quinta-feira, 30 de julho de 2009

LP Relics - Pink Floyd


O Pink Floyd caracterizou-se por lançar discos conceituais, sempre com uma corelação entre as músicas de cada disco, criando uma unidade que parecia ser dificil de dissociá-las, portanto não se poderia imaginar um disco com músicas pinçadas de vários LPs.

"Relics" primeira coletânea do grupo, meio que quebrou este estigma mostrando que a música feita pelo PF poderia ser admirada de uma maneira em que as músicas se tornassem independentes uma das outras.


"Relics" é notável em vários aspectos, pois pela primeira vez, um LP trazia os clássicos "See Emily Play" e "Arnold Layne", que antes só tinha sido lançadas em compacto e são duas músicas que mostram todo o talento do excelente compositor que era Syd Barret, até então o mentor do grupo, mas que infelizmente deixou que a loucura tomasse conta de sua cabeça, quem perdeu foi a música.

Este LP contém canções dos primórdios do Pink Floyd, que já mostravam a capacidade musical que eles iriam atingir nos trabalhos posteriores, "Julia Dream" e "The Nile song" são outros destaques do disco.

Um disco considerado por muitos, apesar de ser uma coletânea, como um dos melhores deste extraordinário grupo.

Ano de lançamento: 1971
Ano de aquisição: 1974

Nota: Comprei este disco principalmente por causa da música "Arnold Layne" que considero uma das melhores do grupo, escutava-a na rádio Tamandaré AM, aqui em Recife e nunca encontrava nos discos do Pink Floyd, até que o vendedor que já citei aqui anteriormente da loja "A Modinha" conseguiu este LP pra mim com o representante da gravadora, foi um achado, bastante comemorado na época, hoje este LP se tornou raro principalmente pela capa, pois já foi relançado outras vezes com uma capa diferente.
Sinais das mudanças de tempo: escutar uma música do Pink Floyd na programação normal de uma rádio é coisa que hoje não se consegue mais.
Comprar um LP por causa de uma música que não se conseguia achar em lugar nenhum é impensável nos dias de hoje, basta apenas um clique no teclado do computador e alguns segundos depois a música estará a sua disposição. Sinais dos tempos modernos.

sábado, 25 de julho de 2009

LP - Gita - Raul Seixas


Clássico da Música Popular Brasileira, Raul não pertencia apenas ao rock, como muitos insistiam em rotular, ele mesmo ignorava o rock brasileiro da época que ainda engatinhava, neste disco há muito dos ritmos que influenciaram e eram admirados por ele, a música nordestina, o bolero e claro o rock.

Raul começava a despontar nacionalmente, tinha emplacado duas músicas no FIC 72, festival internacional da canção promovido pela Rede Globo de Televisão e seu compacto "Ouro de Tolo" tinha alcançado um sucesso razoável o que possibilitou a gravação deste segundo álbum solo com o nome Raul Seixas.

Raul posava de guru dos novos tempos, guitarra em punho, o dedo em riste, boina vermelha combinando com a cor da guitarra, parecia um Che Guevara da canção, ou até mais, um profeta revolucionário que trazia naquele disco a boa nova aos (in) fiéis. Carregado de misticismo, o álbum tinha um conteúdo muito doutrinário, a começar pela faixa-título, inspirada no Bhagavad-Gita e na filosofia dos Vedas. O bruxo Aleister Crowley era a grande influência, através de canções como a explícita "Sociedade Alternativa", "Medo Da Chuva", e "O Trem Das 7".
Raul foi o responsável por dar sentido as letras das músicas de rock no Brasil, antes dele, as letras do rock brasileiro eram vazias e totalmente sem sentido, as vezes até incompreensíveis, mero acompanhamento para a parte instrumental, com a ajuda do hoje multimilionário escritor Paulo Coelho (que na época, como vovó já dizia "comiam o pão que o diabo amassou"), eles provaram que seria possível sim fazer letras de rock com qualidade e compreensíveis, este é mais um de tantos legados que Raul deixou para as outras gerações.
O disco é um desfile de ótimas canções que permanecem até hoje no inconsciente coletivo do brasileiro (quem nunca gritou "toca Raul" em um show de qualquer artista, é porque nunca deve ter ido a um show), começa com "Super Heróis" ácida crônica de costumes da época, Raul mostrava novamente sua verve que já tinha sido vista na já citada "Ouro de Tolo". "Medo da chuva" uma belíssima balada pontuada por uma guitarra havaiana, mostra o lado romântico de Raul, sem nunca ser piegas, "hoje eu sei que ninguém neste mundo é feliz tendo amado uma vez" quer frase mais romântica do que esta?.
"As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor" é um delirante repente misturado com o baião e mais uma vez a verve polêmica de Raul se destaca. "Água viva" é outra balada composta com maestria e embalada por um ótimo fundo de cordas. "Sessão das dez" é um bolero de arrasar quarteirão, só o polêmico Raul, que tava pouco se lixando para qualquer coisa, poderia colocar em um disco rotulado de rock, um bolero rasga coração, expressão maior do popularesco, brega da melhor qualidade.
"Sociedade Alternativa" era seu manifesto para a criação de uma nova sociedade que pela letra seria bem mais interessante do que esta que vivemos, pena que não foi adiante, a música virou um clássico instantâneo. "O Trem das sete" talvez uma das mais belas canções da música popular brasileira, atualização apocalíptica da famosa "Trem das onze", ao mesmo tempo esperançoso para os que pegarem o trem e seguirem a "nova vida" e tenebroso para os que não seguirem a "nova vida", os versos "olhe o "Mal", vem de braços e abraços com o "Bem" num romance astral" emoldurados por um coral é simplesmente desolador.
"S.O.S" é mais um flerte de Raul com outras de suas "crenças" a Ufologia, a música mais uma vez é ótima. "Prelúdio" é um poema do Raul social, terminou sendo apropriado indevidamente pela porcalhada dos políticos brasileiros, Raul não merecia isto.
Fechando o disco, "Gita", totalmente influenciado pelos ensinamentos de Baghavad-Gita, a música é um primor, tanto na sua letra quanto na melodia, virou um clássico, talvez a que mais expresse o excelente artista que Raul foi, único, polêmico, um verdadeiro patrimônio da Música Popular Brasileira.
Este disco é fundamental para música brasileira, assim como Rita Lee, se Raul Seixas não tivesse existido, o rock brasileiro também não existiria.
Ano de lançamento: 1974
Ano de aquisição: 1974

LP - Atrás do Porto tem uma Cidade - Rita Lee & Tutti Frutti




















Após três anos da saída dos MUTANTES e de ter lançado dois discos em carreira solo, mas ainda com a ajuda dos antigos companheiros, foi só neste disco que Rita Lee conseguiu definir sua sonoridade, deixou de lado Sérgio e Arnaldo e criou uma banda azeitadíssima, a Tutti Frutti.
A sonoridade da banda é bastante diferente dos Mutantes, mostrando sim que a loira trilhava um novo rumo e bastante independente, inclusive assinando como única compositora várias das faixas. A tecladeira marca o disco, e a instrumentação usada (moderníssima na época) incluía moog, melotron e piano. As duas guitarras convivem muito bem e se aproximam mais da música stoniana do que se ouvia, por exemplo, nos Mutantes, o baterista Mamão tem um estilo um pouco mais agressivo que Dinho, o que deixa o som do TF um pouco mais pesado.
Recheado de ótimas canções, incluindo duas que permanecem como hits até hoje, "Menino Bonito" uma balada pop ao som dos teclados que foi a precursora de tantas canções que ficaram no imaginário do cancioneiro pop brasileiro e o outro hit é "Mamãe Natureza" que é talvez a maior e mais preciosa delas. O trabalho de banda é impecável, mas independente disso a música é excelente... Rockn’roll pegajoso e simples com mudanças de andamento e um solinho de guitarra irresistível, melhor impossível. Como se não bastasse, o refrão "estou no colo da mamãe natureza, ela toma conta da minha cabeça" é o estado de espírito de Rita e banda.

Em "Eclipse do Cometa" Carlini executa um slide havaiano impecável e em "Círculo Vicioso" a banda entra de cabeça no progressivo (de curta duração, graças a deus tiveram bom senso...) num andamento que passa do rock pesado ao jazz com muita naturalidade. Outras preciosidades "Yo no creo, pero..." rock dos melhores "yo no creo em bujas, pero que las ay, las ay..." era entoado por todos, "Ando Jururu" ainda abrigava resquícios da era psicodélica.
Rita Lee mostrava o verdadeiro potencial que tinha e o seu tempo nos MUTANTES começava a virar passado (que nunca deve ser esquecido), ela se transformaria numa fábrica de canções pop de qualidade que simplesmente encantou e fez todo mundo dançar e sonhar ao seu som, um nome que deve ser respeitado eternamente.
Sem Rita Lee o rock brasileiro nunca teria existido.
Ano de lançamento: 1974
Ano de aquisição: 1974
Nota: Este foi praticamente o primeiro disco de rock brasileiro que comprei, no sentido de ter a intenção de comprar um disco de rock brasileiro, já tinha ouvido falar dos MUTANTES (me lembro de uma apresentação deles num destes festivais, acho que eles defendiam a música "Balada para um louco" e foi um misto de vaias e aplausos, eles sempre estiveram a frente do seu tempo), a curiosidade pela carreira solo da Rita me fez comprar este disco, além da capa que achava interessante, fiquei deslumbrado por sua música, a qual acompanho e admiro até hoje, apesar dos altos e baixos (mais altos do que baixos). Viva Rita Lee, ela merece.

sábado, 18 de julho de 2009

LP - A Saucerful of secrets - Pink Floyd



A capa do disco já traduz o que há a ser ouvido, o Pink Floyd é o grupo mais 'viajadão" do rock mundial, psicodelia pura, é o segundo album da banda e o último com a participação do malucão do Syd Barret que junto com o Brian Jones do Stones, são considerados os dois maiores piradões do rock, é certo que com a saída deles de suas respectivas bandas, elas ficaram um pouco mais burocráticas, perderam o frescor juvenil e o ímpeto para a inovação que só os loucos tem com constância, apesar de não perderem a qualidade musical (vide "The Dark side of the moon" e "Exile on Main Street" e tantos outros).

"A Saucerful of Secrets" apresenta um teor espacial, com faixas noturnas, sombrias, como "See Saw" de Rick Wright, os 12 minutos de A Saucerful of Secrets são uma experiência alucinogena só ultrapassável por The End dos The Doors. "Jugband Blues" é a última canção de Syd Barret para o Floyd, uma simples porém brilhante balada que termina o disco com chave de ouro.

Cheio de experimentações musicais, o disco foi o prenúncio no que se transformaria a música do PF, lançado em uma época onde a psicodelia imperava, ele pode ser considerado a sua trilha sonora.

A "Saucerful of Secrets" é quase uma demonstração de como do caos sonoro pode surgir a música mais celestial e melódica, mesmo contendo uma sonoridade não muito usual.

Uma peculiaridade deste disco é que é o único da carreira do grupo em que todos os seus integrantes atuam, com o Syd já pra lá de Bagdá, David Gilmour foi chamado para tocar algumas músicas do disco e assumiu o lugar do Syd, para alguns, com competência, melhorando muito a música do Pink Floyd, há controvérsias.

Ano de lançamento: 1968
Ano de aquisição: 1974

A Festa da Menina Morta - Matheus Nachtergaele


Matheus Nachtergaele é um dos melhores atores da nova geração que já provou sua competência tanto no cinema, quanto no teatro e na televisão, ator que se supera a cada personagem e transita muito bem tanto na comédia light (O Auto da Compadecida) quanto em papéis dramáticos, pesados (Amarelo Manga, Baixio da Bestas). Nesta sua nova empreitada como diretor e roteirista ele prova que aprendeu durante seus mais de dez anos de carreira como ator. O que mais se sobressai no filme e que impressiona é a qualidade da interpretação de todos os atores e não atores, destacando Daniel Oliveira como o "Santinho" personagem principal da trama, as "Tias" também mostram uma desenvoltura no interpretar que ficamos com a impressão de se tratar de atrizes profissionais e não apenas moradores da região.
Acumulando prêmios de direção, atuação, roteiro e fotografia, "A Festa da Menina Morta" é um filme ousado e inovador em sua forma de nos contar uma historia sem medos, e com a cara do Brasil.
A premissa do roteiro, de autoria de Matheus juntamente com Hilton Lacerda, foi tirado de uma festa real, que ocorre no interior do Amazonas. Dentro dessa premissa, se criou essa ficção, no qual ele mesmo na apresentação do filme definiu, que "não era um filme para se entender, pois nada era muito óbvio. Era um filme para sentir".
O Filme peca um pouco por sua narrativa lenta, mas como um filme glauberiano só que com o freio de mão puxado, "A Festa...." mostra de maneira alegórica um Brasil que o povo urbano simplesmente desconhece, a violência contida nos gestos cotidianos são tratados com viés documental e tenta-se mostrar que a vida vazia daquelas pessoas são o principal motivo para que busquem através do misticismo um sentido para suas vidas.
Com a relação incestuosa entre o pai bebâdo e o filho o "pretenso santo", verificamos que por detrás de eventos de cunhos religiosos radicais pode-se esconder aproveitadores que pouco acreditam nas causas que defendem.
"A Festa da Menina Morta" não é um filme fácil, entenda-se, daqueles feitos para faturar, mas sua história, a bela fotografia, mesmo a narrativa lenta e principalmente a interpretação dos atores, por tudo isso, merece a ida ao cinema.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

LP Slaughter's Big Rip-off - James Brown

Trilha sonora do filme do genêro Blaxploitation, "Slaughter's - O Homem impiedoso" composta por James Brown e Fred Wesley e dirigido por Gordon Douglas, James Brown também atuava como ator do filme. Blaxploitation foi um dos mais importantes movimentos culturais feitos por e para os negros. Surgido nos anos 70, a missão era simples: dar voz aos atores, diretores, produtores e escritores negros.

Um dos pais do soul e uma das figuras lendárias do rock e da música pop, o cantor James Brown deixou mais de 800 gravações, tendo emplacado 17 delas no topo da parada, segundo o ranking da revista Billboard.
Precursor de estilos como o funk e o rap, revolucionou o gospel ajudando a criar a soul music.
Neste disco, na sua maior parte de músicas instrumentais, o pai do soul destila como sempre os ritmos que lhe deram notoriedade, mas também passeia por outros ritmos como o blues em "Big Strong", "People get up and drive your funk soul" é uma jóia que foi feita sob encomenda para este filme black, um dos destaques do arranjo é a entrada triunfal dos metais como introdução de um groove irresistível, balanço puro, a melhor música do disco.
É óbvio que quando se fala em James Brown, a associação imediata é com o soul e o funk. O músico, porém, ao longo da carreira mostrou facetas no blues, no jazz e até na música caribenha, que embala o arranjo de "Really, Really, Really", há o funk demolidor "Sexy, sexy, sexy". Outro destaque desta trilha é "How long can I keep it up" uma bela balada cantada maravilhosamente por uma cantora que infelizmente não é citada no LP.
Um disco que ficou esquecido na discografia de JB, talvez por se tratar de uma trilha sonora,mas que está a altura dos grandes clássicos deste mestre do funk. Um clássico, uma raridade.
Ano de lançamento: 1973
Ano de aquisição: 1974

terça-feira, 14 de julho de 2009

LP Pretzel Logic - Steely Dan



Terceiro disco do grupo americano de jazz fusion Steely Dan, centrado na dupla Walter Becker e Donald Fagen. O grupo ganhou popularidade nos anos 70, quando fez seis álbuns juntando elementos do jazz, rock, funk, R&B e pop. Inicialmente rock, sua canção absorveu complexas estruturas e harmonias com influências do jazz. O nome da banda se refere ao livro "Beat Naked Lunch" de William Burroughs.

Centrado na música folk, mas com pitadas de jazz, este disco em certos momentos lembra o "Crosby, Stills, Nash & Young", uma música bem ao estilo dos anos 70. O Steely Dan é uma ilha de bom gosto no mundo da música de consumo. Com um molho especial, calcado no melhor do Jazz.

"Pretzel Logic" também tem a única canção de um outro compositor, uma canção instrumental de Duke Ellington (mestre dos mestres do jazz), "East St Louis Toodle-oo" numa versão maravilhosa. "Monkey in your soul" que fecha o disco é um baladaço com toques da soul music de Wilson Picket com uma sessão de metais para não deixar ninguém parado.
O álbum também marca a primeira vez que Walter Becker faz algumas inserções de guitarras nas canções do Steely Dan.

Eles produziram uma dúzia de discos antológicos que deram a diretriz de quase tudo feito no gênero a partir dos anos 70. Para muitos fãs a banda atingiu a perfeição com este terceiro e clássico disco.

Ano de lançamento: 1974
Ano de aquisição: 1974

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Encurralado - Steven Spielberg

Como já disse, uma outra grande paixão é o cinema, hoje menos, mas já fui um grande devorador de filmes, teve épocas que cheguei a assistir três filmes por dia e isso no cinema, nada de DVD, em uma semana assisti 10 filmes do Hitchcock e em outra toda a cinematografia do Nelson Pereira dos Santos. Acredito que todo este fervor começou cedo.


O ano era 1974, existia aqui em Recife um cinema pertencente a Aeronáutica que chamavamos de cinema da Base (não tenho a menor ideia porque), frequentei demais este cinema, durante alguns anos pelo menos duas vezes na semana, ele tinha uma peculiaridade, era um cinema onde os filmes que ali passavam, não tinham censura por idade, explicando melhor, qualquer menor de idade podia assistir a filmes com censura 18 anos, naquela época nos cinemas do centro os bilheteiros eram bem rigorosos em relação a idade.


Vejam que incogruência, estavamos em plena ditadura militar, onde a censura imperava e em um cinema gerido pela Aeronáutica, qualquer fedelho desacompanhado poderia assistir a filme com censura 18 anos, dá pra entender?


Eu, com 14 anos, em pleno desabrochar da testosterona, não podia perder esta chance, assim que descobri, passei a listar e ir a todos os filmes com censura de 18 anos, com a esperança de poder ver alguma mulher nua (naquela época não tinha revista de mulher pelada e muito menos internet), filmes de sexo só muito nas escondidas e nesta idade, raramente, quando conseguia assistir algum filme com muitas cenas de mulheres peladas era um deleite, motivo de galhardia entre os amigos do colégio, dizer que vi os seios da atriz tal, era o máximo.

O cinema era um pouco longe de casa, um certo dia no meio da semana, me programei para assistir a um filme com censura 18 anos, prenúncio de mulher pelada, peguei carona com meu irmão mais velho, tudo combinado ele me deixaria lá e me apanharia no final da sessão, só que ao chegar ao cinema, a decepção, eles tinham cancelado o filme e colocado outro no lugar, meu irmão já tinha ido embora, naquela época não existia celular, não tinha como falar com ele e como estava acertado dele me apanhar, tinha que esperá-lo, não tive outra coisa a fazer se não assisitir ao filme programado.

A minha decepção aumentou quando verifiquei que se tratava de um filme com censura 10 anos, o diretor tinha um nome esquisitíssimo que nunca tinha ouvido falar. Totalmente triste, adentrei ao cinema para forçosamente assistir ao filme. A história era sobre um caminhão, que nunca víamos o motorista, perseguindo um carro em uma auto estrada, convenhamos, para quem queria assistir a um filme de mulher pelada, isto era o fim da picada, só que, o filme era tão bem narrado e filmado que fui me interessando e a cada minuto que passava o suspense e o interesse ia aumentando, com cenas de tirar o folêgo, fui cada vez mais me envolvendo com o desenrolar da história, ver aquele motorista sofrer com a incapacidade de se desvenciliar daquele caminhão e tentar entender o motivo daquela perseguição, fazia com que a tensão e a adrenalina subissem as alturas, um verdadeiro triller de suspense para se assistir com os olhos grudados na tela e o coração palpitando.

Terminado o filme, que achei ótimo, fiquei com a sensação de que substituiram a altura e até me esqueci do filme de dezoito anos, fui ler novamente o nome do diretor, era muito esquisito para poder decorar, meu irmão chegou e fui para casa.

Passado um ano, foi lançado nos cinemas, com estrondoso sucesso, o filme de um jovem diretor, com nome esquisito, apontado como uma grande promessa, que causou furor na área cinematográfica, o filme era "Tubarão", realmente excelente. Ao me interessar e ler sobre ele, percebi que o jovem diretor, com o nome esquisito de Steven Spielberg (hoje, soa bastante familiar, mas na época, não) tratava- se ser o mesmo do filme "Encurralado" que assisti um ano atrás e que tinha gostado muito.

Foi desta maneira que fui apresentado a um dos maiores gênios do cinema mundial, dentro de sua especialidade, o entretenimento, ninguém consegue suplantá-lo, sua filmografia está sempre acima da média, assistir aos seus filmes é sempre um prazer, até quando você não sabe que é dele.

domingo, 12 de julho de 2009

LP Shock Treatment - The Edgard Winter Group



Irmão menos conhecido do excelente guitarrista Johnny Winter, Edgar Winter nascido no Texas, é um músico americano que teve êxito significativo nos 1970 e 1980. Tecladista, vocalista, saxofonista e percussionista, costumava tocar quase todos os instrumentos nos seus primeiros discos que tinham um tratamento bem rock, ele também era bem-versado em jazz e blues.

Em 1972 formou o Edgar Winter Group, com Dan Hartman (responsável pela maioria das composições do grupo), Ronnie Montrose e Chuck Ruff. Foi com esta banda que ele alcançou seus maiores sucessos: primeiro com o álbum "They Only Come Out at Night", de 1973, que chegou ao 3º lugar na lista da Billboard Pop Albuns vendendo 2 milhões de cópias, trazendo seu hit nº 1, "Frankenstein", com pioneirismo no uso do sintetizador como instrumento principal, que continuou a utilizar neste álbum "Shock Treatment" que teve na música "Easy Street" seu maior sucesso.

Apesar de não tão inspirado como o irmão, Edgar é um músico competente que misturava bem o rock com o blues, pelo menos nos discos iniciais, usando muito bem o sintetizador principalmente nas músicas mais pesadas, como todo bom roqueiro que se prezava, este disco inclui duas baladas bem elaboradas, talvez prenúncio do cantor pop em que ele se transformou.

Ano de lançamento: 1974
Ano de aquisição:1974

sábado, 4 de julho de 2009

LP/CD - Diamond dogs - David Bowie


Um verdadeiro clássico do rock'n'roll, apesar da concepção pra lá de apocalíptica, o disco é resultante de um projeto abortado de uma produção cinematográfica baseada no livro "1984" de George Orwell. O assunto era a natureza apocalíptica do romance, como não foi possível a sua realização por problemas de direitos autorais com a familia do escritor, Bowie então produziu Diamond Dogs usando o material já elaborado.



Bowie ainda não tinha conseguido se desvenciliar de ZIGGY STARDUST, precisava de uma mudança radical, apesar de já conhecido mundialmente, ele fez um disco onde as letras mostravam um artista fortemente influenciado pela decadência e devastação, a capa interna do LP, mostra, em uma imagem embaçada, uma cidade devastada com ares fantasmagóricos e desoladora. Qual artista teria a coragem de aparecer na capa como metade humano e metade cachorro e acompanhado de duas horríveis prostitutas, arte de Guy Peellaert, além de iniciar o disco com uivos de cachorro e um discurso completamente desolador, para logo em seguida surgir com uma das canções mais arrebatadoras do rock "Diamond Dogs". Bowie estava em uma ótima fase, consegue toques pessoais nas músicas utilizando o que ele tem de melhor que é sua voz, está cantando como nunca. "Rebel Rebel" e "1984" viraram clássicos instantâneos, a visionária "Big brother" anteviu a diversão "bovina" que há muito tomou conta das televisões mundiais. Recheado de rocks com belos solos de guitarras, o uso sempre correto do sax, baladas soturnas e apoteóticas e um flerte com a soul music, utilizando como sample a introdução marcante da músca "Shaft" de Isaac Hayes na belissíma "Chant of the ever circling skeletal family" que fecha o disco, provavelmente deixada como gancho apontando para o que se veria posteriormente nos próximos discos "David Live" e "Young Americans" mais uma mudança radical do camaleão do rock.


O cd duplo, comemorativo do 30º aniversário de lançamento do LP é um deleite para os Bowiemaníacos, além do cd com a versão original do disco, tem um cd inteiro com takes alternativos e versões diferenciadas das músicas, com uma qualidade técnica de primeira qualidade, acompanha também um livreto com um farto e ótimo material fotográfico do Camaleão, como também informações generosas sobre a concepção do disco, indicado para quem tem e quem não tem o LP.

Este disco não perdeu sua atualidade com o passar do tempo, uma prova incontestável de que David Bowie sempre foi um artista que estava a frente do seu tempo, um eterno evolucionário que ditava regras e mostrava a todos os caminhos que deveríam ser seguidos.


Ano de lançamento: 1974
Ano de aquisição do LP: 1974
Ano de aquisição do CD: 05/2005

quinta-feira, 2 de julho de 2009

LP - Journey to the centre of the Earth - Rick Wakeman


Se transpor uma obra literária para o cinema que é uma arte visual, já é difícil, nem sempre se tem bons resultados, imaginem, transpor somente para a música, uma arte auditiva, menos fácil de digerir, é certo que existem as trilhas sonoras que servem apenas de complemento para a arte visual. Para Rick Wakeman, o mago dos teclados, o que parecia ser uma temeridade, um impedimento, se transformou em um belissímo projeto com um resultado beirando ao excepcional, é o que se escuta no seu disco "Journey....." baseado no celébre livro de Jules Verne. Rick Wakeman conseguiu de uma maneira brilhante captar toda a essência, magnitude e aventura da história contada no livro.

Com sua parafernália de teclados e os seus longos cabelos loiros, Rick Wakeman conduz a música como se realmente fosse um mago, com uma ajuda de uma banda e uma orquestra pontuados por um narrador, a música flui grandiosa nos momentos de perigo com a intervenção da orquestra e coro, lírica, apenas nos teclados, nos momentos tranquilos e balançada nos momentos de aventura realçadas pela banda, uma música que pela sua beleza e integração com a história, servirá eternamente como trilha sonora para os leitores do livro.

Já tinha lido o livro e assistido ao filme na sua primeira versão, acho que na tv, numa sessão da tarde e era um filme que tinha marcado muito por também ter captado bem o espirito do livro, ao ouvir o disco do Rick Wakeman, fiquei impressionado pela maneira como ele conseguiu ser tão fiel ao livro com sua música, ao ouvir cada nota era como se elas descrevessem as imagens tanto do livro como do filme que já faziam um certo tempo que tinha lido e visto e ficou fácil acompanhar e imaginar a história. Sua música foi tão marcante em relação ao livro que até na versão de 2008 do filme, a trilha sonora é toda "chupada" do Rick e evidente que de uma qualidade inferior, ao assistir ao filme, fica-se a imaginar como cairia bem se aproveitassem como trilha sonora a versão deste disco.

Rick Wakeman já vinha de uma bem sucedida carreira junto ao grupo inglês YES, com o sucesso deste álbum ele foi elevado ao topo do chamado rock progressivo e virou o campeão de vendas deste estilo musical e um clássico instantâneo, diferentemente da maioria dos discos de rock progressivo, ele permanece grandioso, atual e belo.

Ano de lançamento: 1974

Ano de aquisição: 1974