domingo, 8 de novembro de 2009

LP A Arte de Caetano Veloso


Gerald Thomas certa vez, disse que na área cultural, só existiam dois gênios na concepção da palavra, um era o dramaturgo e escritor Irlandês, criador do teatro do absurdo, Samuel Beckett, o outro era o nosso compositor, escritor, cantor Caetano Veloso. Exageros a parte, a verdade é que analisando o conjunto de sua obra, podemos afirmar que Caetano está sim, num patamar superior em relação a grande maioria dos artistas nacionais e internacionais, evidente que não está na companhia de um só, mas está acima de muita gente.

Esta coletânea inicialmente lançada em 1975, se mantêm até hoje em relançamentos atualizados, provando que deu certo desde o início. Como já falei aqui em outros posts, naquela época era muito difícil encontrar os discos de carreira dos artistas, mesmo os consagrados, raramente se mantinham em catálogo, tínhamos que se contentar com as coletâneas.

Com um repertório muito bem escolhido, que abrangia desde o início da carreira, todas as mais importantes músicas estão presentes. Caetano já surgiu no mercado fonográfico de maneira diferenciada, composições inspiradíssimas, este baiano de Santo Amaro da Purificação tornava sua letras cheias de referências, citações e metáforas, num verdadeiro jogo de entendimento, a cada composição lançada, abria-se discussões salutares sobre ela, em "Alegria, Alegria" por diversos anos não consegui entender os versos "O sol nas bancas de revista, me enchem de alegria e preguiça quem lê tanta notícia, eu vou..." principalmente porque na mesma música ele fazia outras citações ao astro-rei, só que nessa, ele se referia a um jornal/revista "O SOL" que fez muito sucesso na época entre a turma descolada do Rio e São Paulo, que terminou sendo fechado pela ditadura, coisa realmente de gênio, para entender Caetano é ncessário estar antenado. Associado a isto a vocação para polemizar e nisto ele é mestre.

"Tropicália", "Super Bacana", "Soy Loco por ti América" e "Alegria, Alegria" refletem a excelente fase inicial de Caetano, um compositor que instigava, além da busca por novos sons. Outro destaque é a faixa denominada "Ambiente de festival" onde Caetano profere um irado discurso, no festival da Record, contra o público que vaiava quando ele apresentava a música "Proibido proibir", sobrou até para os jurados, a raiva era explícita, mesmo em época de contestação é impressionante como um artista jovem enfrenta um público desta maneira, poucos teriam a coragem que Caetano teve.

Está presente "London, London" música em inglês que muitos anos depois viria a ser um mega sucesso com o RPM, há também esquisitices como "Júlia/Moreno", mas como dizem, gênio pode tudo. Para mim este disco serviu como uma descoberta da obra de Caetano, que considero um gênio, não com a dimensão do Gerald.

Ano de lançamento: 1975
Ano de aquisição: 1975

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