sexta-feira, 24 de abril de 2009

LP Evebody likes some kind of music - Billy Preston


Billy Preston alternava com Nick Hopkins os teclados dos Rolling Stones, músico de grande qualidade, nunca despontou na carreira solo, apesar de ter feito discos acima da média, muito querido no meio musical, sempre era chamado pelos Rolling Stones para gravar seus discos, sua participação no excelente "BLACK AND BLUE" foi primordial, também gravou com os BEATLES enquanto conjunto e com seus integrantes em carreira solo, além de um monte de outros artistas de renome como Bob Dylan, Eric Clapton, etc.

Este disco não obteve muito sucesso comercial na época, apesar de muito bem aceito pela crítica, dominava como poucos a Soul Music, apesar de não ser um de seus expoentes. Um disco bem eclético como já sugestiona sua capa, balanço total como se vê na melhor música do disco a meio soul, meio gospel "My soul is a Witness" e ele usava os teclados como poucos.

Ano de lançamento: 1973

Ano de aquisição: 1974

Nota: Não me lembro muito bem porque comprei este disco, afinal o garoto só tinha ouvidos para o rock, não sei se por insistência do vendedor ou por que li algo sobre ele, só sei que ele ficou encostado muito tempo e hoje vejo, que ainda bem que comprei, primeiro por se tratar de um belo LP o qual redescobri muito tempo depois de comprado e segundo, porque os discos do Billy Preston são sempre dificeis de encontrar, portanto, sem querer comprei o que se tornaria uma raridade.

terça-feira, 21 de abril de 2009

LP e CD Brain Salad Sugery - Emerson Lake and Palmer











O Emerson, Lake and Palmer, era a prova incontestável de que a junção de três grandes músicos poderiam produzir uma excelente música, o ELP foi um dos precursores e grande nome do rock progressivo que se caracterizava pela música mais instrumental. Keith Emerson que arrasava nos teclados, chegando a ser uma espécie de cobaia para Robert Moog, o inventor do sintetizador Moog, muito usado nos anos 70, Keith sempre colocou sua experiência profissional a serviço de Moog para desenvolvimento do sintetizador. Greg Lake, guitarrista, baixista e vocalista, era considerado uma das vozes mais límpidas e bonitas do Rock que funcionava muito bem nas composições futuristas do grupo, assim como nas belas baladas lançadas. Carl Palmer foi considerado o mais perfeito baterista surgido na era do Rock'n'roll de todos os tempos. Com tantas qualidades juntas só poderia sair boa música.

Brain Salad Sugery, foi o quarto LP de estúdio a ser lançado pelo ELP, considerado por todos como o melhor disco do grupo e um marco para o Rock progressivo, um estilo que após alguns anos morreu de inanição, mas marcou época e este é um disco que ainda hoje soa muito bem, não ficou datado, como muitos outros do estilo, ele começa com "Jerusalém" com um apoteótico teclado, que pegava o ouvinte de surpresa, principalmente porque contrastava com a excelente capa do disco que mostrava uma espécie de sarcófago misturada a uma imagem de um possível Faraó, bela capa (a foto mostra a capa e contra capa), esta música tinha uma certa auréa futurista, apesar de falar sobre uma lenda onde Cristo teria visitado a Inglaterra, a simbiose entre os três músicos é perfeita com a voz de Lake (e que voz) dando o clima apoteótico. "Toccata" que é uma adaptação do último movimento do primeiro concerto para piano de Alberto Ginastera, Emerson imprime nos teclados uma versão totalmente futurista e que inclui um tema de percussão composto por Palmer, dizem que Ginastera aprovou tudo. A próxima música "Still... you turn me on" uma belíssima balada de Greg Lake, onde sua voz mais uma vez se sobrepõe, interagindo perfeitamente com a música. É deste disco a famosa "Karn Evil 9" uma música de 30 minutos (uma das marcas do rock progressivo) dividida em três partes, a segunda totalmente instrumental, que no LP, por falta de espaço teve que ser iniciada no lado A e terminada em todo o lado B (já no CD não há este problema, maravilhas da tecnologia), mostrava toda a competência dos três músicos com variações temáticas sempre focadas num determinado instrumento, são trinta minutos de bela música, sempre com intervenções inventivas, um prazer aos ouvidos.

Além do conteúdo musical de qualidade única, o álbum contava com uma capa também ousada, se abrindo em 4 partes (versão americana), numa ilustração que trazia algo parecido como um sarcófago com toques futuristas criado pelo artista plástico H.R. Giger.
Um disco para ficar na história do Rock mundial, quem ainda não ouviu, está perdendo uma grande música.

Na versão em CD deste disco, além da qualidade sonora mais límpida (remasterizado), tem-se a inclusão de mais três músicas, sobras de estúdio da época, esta talvez seja a grande vantagem do cd, afinal a tecnologia tinha que servir para alguma coisa, só que a bela capa se perde, em grandeza, no formato diminuto, uma pena.

Ano de lançamento: 1974
Ano de aquisição (LP): 1974
Ano de aquisição (CD): 2007


Nota: Este foi o primeiro disco de Rock progressivo que comprei, já tinha lido sobre o ELP e estava curioso em saber sobre esta derivação do Rock, quando soube do lançamento deste disco, os anteriores deles, na época, já não estavam mais a venda em Recife, portanto, foi uma bela surpresa ouvir este disco quando do seu lançamento aqui, somando-se a bela música, tinha a excelente capa, sempre tive um fascínio sobre as capas dos LPs, principalmente quando elas tinham um tratamento artístico diferenciado, diferentemento do CD, as capas dos LPs encantavam. Uma nova descoberta musical, como vocês veem, tantas descobertas num período curto, era muita coisa para um garoto de 14 anos, e aí, já não tinha mais volta.

Uma curiosidade: É deste disco, da música "Karn Evil 9" o tema que serviu para dar a soronidade de um trabalho de grupo na feira de ciências do Colégio Santa Maria, o ano, se não me falha a memória, era 1975, era um trabalho de Biologia sobre os genes e o nascimento, acho que era algo assim, apresentamos uma engrenagem que com luzes simbolizava o nascimento de uma pessoa, esta engrenagem saiu da cabeça do super Marcus Vinicius que bolou um aparelho enorme com tantos fios, válvulas e luzes que fez o maior sucesso na feira, tiramos o 1º lugar, a minha contribuição, além de passar o calhamaço de fios por dentro de um conduite sanfonado, era tanto fio que precisamos da ajuda de um carro para puxar os fios, foi a trilha sonora para poder chamar a atenção do aparelho, as luzes pura e simplesmente não fariam o mesmo efeito, era preciso um efeito sonoro e escolhi o final desta música que casou perfeitamente com a apresentação do trabalho, virou a sensação, todos queriam assistir o trabalho com aquele tratamento sonoro diferenciado que chamava muita atenção, isto devemos a Keith Emerson.

Após o término da feira de ciências, não sabíamos o que fazer com aquele trambolho e resolvemos presentear a professora de Biologia Juraci, uma senhora (na nossa idade, qualquer pessoa mais velha, já era uma senhora) inicialmente irascível que demonstrou-se ser ao longo dos anos, uma pessoa maravilhosa, chegamos a casa dela em Olinda (antiga sede do grêmio carnavalesco "Pitombeira dos quatro cantos") com o já citado trambolho para presenteá-la, lembro da cara de espanto e a aflição dela quando lá chegamos, e nós do grupo (eu, Marcus, Arnaldo, Walter e Mauro Maibrada) certos de que estavamos abafando com aquele presente, não sei o que ela fez com "aquilo", talvez tenha servido para substituir toda a fiação da antiga casa, as luzes coloridas encontrei ornamentando os carnavais futuros, por diversos anos, passei por lá para cumprimentá-la, nos carnavais e fora dele, e ela sempre tão alegre me recebia, nunca tive coragem de perguntar que fim levou aquele aparelho, nem ela nunca me disse nada, uma cumplicidade silenciosa, talvez a intenção de homenageá-la estivesse acima de tudo e com certeza ela entendeu, faz tempo que não vejo Juraci, saudades, espero que esteja bem.

domingo, 19 de abril de 2009

Show - Abril pro Rock (18/04/09)




Como faço todos os anos, este já é o décimo seguido, escolho um dos dias do festival Abril pro Rock, para ir conferir as novidades lá apresentadas, como sempre, as expectativas de bons shows sempre são confirmadas e este ano não foi diferente, o dia escolhido foi o sábado que tinha no cantor Marcelo Camelo sua atração principal, o outro dia foi o Motohead, mas aí é muito peso e prefiro a programação um pouquinho mais light, mais diversificada.

Cheguei no Chevrolet Hall, local do festival, que desde o ano passado mudou-se para lá, uma mudança acertadíssima pela produção do festival, antes era no Centro de Convenções de Pernambuco, um local inapropriado para shows, com uma acústica terrível e bastante desconfortável, era preciso muito amor ao Rock para assistir show ali, no Chevrolet Hall a acustíca melhorou um pouco, é necessário aperfeiçoar-se mais, mas pelo menos agora conseguimos entender o que os cantores estão cantando, no Centro de Convenções tinha show que você escutava apenas uma massa sonora sem conseguir distinguir nem o que os cantores cantavam nem os instrumentos.

Como ia falando, cheguei no CH, por volta das 19:30h e pelo visto o festival começou neste dia com pontualidade, pois perdi os dois primeiros shows, o THE KEITH (PE) e JOHNNY HOOKER & CANDEIAS ROCK CITY (PE), uma pena, estava curioso para conhecer a sonoridade destes dois grupos daqui de Recife, já ouvi falar neles, principalmente o Johnny Hooker, gostaria de ter assistido, fica para uma próxima, cheguei com o show do VIVENDO DO ÓCIO (BA) já começado, pelo que vi, não perdi muita coisa, duas guitarras, um baixo e bateria, apenas isso, pois é meus reis talvez vocês tenham que deixar um pouco o ócio de lado e comecem a estudar ou praticar mais, sem novidades, não empolgaram a pequena platéia presente (tomei um susto quando cheguei, parecia que seria um fiasco de público), terminado o show uma pequena pausa para a próxima atração, diferentemente do ano passado, quando não se conseguia nem respirar e já começava o outro show, eram três palcos em locais diferentes, era agilidade demais, este ano pareceu que seria diferente, pois a próxima atração usou o mesmo palco da anterior, era apenas um ledo engano.

RETROFOGUETES, também da Bahia, entrou no palco com uma vitalidade grande, guitarra, baixo e bateria, totalmente instrumental, o figurino a lá anos setenta, macacões laranjas, tipo trabalhador americano, o baixista parecia ter saído direto de Woodstock para o Abril pro Rock, também nenhuma novidade, rock instrumental de verdade foi apresentado ano passado pelo trio PATA DE ELEFANTE, uns gaúchos bons da gota serena tchê. A apresentação do Retrofoguetes prova que três bons instrumentistas somente não resolve o problema, empolgou apenas um pequeno grupo da ainda pequena platéia.

A próxima atração já foi anunciada no mesmo vapt-vupt do ano passado, a eficiência voltou ao normal e agora mais eficientepois eram dois palcos um ao lado do outro, talvez fosse interessante uma pequena pausa de uns dez minutos entre uma atração e outra, para dar uma folga aos ouvidos.

Com HEAVY TRASH (EUA) o nível melhorou e muito, este grupo é um projeto paralelo do Jon Spencer, que já se apresentou no APR há uns cinco anos atrás, com o Jon Spencer Explosion Group, uma apresentação verdadeiramente explosiva, com o HT ele veio um pouco mais calmo, mais acústico com um visual totalmente anos 50 e inspirado no grande Buddy Holly e Elvis Presley do início, as músicas com arranjos sempre lembrando as músicas feitas na decada do começo do Rock e todas sempre de qualidade, a sonoridade olhando para o passado, mas com a visão no presente, um dos destaques foi o baterista que de vez em quando precisava tirar do bolso um pentezinho de dente de elefante para conseguir acertar o que o gel dos cabelos não conseguia segurar, ele tinha no olhar a apatia de um Charles Watts e tocava tanto quanto ele, é.............., vamos dizer quase tanto quanto ele, afinal o cara é um Stone há quarenta anos e sustenta tudo lá atrás do Rolling Stones, uma lenda viva da bateria, é preciso muito para ser comparado a ele. O HT fez um show competentíssimo e empolgante, ganhou fácil a já mais numerosa platéia, música de qualidade é outra coisa.

Coube ao grupo pernambucano VOLVER a difícil tarefa de se apresentar após o HT, e quando digo logo após é poucos minutos depois, acho que menos de cinco, não seria fácil, só que a Volver já tem um público cativo que estava lá empolgados para assisti-los e os caras são realmente competentes, já tinha ouvido falar muito deles, nunca tinha assistido, e para superar música de qualidade só com música de qualidade e foi o que aconteceu, o nível continuou muito bom, com um rock muito bem tocado e algumas baladas acima da média, o Volver conquistou a platéia logo logo, tocaram uma versão de Canteiros (Fagner - Cecília Meireles) empolgante que segundo o vocalista exprime a sensação da mudança deles para São Paulo, com a música que fazem tem tudo para conquistar o resto do País, não sei porque até agora não estouraram, qualidade tem para tal.

A próxima atração veio do Mato Grosso a VANGUART que é uma das apostas do indústria fonográfica, com um cantor com ares de Bob Dylan, quando jovem, fazem uma música mais para o folk, com baladas bem balançadas, sempre com qualidade, a sua versão acelerada de "O Mar" de Dorival Caymmi, apesar de desconhecida pela maioria do público jovem, foi bem recebida e realmente ficou muito boa (Dorival com sua famosa preguiça, talvez tivesse estranhado, Dori, Danilo e Naná não), Fred 04 fez uma participação especial cantando junto com eles "LEONOR" do próprio, mostrando o respeito deles com este grande talento da música pernambucana, o show agradou ao público que já estava em bom número. Enquanto eles se apresentavam fui dar uma volta e comprar uma cerveja, afinal, como um show engata no outro , não se tem tempo para uma cerveja, só no meio do show mesmo, aliás, cerveja Nobel, só ela, ninguém merece, era a patrocinadora, o que o dinheiro não faz. Olhando a banca de cds, fui comprar o do grupo Volver por dez paus, valia a pena e vendo os outros cds, uma jovem até bonitinha, indicou a de um grupo novo daqui de Recife que nunca tinha ouvido falar, "Semente de Vulcão" ela foi tão simpática e insistiu tanto que terminou me convencendo, até porque o cd custava apenas R$ 5,00 e ela ficou toda contente e ainda foi chamar o vocalista do grupo para conhecê-lo, um meninote, espero que o gasto tenha valido a pena, depois escuto e comento.

O próximo grupo a entrar no palco foi o MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJU (DF) (foto) e entraram numa eletricidade de fazer inveja, isto já era umas 23:30h e ver aquela meninada correndo de um lado para o outro do palco, era de cansar qualquer um, acho que um dos requisitos para se tocar neste grupo é ser elétrico, como acho também que antes deles entrarem em cena eles devem receber no camarim uma descarga elétrica nas veias de uns 220V, 380V, sei lá acho que de uns 690V, é muita vitalidade, só que apesar do adiantado da hora a grande maioria do público, que estava longe dos 50, por isso acompanharam com a mesma empolgação dos músicos, parecia até que o dia do festival estava começando ali, a música é bastante animada, são nove integrantes ao todo, música para dançar, o vocalista nem canta tanto, mas é tão elétrico que empolga. Assisti a eles no ano passado no Rec-Beat a empolgação foi a mesma.

Depois veio o melhor show da noite, a MUNDO LIVRE S/A comemorando vinte e cinco anos de estrada, é inacreditável que um grupo tão bom e tão importante da música brasileira, responsável pela nascimento de um dos mais fortes movimentos acontecidos musicalmente no Brasil, não seja reconhecida como tal no resto do País, eles só agora depois de mais de cinco anos é que estão gravando um cd de inéditas, não dá para entender, a música da MLSA é de altíssima qualidade, as letras de Fred 04, sempre engajadas socialmente e nunca planfetárias, só encontram paralelo nas letras de um outro grande letrista Renato Russo, o show como sempre competentíssimo, apesar da platéia sempre tão solicita ao MLSA não se empolgar tanto, afinal já passava da uma da manhã do domingo para até quem tem bem menos do que 50, principalmente depois de um show do Móveis...., mas valeu a espera, um destaque foi a presença do maestro Forró numa participação especial, ele foi apresentado por Fred 04 como o músico mais rock'n'roll que conhecia, o maestro mostrou que sabe tudo de trompete, não só forró e frevo, embelezando ainda mais as duas músicas que tocou, no restante a MLSA arrazaram, um show e tanto.

A última atração da noite era a mais esperada, MARCELO CAMELO (RJ) e entrou no palco já passava das 1:30h do domingo, entrou numa sonolência só, este era o primeiro show que assisti dele na carreira solo, por isso não sei se esta malemolência é típica dele ou se antes ele contou alguma estória de ninar para sua namorada Malu Magalhães e por isso ficou meio molinho, apesar de competente, o show só empolgou aos fãs de carteirinha (que eram muitos) que cantavam todas as músicas, como se eles próprios tivessem escritos, com uma banda de feras e azeitadíssima, o show estava mais para se assistir sentado num teatro e não para se assistir em pé e como última atração de uma maratona de mais de sete horas de música, o de Lobão no ano passado nas mesmas condições foi mais empolgante. O Marcelo ainda tocou dois bis, quase dormindo, acho que ele queria mesmo era estar do lado da Malu Magalhães.

No saldo final, valeu a pena mais um ano do Abril pro Rock, a fórmula está certíssima e como sempre os produtores escolhem muito bem as atrações, falta apenas melhorar a infraestrutura no que se refere a bebida e comida, as pouquíssimas opções deixaram muito a desejar, um único fabricante de cerveja, é dose e nenhuma caipirinha é mais dose ainda, melhorar mais ainda a acústica, pois o resto foi tudo beleza.

VIDA LONGA PARA O ABRIL PRO ROCK.

sábado, 18 de abril de 2009

LP - Muscle of love - Alice Cooper




Depois do mega sucesso de "Billion dollar babies" e com a chegada definitiva do estrelato, as desavenças no grupo começaram a aparecer, Alice Cooper queria continuar a dar prioridade ao espetáculo, a teatralidade em detrimento da música, enquanto o resto do grupo queria ir em direção contrária privilegiando mais o rock do que o espetáculo. Apesar das desavenças o resto do grupo venceu a queda de braço e o disco foi gravado de uma maneira mais rock, sendo os arranjos quase todos feitos pelos integrantes do grupo, sem muito pitaco do Alice, a banda de apoio de Alice, estava em atrito ferrenho com o líder, a moçada naquela altura, sedenta de Rock e experimentações musicais, estava cansada do lance "teatral" e se ligando mais na música mesmo, este foi o último disco gravado com a formação original do Alice Cooper.
Apesar de tudo, ou por tudo isso, o disco tem uma pegada muito forte, talvez o grupo tivesse razão, tanto é que após este disco o Alice nunca mais foi o mesmo, virou um pastiche de si próprio.

O disco começa com um rock básico, mas bastante agradável, mantendo o clima pesado dos discos anteriores só que bem mais elaborado, em "Hard Hearted Alice" nota-se resquícios da época áurea da psicodelia, teclados azeitados, vocais pop a la Beatles, percussão forte e um clima viajante - perfeito, inovação pura na sonoridade da banda!, "Crazy Little Child" fechava o primeiro lado, com um piano que lembrava os cabarés de antigamente, alusão a magistral capa?.
A faixa título aparece e traz mais uma daquelas geniais linhas de baixo do exemplar Dennis Dunaway e a guitarra pontuando tudo. Outra pérola do repertório de Alice é "Teenage Lament' 74", mais um manifesto da rebeldia infanto-juvenil revisitada por Cooper, a música foi o maior hit de "Muscle Of Love", saiu em compacto e vendeu horrores mundo afora, Liza Minelli (sim a própria) e as Pointer Sisters davam uma forcinha nos backing vocals.

O cantor ainda declarou: "Esse álbum trazia uma série de pequenas e estranhas músicas! Eu nunca o entendi muito bem, apesar de ser um divisor de águas na minha carreira!"
Diz a lenda que Liza Minelli que na época entornava todas e cheirava tudo, chegou ao estúdio para gravar seus vocais e antes mesmo de cumprimentar Cooper foi direto perguntando pela Cerveja. Alice e o grupo eram famosos pela quantidade de bebidas que tomavam tanto nas gravações quanto nos shows, eram litros e mais litros, principalmente de cerveja.

"Muscle of love" musicalmente falando era um primor, um grande disco, sua capa e contra capa perfeitas (que estão demonstradas nas figuras acima) , demonstravam com perfeição o espírito do disco, pena que após este disco Tia Alice não conseguiu manter o mesmo pique.

Ano de lançamento: 1974
Ano de aquisição: 1974


Nota: A admiração por Alice Cooper ainda era grande, apesar da busca de novos sons e da descoberta de David Bowie, continuava sempre na leitura de tudo que aparecia pela frente, depois deste disco, Alice nunca mais foi o mesmo e talvez por isto e também por conta do aprimoramento musical, não mais segui comprando os discos dele, como verão, outros grupos e cantores apareceram, hoje, não considero estes os meus melhores discos, mas nunca deixei de ter um carinho especial por todos eles, afinal eles foram o começo de tudo.
Novamente, obrigado Tia Alice.

sábado, 11 de abril de 2009

LP Secos e Molhados - Secos e Molhados


Eles chegaram arrasando, causando polêmica por sua atitude ousada e performática, quebrando regras, subvertendo ordens e isso em plena ditadura militar, qual grupo teria coragem de lançar um primeiro disco com uma capa tão inusitada quanto provocativa, cabeças em bandejas servidas numa mesa para serem devoradas, um visual devastador, com muita maquiagem e roupas exóticas, associado a tudo isso uma música diferenciada da feita à época, Rock?; Jazz?; MPB? difícil de rotular a música dos Secos & Molhados tinha de tudo um pouco. Este disco foi um estrondoso sucesso, mais de um milhão de cópias vendidas, baseado em composições elaboradíssimas de um dos líderes da banda o João Ricardo que tiveram na voz em falsete de Ney Matogrosso sua mais perfeita tradução.

O disco começa com "Sangue Latino" do João Ricardo e Paulinho Mendonça, meio blue, meio folk e um violão arrasador com uma letra que mostrava a que veio o João, a segunda música "O Vira" novamente de João Ricardo desta vez em parceria com Luli, foi o grande sucesso dos S&M, quem não se lembra da apresentação performática de Ney com seus trejeitos avassaladores, um arraso, a música alegre e balançada ajudava e muito, toques da música portuguesa davam o diferencial. O sino a la Pink Floyd de "O Patrão nosso de cada dia" de João Ricardo que junto com a flauta compassava e acalmava os ânimos para logo depois voltar ao ritmo balançado. "Assim assado" abria com um toque de merengue para em seguida dar vez a uma guitarra distorcida pontuada por uma flauta, referência ao Guarda Belo, seria uma homenagem aos desenhos animados?, a música termina com a flauta e o toque de merengue. Outra grande música e grande sucesso até hoje foi "Rosa de Hiroshima" composição de Gerson Conrad sobre letra de Vinicius de Moraes (maravilhoso), a interpretação de Ney acompanhado de violão e flauta é emocionante, enfim, um disco para entrar na história da música popular brasileira, infelizmente ou felizmente os S&M com esta formação só duraram mais um disco que já não fez tanto sucesso quanto este, desavenças entre os integrantes do grupo determinaram seu fim, um dos pilares era Ney Matogrosso, não obstante o João Ricardo ser um compositor competentíssimo. Os S&M deixaram dois legados, o primeiro foi o retorno do rock nacional de qualidade ao megasucesso, o segundo foi o extraordinário e talentoso artista NEY MATOGROSSO.


Ano de lançamento: 1973

Ano de aquisição: 1973



Nota: Quem acompanha este blog sabe que comecei ouvindo e admirando Alice Cooper, só que para um garoto de classe média morador de uma cidade como Recife, isto há mais de trinta anos atrás, Alice Cooper era um artista muito distante, inatingível em quase todos os sentidos, eis que surge aqui no Brasil um grupo que se não tinha a mesma proposta musical, tinha uma estética visual parecida com Alice Cooper e eram tão performáticos quanto ele, portanto, muito mais palpáveis, mais próximos, mais fáceis de serem alcançados, tanto é que me lembro muito bem e é uma lembrança muito forte, quando fui aos treze anos assistir junto com meu pai, ao show dos S&M no Geraldão, ginásio de esportes daqui de Recife, foi a primeira vez que tive contato com uma multidão inimaginável, não sai da lembrança o esforço que fiz para não ser pisoteado e esmagado ao adentrar o setor de cadeiras do ginásio, a multidão estava enlouquecida, parecia que aquele seria o último show da terra. Me lembro bem da galera extasiada quando Ney e companhia entraram no palco, parecia até que o Brasil tinha ganho uma copa do mundo, só vi algo parecido muito tempo depois num show do Legião Urbana no Jockey Club do Rio de Janeiro, uma catarse total. Naquele show os S&M mostraram a que vieram e pude perceber que Ney Matogrosso era um artista e tanto, ganhou a platéia logo no início, aliás, como ele sempre fez e vem fazendo no decorrer da sua carreira.

Outra curiosidade, comprei este disco na minha cidade natal, Campina Grande/PB, o que creio eu, desmistifica um pouco o mito que sertanejo é preconceituoso e conservador, ou então, mostra que o sucesso deles foi realmente grande.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

LPs Alladdin Sane / Pinups - David Bowie



Com Aladdin Sane, David Bowie mostra ao mundo o grande artista que figuraria entre os melhores das próximas decadas, depois de um álbum simplesmente primoroso o "Ziggy Stardust", ele aparece com um disco cheio de nuances, troca o tecladista Rick Wakeman (sim, ele próprio) por Mike Garson que pontua quase todo o disco com toques magistrais, Bowie conta neste disco com o guitarrista excepcional Mick Ronson, responsável pela excelência de quase todas as músicas. O álbum abre com "Watch That Man", que é Bowie claramente bebendo das águas dos Rolling Stones, um rock and roll simples, selvagem, rápido. A próxima faixa é uma obra prima, o título da canção, "Aladdin Sane" é na verdade um trocadilho com a frase "A lad insane", um rapaz insano, ao lado do nome, existe três datas em parênteses, 1913 - 1938 - 197?, os primeiros dois anos tem em comum serem anos vésperas do inicio da Primeira e Segunda Guerra Mundial, respectivamente. É apenas natural supor que a terceira lacuna, especula sem determinar a véspera da Terceira Guerra Mundial ( ainda bem que ele não acertou), o piano de Mike Gorson é simplesmente espetacular. Em Panic in Detroit ele cita Che Guevara. Outro destaque do disco é a versão de "Let´s Spend The Night Toghether" de Mick Jagger e Keith Richards, se na versão dos Rolling Stones a música era mais compassada e com conotações totalmente heterosexuais, Bowie faz uma versão mais elétrica e como um bom polemista, tenta impor uma visão homosexual a música, Mick Ronson arrasa na guitarra. "The Jean Genie" é totalmente Mick Ronson com riffs de guitarra hipnóticos e a voz de David emulando tudo, e que voz, cristalina, uma das maiores vozes do Rock mundial.

Com o estrondoso sucesso dos discos anteriores "Ziggy Stardust" e "Aladdin Sane", David Bowie já tinha virado um superstar reconhecido mundialmente, não parava de fazer shows pelo mundo e estava em turnê ininterrupta desde o lançamento do "Ziggy Stardust" com sua banda os "Spiders from Mars" e como bom camaleão do Rock, ele precisava de mudanças e resolveu fazer um disco só de covers como o "Pinups".

Na contra-capa, Bowie conta que as canções haviam sido escolhidas entre as bandas que ele mais amava e via os shows, em Londres, entre 1964 e 1967, são covers de bandas expoentes do rock, como The Who, Pink Floyd, Yardbirds e The Kinks. Bowie usa muito o sax que o acompanhou por diversos outros discos. É um disco vigoroso, mas não tão fascinante nem inspirado como os anteriores, hoje é considerado um disco "menor" pela maioria dos críticos, mas até um disco "menor" de Bowie fica acima da média, a voz continua ótima como sempre.

Uma curiosidade, na capa, Bowie posava com a modelo Twiggy que fez muito sucesso nas passarelas da época.


Ano de lançamento: 1973 / 1974
Ano de aquisição: 1974



Nota: A descoberta de David Bowie foi um grande salto qualitativo no aprimoramento musical de meus ouvidos, com ele descobri a dimensão que o Rock poderia ter, os ouvidos acostumados apenas com Alice Cooper, perceberam que a música poderia ser mais ampla, depois de ler sobre Bowie, me lembro quando na loja de disco ouvi o álbum Aladdin Sane, fiquei simplesmente vidrado, definitivamente Bowie tinha tomado o lugar de Tia Alice e se perpetuou por toda minha vida como um dos preferidos na música, aqueles que tiverem a paciência de acompanhar este Blog, verão que muito de Bowie será comentado, quase toda sua discografia, desde os primórdios até os dias atuais, Bowie mostrou que a música era superlativa. VIVA BOWIE.

Vou comentar dois discos por postagem quando eles forem próximos, nem sempre será assim e infelizmente não comentarei todos os meus discos, serão os principais (que já são muitos), fiz umas contas que se comentasse um disco por dia (o que não tenho tempo) acabaria em 2025 esta leva, isso sem contar os que seriam adquiridos até lá, vamos ver até onde isso vai.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

LPs School's Out / Billion Dollar Babies - Alice Cooper




Estes dois albuns vieram na sequência de Killer, Alice Cooper estava com o nome se consolidando quando lançou School's Out que teve uma boa receptividade pelos contestadores de plantão da época, a música que dá titulo ao disco virou bordão dos estudantes universitários contrários a tudo. Musicalmente sente-se uma evolução com a inclusão do órgão hammond, efeitos sonoros a la Pink Floyd e coros, o rock continua vigoroso como antes, mas abre-se a outros ritmos como o blues, a música "Grand Finale" é um blues que causaria inveja a Eric Clapton, com direito a naipes de metais e tudo.


Com Billion Dollar Babies, Alice Cooper atinge o topo das paradas, reconhecido mundialmente e merecidamente, a música bem mais elaborada que os discos anteriores, mostra que a evolução continua aliando-se a criatividade, o vigor de antes diminue um pouco, a bateria continua impecável segurando tudo lá atrás e ditando o ritmo, o órgão cede espaço para o piano sem se esquecer das guitarras e sente-se que a voz de Alice está menos gultural o que se amolda perfeitamente com o som um pouquinho mais light, é deste disco "Elected" que junto a "School's out" se tornariam as músicas de maior sucesso da carreira de Alice. Este disco pode ser considerado a obra prima de Alice e com certeza pode figurar entre os grandes discos de rock de todos os tempos.

Vinha encartado no LP, uma nota enorme de "One Billion Dollar" que trazia no lugar da foto do presidente dos EUA uma foto da banda segurando um bebê com o rosto pintado a la Alice, esta nota gerou muita polêmica na época, mas é um belo encarte.


Anos de lançamento: 1972 / 1973
Ano de aquisição: 1973


Nota: Um garoto de 13 anos que compra um disco com o título de "Killer" e logo depois compra outro com o título de "School's out", convenhamos, estaria a um passo da rebeldia.
Ah, mas se não fosse D. Narly e seu Wilson com suas mãos de ferro, eu poderia ter me transformado no personagem tão bem descrito pelo Anárquico poeta Paulista, Roger na sua bela "Rebelde sem causa", mas era apenas rock nas veias, cada vez mais o interesse pelo rock aumentava. Apesar da admiração por Tia Alice, já sentia a necessidade de descobrir novos sons e novas bandas, e já na época começava a ler tudo que se tratava de rock, a evolução estava por vim, como veremos a seguir.

sábado, 4 de abril de 2009

LP KILLER - ALICE COOPER


Alice Cooper teve sua grande fase musical no começo dos anos 70, um dos principais nomes do chamado Rock Horror que tinha como características uma música pesada com performance de palco teatral, com cenários de filme de horror barato e muita maquiagem, fez relativo sucesso nas paradas musicais da época, tendo até se apresentado no Brasil, acompanhado de sua inseparável cobra.

Rock vigoroso, típico dos anos 70, pontuado por riffs de guitarra e uma bateria que segurava muito bem o ritmo agressivo, como cantor, Alice não tinha uma voz cristalina, mas casava bem com a massa sonora que lhe acompanhava, os destaque deste disco são "Under my wheels", "Dead babies" e a matadora "Killer".

Em uma época onde os protestos pipocavam na sociedade com mudanças radicais, surge uma banda com um disco com o sugestivo nome de Killer, uma verdadeira alusão ao assassinato de todas as regras existentes, nada mais propício.

Ano de lançamento: 1971
Ano de aquisição: 1973

NOTAS: Este LP foi o princípio de tudo, ele marca em definitivo o início de minha coleção de discos (hoje com aproximadamente 2.200 LPs, 3.000 CDs e 500 DVDs), não que tivesse a intenção de fazê-la, mas com a compra dele com o dinheiro de minha mesada, descobri a sensação de algo novo na minha vida, uma conquista de poder escolher. Hoje, olhando para trás, lá no já longinquo ano de 1973 e após ter vivido muito, procuro entender o que levou um garoto de 13 anos a optar pela compra deste disco, talvez o interesse já despertado pela música alternativa, talvez a capa de fundo vermelho com uma cobra em destaque, talvez o nome do disco, que mostra o prenúncio do sempre crítico que me tornei, guardo-o na lembrança com muito carinho, me lembro ainda hoje da sensação de chegar em casa com ele, uma sensação de vitória, talvez discos também sirvam para isso, para marcarem momentos de sua vida. Obrigado Tia Alice.

O INÍCIO

Bom, atendendo a insistentes pedidos de meu grande amigo Marcus Vinícius (O qual também tem um blog "umpaulistaempetrolina.blogspot.com), estou aqui para tentar falar de variedades, principalmente ligadas a cultura de uma maneira geral, uma grande paixão que me acompanha por estes longos anos, aviso que esta não é minha praia, portanto não esperem muito, se não sair bom, o culpado é o Marcus, que não sei por que cargas d'aguas acha que sei escrever.

Como já disse pretendo escrever sobre os acontecimentos culturais (música, shows, teatro, cinema) do Recife, pelo menos os que eu puder assistir, no meu curtíssimo tempo de folga.
Pretendo também escrever sobre os meus discos (LPs e CDs), isto sim uma vontade antiga, sem nenhuma pretensão de análise musical, pois crítico não sou, será apenas comentários de quem gosta muito de música, a visão não de um crítico e sim de um amante da música, começarei pelos LPs e em ordem cronológica de aquisição (mania de colecionador?), só que como a pretensão não é de fazer crítica musical, escreverei algumas notas que versem sobre fatos que de alguma maneira tenham relação com o disco comentado.

Espero que gostem e que eu tenha tempo para tal.