stones, na maioria covers, com apenas uma da dupla Keith & Mick "19th Nervous breakdown" pouco conhecida, mas com a mesma qualidade das demais da dupla.

Com versões próprias das músicas dos grandes ídolos deles, o disco é uma aula do bom e velho rock'n'roll, com todo o frescor próprio do rock, com gravações entre 1965 e 1972, mostra o vigor na fase mais rock do grupo, quando ainda fazia parte o louco do Brian Jones.

O disco desfila cinco clássicos de Chuck Berry grande ídolo de Keith Richards, as mais conhecidas e geniais "Little Queenie" e "Carol" em versões "ao vivo" simplesmente fantásticas, com outras menos conhecida como "Come on", "Talkin' about you baby" e "Bye bye Johnny" (rockão vigoroso) não menos sensacionais. Outro destaque é "I Just wanna make love to you" do papa do blues Willie Dixon, numa versão que deveria transformá-los em co-autores.

Coletânea de primeira linha, para a melhor banda de rock do mundo.

Ano de lançamento: 1974

Ano de aquisição: 1975

sábado, 17 de outubro de 2009

LP The Myths and Legends of King Arthur and the Knights of the round table - Rick Wakeman


Todo artista em início de carreira (neste caso, a carreira solo) tem a síndrome do segundo disco, que é o teste para saber se o mesmo consegue seguir adiante, ou vira artista de um disco só. Quando o artista ultrapassa esta fase apresentando um disco sensacional, as cobranças em vez de diminuir, aumentam, a crítica é implacável.

Isto foi o que aconteceu com Rick Wakeman que passou com louvor, no teste do segundo disco com o excepcional "Journey to the centre of the Earth" que se tornou um marco no genêro rock progressivo, o que poderia se tornar um alívio (um ótimo segundo disco), acabou trazendo mais expectativas para o terceiro disco e foi, na época, este clima de cobrança e alta expectativa que rondou o lançamento desta, vamos dizer, ópera rock progressiva do mago dos teclados.

Depois do estrondoso sucesso de seu disco anterior, Rick Wakeman obteve toda liberdade e altos orçamentos para seu novo trabalho. A experiência de contar uma história épica foi retomada, desta vez com a lenda do Rei Arthur, o conceito musical foi seguido na mesma linha do anterior, grandiloquência, orquestras e coros, uma banda de rock de suporte e vocais, desta vez masculino e feminino, apesar de não se encontrar a mesma inspiração do anterior, o disco não decpciona, Wakeman vai construindo as músicas com muita qualidade, balanceando com muita precisão a entrada da orquestra com o som da banda e seus teclados, o que resulta num som que agrada a todos.

A opção pela continuidade do conceito musical anterior poderia descambar para a mesmice, o que não acontece aqui, para musicar a lenda do Rei Arthur era necessário esta ambiência, não se pode imaginar falar de reis e idade média apenas com rock, era necessário uma grande orquestra, os destaques do disco são a bela "Guinevere" e a mais bonita e conhecida do disco "Merlin The Magican", toda calcada no virtuosismo dos inúmeros teclados de Wakeman, uma balada de uma sonoridade exuberante, ela sempre foi pedida e tocada em seus shows.

Com este disco Rick Wakeman se consolida em sua carreira solo, apesar dos altos e baixos, entradas e saídas no grupo YES, mas ele passou bem pelo teste do segundo e terceiro disco, daí em diante, bem.......

A qualidade gráfica do LP é um destaque a parte, mesmo na edição nacional, muito bem cuidado, com capa dupla e um encarte belíssimo com gravuras que indicavam as letras das músicas, neste quesito, foi nota dez. Agora, o porque da excalibur estar dentro de uma bigorna e não de uma pedra, como reza a lenda, nunca foi explicada.


Ano de lançamento: 1975
Ano de aquisição: 1975

Nota: Um fato curioso em relação ao lançamento deste disco, pode bem ilustrar os efeitos da globalização nos dias de hoje. Os leitores mais atentos deste blog, vão se lembrar de um post (Suzi Quatro) que falei sobre uma loja de discos, onde ia nas tardes de sábado ver lançamentos e trocar ideias com outras pessoas, pois bem, me lembro, isto há mais de trinta anos, que o assunto era o lançamento deste LP e se discutia como seria a capa do disco, como as informações chegavam ao Brasil sempre com atraso e em Recife com um atraso maior, ficavamos tentando adivinhar como seria a capa e o projeto gráfico tão falado do disco, isto terminava criando uma agradável ansiedade e expectativa que nos acompanhava até o seu lançamento.

Hoje, com a globalização não se vê mais esta expectativa, aliás não se vê mais nem as capas dos discos, ficou tudo muito rápido, sem emoção, sem discussão, tudo muito banal, o que pode descambar para a banalização do banal.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

LP e CD Young Americans - David Bowie



O susto foi grande, o andrógino de antes, trocou sua pele de cachorro por um terninho Armani, se antes ele mostrava um futuro desolador e sombrio atráves de rocks pesados, agora ele tentava descrever os jovens americanos pela visão de um jovem inglês ao som chupado da mais autêntica Black Music norte americana, coisas de camaleão.

David Bowie sempre foi um artista que esteve a frente de seu tempo, ditando tendências, desde quando ele vindo do espaço, aportou na terra como o Ziggy Stardust, apontando caminhos a serem seguidos, sua necessidade de se reinventar é preemente e lhe acompanha já há muito tempo, esta mudança foi literalmente cantada em "Chant of the ever circling skeletal family" última música do extaordinário "Diamond Dogs" disco de estúdio anterior, a profusão de metais e o balanceado próprios da soul music, davam a dica para o que poderia vir.

Numa época em que o Rock predominava e a música negra estava em baixa, Bowie vai beber na fonte de seus antigos ídolos da R&B. É bem verdade que esta mudança do rock para a soul já tinha sido mostrada no seu disco ao vivo "David Alive", mas nem os fãs mais ardorosos acreditavam que o rock sucumbiria a soul music. A Disco music começava a dar seus primeiros passos, mas ninguém iria imaginar que pelo menos por um período o POP estaria a frente do Rock.

O disco começa com a bem balançada faixa título, mostrando todo o feeling do camaleão do rock, a introdução de bateria com sax é de arrepiar, a visão de Bowie do jovem americano está impregnada de música negra, dos corais a batida do baixo, depois desta introdução, aquele fã ardoroso do rock, já começa a repensar. E tem muita Soul music cantada com a alma branquela inglesa, mas de uma competência pouco vista, ele está cantando como nunca, e parece que neste tipo de música sua voz se sobressai mais.

Com um convidado luxuoso, o seu recente amigo John Lennon, eles fazem uma releitura matadora de "Across the Universe" sucesso dos Fab Four, uma versão cheia de nuances, bem diferente da original com os Beatles, mas a melhor música do disco é "Fame" parceria sua com o John, um verdadeiro funkão de arrasar quarteirão, o baixo marcando o compasso a la "Sly & Family Stone" é irresistível e impossível não se levantar para dançar, chegou ao primeiro lugar das paradas americanas.

Uma verdadeira aula de soul music, provando que a música negra americana também pode ser cantada por branquelos, eles só precisam ser gênios.

No CD, além das maravilhas tecnológicas de conseguir uma limpidez maior na excelente voz de Bowie, ainda contém três "Bonus Track" de alta qualidade, sendo uma delas uma divertida homenagem ao amigo Lennon "John, I'm only dancing again". Em "It's gonna be me" ele canta de uma maneira que deixaria Marvin Gaye contente.

Ano de lançamento: 1975

Ano de aquisição do LP: 1975
Ano de aquisição do CD: 2003

Nota: Em tempos de vacas magras, vivendo de mesada, a ajuda de amigos sempre era bem vinda, principalmente na compra de discos, foi o que ocorreu com este. Um amigo-irmão que preservo até hoje, Arnaldo Saldanha, foi quem me ajudou a comprá-lo, talvez ele nem se lembre da dica de um cara que vendia os discos que as gravadoras disponibilizavam para as rádios, geralmente discos que não tocavam muito, e o cara na surdina vendia-os por um precinho bem módico, foi uma festa, terminei comprando ao longo de um período, ótimos discos, um jabá ao contrário, mas valeu a pena, foi uma ótima dica.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

LP Quadrophenia - The Who



O The Who vinha de uma bem sucedida incursão no conceito denominado de ópera-rock, onde em um disco conceitual, as músicas se interligavam para contar uma história, que no caso era sobre um personagem chamado "Tommy", o filme ainda não tinha sido lançado, mas o disco tinha feito muito sucesso. Neste caso, Pete Thowsend, o criador da anterior, novamente se volta a contar uma história de um personagem que é basicamente sobre a vida de um jovem chamado Jimmy Cooper, entrando na idade adulta. O pano de fundo é a juventude mod dos anos 60, na Inglaterra. Ninguém melhor do que Pete para descrever as agruras, aventuras e desventuras de um garoto em seus momentos de rebeldia, já na segunda música, o tom é dado, visita a um psiquiatra, conselhos com um padre e demonstra-se que a segurança mental infelizmente não é obtida, daí pra frente Pete discorre sobre depressão, esquizofrenia, briga entre gangs, tudo emoldurado pelo o que de melhor o rock pode oferecer.

Som furioso, a bateria de Keith Moon (junto com John Bonham, os melhores bateristas que o rock já teve) segurando tudo e ditando o ritmo, Roger cantando como nunca e Pete estraçalhando com sua guitarra com solos memoráveis e John como sempre competentíssimo.

O conceito de "Quadrophenia" é explicitado na música de mesmo nome, poderia ser entendido como uma personalidade quádrupla (?), Jimmy é um garoto que sofre deste problema, e quando ele toma suas pilulas, sua esquizofrenia se divide e ele passa a sofrer de quadrofenia.

Discussão com os pais, saída de casa, desencanto com o rock'n'roll, emprego como lixeiro, conflitos interiores, traição, são alguns dos aspectos da personalidade de Jimmy apresentados neste extraordinário álbum duplo, Pete disseca a sociedade londrina através do seu personagem, explorando o lado selvagem, explosivo e abandonado da personalidade de Jimmy, com certeza ele está falando de uma juventude que ainda hoje permanece às margens da sociedade.

O disco é um pertardo sonoro de uma qualidade excepcional, os dois discos desfilam um rock vigoroso como o The Who sempre soube fazer, som acima da média. Apesar da excelente qualidade este disco não obteve o sucesso à altura de sua música, passou meio despercebido da grande mídia e ficou sempre à sombra do mega sucesso "Tommy" apesar de ter a mesma qualidade sonora.

Outro destaque é a excelente capa, enigmática e sombria, como o personagem, os grandes discos sempre possuem grandes capas.

Ano de lançamento: 1974

Ano de aquisição: 1975


domingo, 11 de outubro de 2009

LP Gimme Shelter - The Rolling Stones



Assim como os Beatles, os Rolling Stones também foram alvos da ganância e voracidade da indústria fonográfica da época que com os critérios mais estapafúrdios lançavam no mercado o que podiam dos dois grupos de maior sucesso, aparentemente saído apenas na Rússia e Brasil, este é mais um exemplo do que a gravadora nacional fazia para poder faturar um pouco mais em cima da maior banda de rock do mundo.

Vale a pena transcrever as notas escritas por Don Wardell (seja lá quem for este cara) na contra capa do LP (transcrevo com a grafia original).

"Você tem nas mãos um LP do maior conjunto de Rock do mundo.

Por duas razões êste álbum é fabuloso. Primeiro, porque nós reunimos alguns dos sucessos que os ROLLING STONES lançaram em seu filme GIMME SHELTER. Não se trata de trilha sonora e sim de gravações originais feitas pela DECCA.

Em segundo lugar, tôdas as músicas do lado dois dêste disco nunca foram lançadas anteriormente, de nenhuma forma, no Reino Unido. Foram retiradas de um concêrto que os ROLLING STONES deram no ROYAL ALBERT HALL, incluindo UNDER MY THUMB e SATISFACTION.

Você tem nas mãos um LP do maior conjunto do mundo.

Por que você ainda não começou a tocá-lo?"


Para os incautos como eu, garoto de quinze anos, era fácil cair nesta armadilha, até porque um disco com tantos clássicos, era difícil não comprá-lo, vale pela versão em estúdio de Gimme Shelter, bem mais blues que a usual, a gravação ao vivo deixa muito a desejar, mas, ouvir os acordes iniciais da primeira faixa "Under my Thumb" com a plateia gritando, é para entrar logo no clima e delirar junto, o resto é puro rock'n'roll.

Confesso que não sei se tenho nas mãos um disco raro, pesquisei na internet sobre ele e só consegui informação em um site americano, o disco não consta da discografia oficial dos RS, na dúvida, continuarei a guardá-lo a sete chaves.
Ano de lançamento: 1972
Ano de aquisição: 1975

sábado, 10 de outubro de 2009

LP Beatlemania - The Beatles


"Doze títulos recentemente gravados, inclusive vários favoritos de grandes sucessos em shows - são apresentados nos dois lados deste disco"............
............"Espero que não deixe você sem folêgo suficiente para voltar ao lado um e começar tudo de novo com os Beatles", estas duas frases escritas no início e fim do comentário que ilustrava a contra capa deste LP, é uma demonstração de quão louco, ávido e complicado era o mercado fonográfico quando se tratava de Beatles. A gravadora nacional lançava discos sem critérios, misturando músicas, sem adotarem ordem cronológica, mudando capas de discos, com a real intenção de confundir os fãs do grupo, o que foi o meu caso, que comprei este disco pensando ser o primeiro dos Fab Four, só depois de alguns anos, aí já mais entendido, verifiquei que o LP com este título, era mais uma armação da gravadora nacional.

Este disco utiliza a capa e algumas músicas do primeiro LP oficial dos Beatles, mudando o título, mas a maioria das clássicas canções estão lá "It won't belong", "Please mister Postman", "Roll over Beethoven" (clássico do Chuck Berry), as músicas que não faziam parte do disco inicial e que foram incluídas neste LP foram, "I want to hold your hand", "She loves you" e "I saw her standing there", fica até parecendo uma coletânea e irresistível de comprar, principalmente para iniciados como eu na época.

Falar de Beatles e elogiá-los é redundância, o que se tem a fazer é tomar folêgo e ir correndo ouvir novamente o lado um do disco.

Ano de lançamento: 1964

Ano de relançamento: 1974

Ano de aquisição: 1975

Nota: Garoto muito curioso, atrás de novos sons, já ouvia falar dos Beatles, mas nunca prestava muita atenção no seu som, até que comprei este disco e não parei mais de ouvir, mas o que me tranformou em fã de carteirinha, foi uma sessão de cinema do filme "Help" que assisti no extinto cinema AIP, que ficava no décimo segundo andar de um prédio no centro daqui de Recife, o ano era 1975, o cinema era pequeno, passava bons filmes lá, chegando na sessão me deparei com uma fila no elevador, sinal do sucesso do filme, começada a sessão, eu ainda iniciado nos Beatles, verifiquei que praticamente era o único que não sabia cantar as músicas deste bobinho mas delicioso filme, o que me despertou para pesquisar sobre este maravilhoso grupo, daí em diante foi admiração pura.

LP The Six Wives of Henry VIII - Rick Wakeman


A bem sacada capa já antevia tudo, como um intruso, Rick Wakeman adentra o habitat de Henrique VIII, reúne todas as suas esposas e vai vasculhar características de suas vidas para transformá-las em música, dedicando uma canção a cada esposa.

Primeiro trabalho solo do mago dos teclados e anterior ao antológico "Journey to the centre of the Earth", onde seriam usados e desenvolvidos elementos extraídos deste disco, facilmente percebido nas belas canções. Menos elaborado que o trabalho posterior, por conseguinte mais cru, mas já usando dos acordes sinfônicos, resultando numa total integração entre o rock e o sinfônico.

Cada música é dedicada a uma das esposas e é interessante tentar decifrar qual a característica predominante usada para descrevê-las musicalmente, o que torna prazeroso ouvi-lo, os acordes sinfônicos são usados com maestria, fruto da iniciação clássica do multitecladista. Lançado quando ele ainda fazia parte do YES, contou com a presença de alguns integrantes do grupo, tornando as comparações inevitáveis, o que terminou sendo um ponto favorável para Wakeman, pois disassociou o seu trabalho ao do grupo, ajudando-o a alçar voos solos.

Um disco estritamente instrumental, que se tornou um clássico do rock progressivo, uma referência até hoje.

Ano de lançamento: 1973
Ano de aquisição: 1975

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

LP e CD Fruto Proibido - Rita Lee & Tutti Frutti


"Levava uma vida sossegada, gostava de sombra e água fresca" nunca uns versos me trouxeram tantas recordações boas como estes, primeiro por me remeter a uma época em que a responsabilidade inerente aos adultos ainda passava ao largo e que vida sossegada eu levava, segundo, por que os versos pertencem a uma das músicas mais brilhantes do rock brasuca de todos os tempos, nunca se conseguiu uma integração entre arranjo, composição, letra e musicalidade quanto nesta pepita sonora, nunca uma letra conseguiu resumir tão bem um estado emocional, perfeição, na concepção da palavra, digna de um Chico Buarque, só que era Rita desabrochando toda sua excepcional musicalidade e percepção musical, que solo de guitarra, encanta até hoje, além de tudo, a mais expressiva capa para descrever uma música, ela é a própria ovelha negra, despojada, com um olhar fulminante de quem pouco tá se lixando com alguma coisa, como ela sempre foi e é até hoje.

Como se não bastasse, se fosse a única música do disco, já seria o bastante, ainda há muita coisa boa, começa com "Dançar para não dançar" clássico até hoje entre as músicas dançantes, aquele tecladinho inicial ficou na história, como Isadora, depois vem "Agora só falta você" outro clássico instantâneo, tem coisas como "Um belo dia vou lhe telefonar, pra dizer que aquele sonho cresceu" numa afirmativa mais otimista que a proferida pelo mais contestador dos Fab Four, ela deve ter telefonado para muita gente.

"Fruto Proibido" é um blues elétrico numa época em que Blues era algo tão distante quanto conseguir uma música com apenas um toque no teclado de um computador. "Este tal de Roque Enrow" sua parceria com o hoje platinado e místico Paulo Coelho, pode ser considerada como a música que mais expressa o que é este tal de rock'n'roll, de uma maneira até certo ponto humorada, o que demonstra a verve de Rita, descrevia a aflição de uma mãe vendo sua filha se "perder" dela, é a cara do rock'n'roll.

Acompanhada de uma banda azeitadíssima a Tutti Frutti que muito contribuiu para que este disco se tornasse um clássico eterno, com músicos competentes como Lee Marcucci que compôs outra pepita "Pirataria" com uma flauta digna de Ian Anderson, uma maravilha. "Luz Del Fuego" se confundiu com o personagem de tão expressiva que é, ninguém pensa na própria personagem sem pensar na música e vice e versa, a guitarra de Carlini é tudo de bom.

Este foi um disco marcante para a história do Rock Nacional, ainda hoje, o melhor de Tia Rita, não só pelas suas belas canções, mas porque Rita depontou como uma excelente artista que se mantém até hoje, quebrou as amarras que ainda a ligavam como apenas uma integrante do ótimo MUTANTES, mostrou que ela sabia muito, que tinha um futuro brilhante, comprovado pela história.

Ano de lançamento: 1975
Ano de aquisição LP: 1975
Ano de aquisição CD: 10/03


Nota: Eu como bom roqueiro só tinha ouvidos para o que vinha de fora, o que era quase uma unanimidade entre os garotos da época. Este disco foi o responsável a me fazer perceber que existia algo de muito bom em terras brasileiras, eu simplesmente me encantei com esta mulher maravilhosa, vi que o rock poderia falar minha língua e nada mais encantador para um garoto aficcionado por música do que perceber isto. Ela estava inspiradíssima e iluminada, fez um disco para ficar na história, perdi a conta das vezes que ouvi este LP, na época eu amava os Beatles, Os Rolling Stones e a Rita Lee.

domingo, 4 de outubro de 2009

Olinda Jazz Festival 2009 - 02/10 a 04/10/09



O Olinda Jazz Festival, este ano na sua 5ª edição, mais uma vez será levado no bucólico Mercado da Ribeira (foto), incrustado no Sítio Histórico de Olinda, cidade patrimônio cultural da Humanidade, o mercado com suas lojas de artesanato recebe em seu pátio central ao ar livre os shows do festival, onde pelos seus paralelepípedos passaram frevos imortais, banhados pela iluminação natural de uma esplendorosa lua cheia, nesta ambiência e com este alto astral, assim começou a primeira noite de um festival que a cada ano recebe mais espectadores, chegando lá, já na apresentção do "Quinteto Violado" e com o mercado já apinhado de gente, consegui me estabelecer em uma das cadeiras que por milagre estava vazia e de lá pude curtir ao belo show apresentado pelo Quinteto, todo calcado no repertório instrumental de suas belas composições, como não poderia deixar de ser, eles tocaram alguns frevos que levantaram a plateia, tocar frevo em Olinda é pra ganhar o jogo fácil, mesmo que seja em compassos mais lentos, músicos talentosos para uma apresentação irretocável. Em seguida foi apresentado o resultado de uma oficina do grupo pernambucano Bongar com uma acordionista polonesa que infelizmente não consegui entender o nome, só sei que ela era muito bonita e tocava bem, eles apresentaram uma jam session fruto da oficina cultural que fizeram durante a semana, eles tiraram um bonito e expressivo som, para finalizar a noite uma atração que ficou meio deslocada no festival, o grupo "Moleque de Rua", muito sofisticado para ser "Axé music", mas muito apático para ser o "Monobloco", como não conseguia ser nem uma coisa nem outra, não encontrou muita empatia com o público.

Na segunda noite, chegando atrasado novamente, com a lua cheia a iluminar os corações dos amantes jazzísticos, estava tocando um trio formado por Oleg Fateev, Simone Sou e Carlinhos Antunes. Oleg Fateev, um acordionista nascido na Moldávia, comandava o trio, com composições próprias, explorando a música erudita e tradicional russa e lançando mão de improvisos e sonoridade folk, onde imperava a sofisticação nos arranjos e com improvisações impecáveis que destacavam a integração do trio, fizeram um show que encantou a plateia que extasiada acompanhavam os acordes com bastante atenção. A próxima atração foi a "Amsterdam Klezmer Band" que como o próprio nome diz é natural da Holanda, a primeira vista, poderia-se imaginar, pelo aspecto físico, que eles tivessem saído do filme "Os Cowboys de Leningrado invadem a América", totalmente desconhecido do público, era nítida a desconfiança no que viria. A banda mostra uma visão contemporânea da tradição musical Judaica e dos Balcãs e logo na primeira música mostrou ao que veio, empolgando a plateia com sua música vibrante, a imagem daquela banda do filme se dissipou logo, os músicos todos muito bons com destaque para o saxofonista e o clarinetista, este fez solos ótimos, do meio para o final do show, com a calorosa acolhida do público, eles se soltaram e cada vez mais empolgavam, ao final foram ovacionados, voltaram três vezes para o bis e acabaram o show com todos dançando como manda a tradicional cultura judaica, foram aprovados.

O terceiro e último dia do festival, começou com o sol do final da tarde, acariciando a pele e corações de todos, presenciar o sol raiando e a lua cheia se levantando em plenas ladeiras de Olinda e ainda ouvindo uma boa música, realmente não tem preço. Iniciou-se com o "Grupo Bongar" oriundo da "Nação Xambá" ponto de cultura Afro, localizada na periferia de Recife, com sua música percurssiva e estritamente focada nas raízes africanas, este grupo formado por seis jovens da periferia, que pela condição, poderiam ter se disvirtuado para outros caminhos, mostraram o que a cultura pode fazer para a melhoria de suas vidas, seis garotos que transpiram felicidade e alegria de estarem ali se dedicando a música como forma de viver, com sua música baseada no som dos tambores, envolveram e atiçaram o público logo no ínicio, muito mais seguros do que no show que fizeram com o Bejamim Taubkin ano passado no mesmo festival, a presença sempre alegre e dinâmica dos integrantes do grupo contagiaram a plateia que dançou ao ótimo som afro pernambucano do grupo. A próxima atração foi a nova revelação de Mali, Adama Yalomba, que com sua música bastante típica da região e dançante empolgou a plateia, como um Gilberto Gil, ele tomou conta do palco e fez uma apresentação eletrizante, dançou, cantou, tocou com um frescor que contagiou a todos, uma música que tinha tudo a ver com a ambiência de Olinda, festa e alegria na medida certa, ninguém queria deixar o negão sair do palco, energia pura. Para finalizar a noite as irmãs Franco/Camaronesas que atende pelo nome "Les Nubians", com seu estilo pra lá de eclético, elas cantaram de tudo, tem vozes bonitas, mas, por cantarem de tudo elas pouco acertaram, o ecletismo pode funcionar como referência, como estilo, poucos conseguem ser bons, a apresentação das irmãs quebrou o ritmo empolgante das outras apresentações, elas deveriam ter iniciado o dia e não fechado, neste aspecto a produção não acertou.

No balanço final, faltou o tradicional jazz no Olinda Jazz Festival, mas como disse o líder do Bongar, jazz é improviso e houve muito improviso nas apresentações. O local foi acertadíssimo, Olinda ao ar livre é sinônimo de alegria e pessoas felizes, Montreux que se cuide.