domingo, 31 de maio de 2009

LP - Baile da Pesada - Big Boy & Ademir










"Hello crazy people!" talvez seja o bordão das rádios brasileiras mais famoso que se tenha notícia, ainda hoje, quem ouvir ou ler, seja novo ou velho, vai remeter a esta figura ímpar chamada Big Boy. Nos anos 70 o cara inovou com seu jeito irreverente, apresentando uma programação musical jovem e internacional. Dono de uma coleção com mais de 20 mil discos importados e raros de rock/pop/r&b/funk, ele era um dos poucos antenados com o que rolava lá fora, além de reverenciar os Beatles. Sua programação musical lhe rendeu fama, fazendo bailes antológicos na zona norte do Rio, o precursor dos bailes funk, o "Baile da Pesada". Ele atuava também como programador, colunista em diversos jornais, revistas e tv. Como produtor de discos, criou álbuns como este, onde entre uma música e outra entrava a sua 'loucução', juntamente com Ademir, outro precursor dos DJs, que nos bailes levantava a plateia com seus passos de dança, eles arrebentavam em bailes históricos.

O disco é uma coletânea das músicas que eles apresentavam nos bailes, bem balançado, feito para encher as pistas de dança das festas, portanto era só ir ao baile aprender os passos de dança do Ademir, depois colocar o disco em casa ou nas festas e se esbaldar. O set list do disco é composto de artista geralmente desconhecidos, uma tônica dos programas dele, que queria sempre mostrar as novidades lá de fora, THE METERS, MOD SINGERS & MOD LADS, THE HAPPENINGS, THE KINGSMEN, CANADA GOOSE, que continuam desconhecidos até hoje, à exceção é KOOL & THE GANG que pelo menos não sucumbiu na história, a curiosidade é a música "I'll keep it with me" de Bob Dylan por um tal de Great Jones, da pra imaginar Bob Dylan num baile funk? só podia sair da cabeça do Crazy People Big Boy.

Ano de lançamento: 1972
Ano de aquisição: ?


Nota: Não tenho a menor lembrança de como este disco parou lá em casa, mas me lembro muito bem, ainda moleque, quando ia passar as férias no Rio de Janeiro e ficava a noite com um radinho de cabeceira totalmente ligado na Rádio Mundial AM que além de ter uma programação notável, transmitia o programa de Big Boy, lembro do agito que era os dias que antecediam os bailes liderados por Big Boy e Ademir, nunca cheguei a ir a um deles, era muito pequeno, não podia entrar e nem tinha quem me levasse, uma grande frustação.

Hoje, acho que a rádio AM teve um papel fundamental na concepção do meu gosto musical, aquelas noites de tão encantadoras se tornaram inesquecíveis, os sonhos surgidos com o desabrochar da juventude eram embalados por músicas que marcaram uma época e tornavam estes sonhos muito mais belos.

Programas como "Sua paz mundial", onde o próprio título já exprimia a sua qualidade, o "Hello crazy people" do Big Boy, isto no Rio de Janeiro e os da Rádio Tamandaré aqui no Recife, monstravam o quanto a música era infinita e o quanto ela podia tocar corações e emocionar as pessoas.

O rádio teve um papel e um poder fundamental na desenvolvimento social de um povo, é certo que de uns tempos para cá, este poder foi migrado para a TV, que hoje ocupa um espaço muito maior na população, pena que não com a mesma qualidade.

LP - Slayed? - Slade

Este disco é anterior aos dois aqui postados, mostra o SLADE em ótima forma, destilando rocks pesados e vigorosos, simplicidade e competência. Na verdade, a banda não fez nada de revolucionário nem de tão novo assim, mas seu trabalho foi tão bem feito, tão cheio de espírito que, três decadas depois, o Slade continua arraigado na cultura popular britânica. Como está demonstrado em "Mama Weer All Crazy Now" e "Gudbuy T´Jane", o melhor do rock é, em geral, simples, estúpido e, ao mesmo tempo, sublime. O Slade nunca se levou muito a sério e, por isso, não ficava excessivamente preocupado em ser legal.

O disco contém apenas dois de seus singles de maior sucesso, mas, ainda assim, representa uma forte parcela de um rock puro, primal, gritado e genuíno, um belo LP que mostra muito bem a força que eles tiveram no rock inglês dos anos 70, bastante recomendável.

Ano de lançamento: 1972
Ano de aquisição: 1973

Nota: Este disco é outro da leva de meu irmão José Emilio, que trouxe ele da Inglaterra quando foi fazer um intercâmbio estudantil, apesar de mais interessado na soul music, ele disse que foi quase obrigado a comprar este LP, pois em Londres só se falava no SLADE, era uma febre só, por isso ele trouxe o disco.
Este post é para o Luis Valcacio, que tem um blog bem legal (vitrolaencantada.blogspot.com), que fez um comentário num post meu sobre o SLADE e comentou sobre este disco, era pensamento meu não postá-lo, pois nem me lembrava que tinha ficado com este disco, mas diante da citação do Luis, achei uma grande coincidência e resolvi postá-lo.

V VIRTUOSI - Celebra Marlos Nobre


Não deixa de ser um privilégio poder estar presente na comemoração de 70 anos do grande compositor Pernambucano Marlos Nobre, acontecida ontem (30/05/09) no Teatro de Santa Isabel, em meio ao 5º Festival Virtuosi Brasil, onde em três dias somente com composições do Maestro celebraram também os 50 anos de carreira, infelizmente por compromissos fora do Estado só pude ir ontem ao teatro, mas valeu a pena, a noite começou com a peça "O Canto multiplicado para voz e orquestra" Op.38a, sobre texto de Carlos Drumond de Andrade com a soprano Angela Barra e a Orquestra Jovem de Pernambuco regida pelo maestro Rafael Garcia, uma peça muito difícil principalmente para a soprano que no último movimento titubeou um pouco e quase não segura a onda, a orquestra é competente, mas por se tratar de uma orquestra formada por jovens, nesta peça de grande complexidade as vezes saiu um pouco fora do compasso exigindo muito do maestro, mas tem melhorado visivelmente a cada apresentação e tem um potencial muito grande pela frente. A segunda peça apresentada foi com o maestro Marlos Nobre ao piano, a "Concertino para piano e cordas" op. 1 (1959), que segundo o maestro ele considera oficialmente como a primeira composição dele, o que ele compôs antes desta, ele jogou tudo fora, para desespero da sua mãe, nada como o próprio autor para interpretar sua própria composição, o maestro é um pianista de primeiríssima categoria, uma peça com três movimentos, sendo o último um "choro" muito bonito e se você pensar que ela foi escrita quando ele tinha apenas 20 anos, dá para entender porque ele é considerado um dos melhores, a orquestra jovem conseguiu acompanhar muito bem, um belo momento.

Depois do intervalo, tivemos a primeira audição mundial da peça "Poema Illa para violoncelo e cordas" op.94 nº3a, com o celista Claudio Jaffé, numa interpretação magnífica, digam se não é um privilégio assistir a uma primeira audição mundial com um interprete deste porte? uma peça com bastantes nuances, digna do Marlos Nobre, depois da ovação, um bis do Claudio Jaffé que mostrou toda sua competência como violoncelista.

A última peça da noite foi encomendada pela Sala Cecília Meireles para sua reabertura no ano de 1989, escrita em cima de poemas da escritora, "Concertante do imaginário para piano e cordas" op.74, interpretada ao piano pelo autor, uma peça bastante lírica que diferencia da maioria das composições do grande maestro, sem muita complexidade e de uma beleza encantadora, para mim que acompanho a carreira do maestro foi uma surpresa gratificante, ao final, no bis um frevo solo ao piano, para deliciar a todos, e como não poderia deixar de ser a plateia em uníssono cantou o parabéns ao maestro, uma noite a altura dele e um grande privilégio para nós.

sábado, 30 de maio de 2009

SHOW - McFLY


Obrigação de pai.
Minha filha Isadora que tem 13 anos, insistiu muito e terminou me convencendo, Heitor meu outro filho foi a reboque, minha esposa Alexana, inventou que tinha que estudar e se livrou desta, com os ingressos comprados antecipadamente, lá fomos nós em pleno domingo 24/05/09 para o Chevrolet Hall onde seria o show, fomos com um casal amigo e suas filhas, Isadora não conseguia esconder a ansiedade, afinal era o primeiro show de um artista internacional que ela iria assistir e que pra minha surpresa ela gostava muito, apesar de eu não ter a menor ideia de quem eles fossem.
Chegando ao Chevrolet Hall, já perto das 17:00h, percebi que aqui em Recife existia muita "very important people" pois a fila para o "camarote vip" estava dando voltas, até então achava que o show estava marcado para as 17:00h, mas vi que este horário era para a abertura dos portões, já fiquei preocupado. Evidentemente que por se tratar de um ingresso para o camarote VIP, imaginava que poderia assistir (ou dormir) ao show tranquilamente sentado em uma cadeira, ledo engano, depois de enfrentar alguns minutos na fila (?) dos VIPS e ao adentrar no recinto, a preocupação aumentou, o tal do camarote VIP, era apenas o local próximo ao palco e vi que teria que assistir ao show em pé (lá se foi meu soninho), foi quando percebi que este negócio de camarote VIP era uma jogada da produção para fugir da meia entrada, que não existia para os VIPs, afinal eramos todos VIPS, a meia entrada era para o setor de pista que ficava logo atrás do nosso, talvez numa posição até melhor, vi que a plateia era composta em sua maioria de pré adolescentes, e assim como eu, alguns pais, a maioria com suas protuberantes barrigas se espremiam entre os adolescentes, e as meninas gritavam e como gritavam, era só aparecer nos telões as fotos do tal do McFLY que tome grito, a minha preocupação estava indo as alturas. Instalados, muito confortavelmente em pé, nós, o grupo, nos colocamos mais ou menos próximos ao palco, apesar do adiantado da hora, o público não era muito grande, a histeria sim, e tome esperar pelo show e nada, aí percebi mais outra jogada da produção, como nos ingressos eles só falavam na hora da abertura dos portões, o show ficou sem horário para começar e haja espera e nada de começar, nos telões, os vídeos se repetiam interminavelmente, NXZero (argh!), Jota Quest (argh!argh!), Charlie Brown Jr (aaaaaarrrghhhhhh!!), meu ouvido já não aguentava mais e tome grito das meninas e o tempo passando e nada do show, Heitor já estava se arretando, já estava pedindo pra ir embora, e tome grito das meninas, do meu lado um casal de adolescentes, alheios a tudo só faziam se beijar, eram fortes candidatos ao Guinness Book, eu não sei como conseguiam respirar, devem ter aprendido a técnica com o Kenny G.
O sono já estava começando a apertar, os pés já doiam há muito tempo, estava em pé desde a hora que cheguei, e os ouvidos já não ouviam mais nada por causa dos incessantes gritos, foi quando, como bons Britânicos, pontualmente às 19:30h, nem um minuto a mais nem um minuto a menos, eles apareceram, só esqueceram de avisar a eles que o show era de 17:00h, mas a culpa mais uma vez era da produção, vão marca show de ingleses na hora do chá das cinco?.
Como estava dizendo, pontualmente os cinco rapazes do McFLY adentraram o palco, e meus amigos, eu achava que os gritos antes eram altos, vi que era feliz e não sabia, tome grito, mas tome grito mesmo, acho que cada menina daquela colocou um megafone na garganta para ir para o show, enquanto isso, aquele casal, pois é, continuavam a se beijar, alheios aos gritos.
Aqueles rapazes a correr de um lado pro outro do palco faziam com que as meninas delirassem e gritassem e gritassem e gritassem e além de tudo, tive por várias vezes que suspender Isadora para ela ver melhor, o que reforçou o meu muck, no outro dia ele tava dolorido, um dos integrantes devia ser irmão mais novo do Hugh Grant era a cara dele e o tecladista devia ser filho (neto?) do Charlie Watts, também era a cara dele e tinha o mesmo ar blasé do avô, tipo "meninas podem gritar que eu num tô nem aí, quero mesmo é terminar logo para ir tocar meu jazz", quando terminou o show os meus ouvidos eram um zumbido só, mas para completar, na hora do bis, uma garota, sem dó nem piedade, vendo o final do show se aproximando, chegou bem próximo ao meu ouvido e soltou um grito amplificado que doeu do ouvido ao dedão do pé, que pulmão, que vitalidade e aí finalmente o show acabou.
Ah, a música, é......, bem deixa pra lá, era muita gritaria mesmo.
Na saída do show, estava precisando de um médico de ouvido, um de coluna e outro de varizes, doía tudo, mas ver a satisfação estampada no rosto de Isadora, não tem preço, o ingresso agente compra com Mastercard.

LP - Nutbush city limits - Ike & Tina Turner


Sim, é ela mesma, antes de sua platinada carreira solo, a cantora das mais belas pernas do showbusiness Tina Turner, gravava com e levava muita porrada do maridão Ike Turner que além de saber bater em mulher (que feio) sabia tudo de música e com sua batida (sic) irresistível criou belas canções.

Entre uma sessão e outra de safanões, Ike e Tina entravam em estúdio e destilavam toda a adrenalina possível, produzindo discos irretocáveis como este, r&b, soul, funk, eletricidade pura, o negão pode não ter ensinado delicadeza e bons costumes para Tina, mas com certeza ensinou tudo de música, se ela, pós separação conseguiu se destacar e virar uma superstar, deve tudo a ele. Em termos musicais, nesta fase inicial, Ike pode ser comparado aos grandes da soul music (Marvin, Steve, Curtis, Wilson...).

O disco começa com a faixa título, um funk que é só eletricidade, segue com pepitas musicais de dar inveja, tem de tudo, o baixão pulsando e segurando o ritmo, os metais que eram brasa pura, baladas arrepiantes onde Tina mostra aonde aprendeu a cantar, rivaliza até com a grandiosa Aretha Franklin, e tome funk para quebrar as cadeiras, a guitarra de Ike determinando o ritmo acompanhado de um valoroso coral, soul music de primeiríssima qualidade do início ao fim do disco, quando ele termina dá vontade de ouvir novamente. Quase todas as músicas são do grande Ike.

Hoje, Tina praticamente abandonou o showbisness, deve ter se cansado de manter aquelas belas pernas e afinal, ninguém consegue manter a eletricidade eternamente (acho que só o Jair Rodrigues), pouco se ouve falar dela, o Ike faleceu em 2007, depois da separação nunca mais foi o mesmo, o estigma de violento o acompanhou pelo resto da vida e ver o seu "sparring" brilhar não deve ter feito muito bem para sua cabeça, morreu quase no ostracismo e perto da pobreza, mas quem manda não ouvir Capiba, poderia ter aprendido que "numa mulher não se bate nem com uma flor, loura ou morena não importa a cor".

Ano de lançamento: 1973
Ano de aquisição: 1974

Nota: Este discão foi comprado na época pelo meu irmão José Emilio, que de vez em quando comprava alguns discos, só que ele se interessava mais pelo r&b e soul music, eu como bom roqueiro, na época, torci o nariz para este disco e simplesmente ignorava-o, só com o passar dos anos e com a lucidez conseguida com a maturidade, foi que vim perceber que aquele disco que meu irmão deixou lá encostado era simplesmente fantástico e consegui resgatá-lo e incorporar a minha coleção, grande providência.

LP - I'm a writer, not a fighter - Gilbert O'sullivan

No rastro do enorme sucesso com a música "Alone again", Gilbert O'sullivan lançou este disco que contém canções pops competentes sendo a melhor a faixa que dá título ao LP.

Ano de lançamento: 1974

Ano de aquisição: 1974


Nota: Na verdade ganhei este disco de uma tia minha, na esteira do enorme sucesso da música "Alone again" tema da novela "Selva de pedra", salvo engano, que também foi um tremendo sucesso, quem é daquela época, com certeza acompanhou o desenrolar do romance entre Francisco Cuoco e Regina Duarte que faziam o par romântico com um desempenho brilhante, hoje os pares romântico são Cauã Reymond e Grazi Massafera (uiiiii) tristes tempos.
Quanto ao presente eu simplesmente odiei, Gilbert O'sullivan com sua música açucarada ao lado de Alice Cooper, David Bowie e Slade, não combinava mesmo, só que desde aquela época, nunca me desfiz de nenhum disco tanto os que comprei, quanto os que ganhei por pior que fossem.

sábado, 23 de maio de 2009

LPs - Sladest/ Old New Borrowed and blue - Slade




O final dos anos 60 foi marcado pelo surgimento de diversas bandas de rock, principalmente nos EUA e na Inglaterra, e a maioria delas de extrema qualidade sonora, o SLADE, fez parte deste processo e foi muito popular entre os anos de 1971 a 1975, sempre com LPs e compactos acima da média e que permaneciam por muito tempo no topo das paradas de sucesso.

Depois do estrondoso sucesso que foi o disco "Slade Alive" registro de um show ao vivo para os fãs, que ainda hoje é considerado uma das melhores gravações ao vivo do rock, eles lançaram a coletânea "Sladest" que agrupava os últimos compactos lançados incluíndo o grande sucesso do grupo "Cum on feel the noize" (uma característica deles era grafar as palavras de uma maneira própria), com certeza uma das grandes músicas do rock'n'roll, eles tinham um estilo próprio, um rock pesado, sem complicações, calcado na voz de gralha de Noddy Holder que funcionava muito bem na música do grupo, "Mamma weer all crazee now" foi outro grande sucesso, batidas pulsantes emolduravam as guitarras complementada por um coro de primeira.

"Old new...." veio logo após o "Sladest" trazendo consigo a mesma criatividade dos discos anteriores, o rock apesar de ainda vigoroso já tendia um pouco mais para o pop, tendência esta vista nas músicas "When the lights are out" e "Find yourself a rainbow" claramente inspiradas nos Beatles dos quais os caras eram fãs declarados, este disco foi gravado no mesmo estúdio que logo antes John Lennon gravara o antológico "Mind Games" e isto com certeza influenciou eles, os ares deixado pelo gênio foi muito bem captado e o disco é um misto de rocks pesados e pop sempre de qualidade.

Estes dois discos exprimem bem o som que o SLADE fizeram, música de peso com qualidade, com uma formação básica, duas guitarras, baixo e bateria, eles mostraram que com o seu estilo próprio podiam competir com os grandes grupos da época, Led, Deep Purple, The Who, etc.. e os discos sempre nos topos das paradas eram uma prova disto.

Ano de lançamento: 1973 / 1974
Ano de aquisição: 1974

LP - Bloodshot - The J. Geils Band


"The J. Geils Band" era uma banda americana que surgiu no final dos anos 60, liderada pelo guitarrista Jerome Geils e tinha como vocalista Peter Wolf, que foi o único que após o fim da banda continuou em carreira solo, a J. Geils chegou a fazer um relativo sucesso no início dos anos 70.
"Bloodshot" seu quarto disco tem uma levada mais pop, "Back to get ya" é puro funk a la Sly & The Family Stone, com o baixo marcando o compasso e um solo de gaita de arrepiar, "Star all over again" parece ter nascido de um disco dos Stones, um meio blues bem competente, o disco segue com muito R&B e pitadas de blues elétrico, um som um pouco distoante do rock apresentado à época, um som mais balançado, que não ficou datado, permanece atual ainda hoje.

Ano de lançamento: 1973

Ano de aquisição: 1974


Nota: Comprei este disco meio que pelo sucesso que eles faziam nos EUA, ouvi algumas vezes na época e depois ficou encostado por muitos anos, não me lembrava dele direito, terminou sendo uma surpresa ouvi-lo tantos anos depois e o interessante é que algumas músicas me pareciam familiar, engraçado a nossa memória.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

FILME - SIMONAL - NINGUÉM SABE O DURO QUE DEI

Assistir a este documentário de Cláudio Manoel, Calvito Leal e Micael Langer pode trazer muitas reflexões além do prazer de ver um filme dinâmico e muito bem estruturado. Primeiro, ele mostra a ascenção do Simonal e você já começa a refletir como isto foi possível numa época em plena ditadura militar e preconceitos raciais em voga, um preto rico?

Um dos grandes méritos do filme sobre Wilson Simonal está na quantidade e na qualidade do material de arquivo. É a partir dele que podemos tomar uma certa dimensão do que foi o fenômeno que, segundo Nelson Motta, chegou a emparelhar com Roberto Carlos em nível de popularidade e se consagrou como o primeiro e talvez o maior popstar negro da música brasileira até os dias de hoje. Se a insígnia de "melhor cantor de todos os tempos" pode ser questionável, ninguém tira dele o status de ser o intérprete com maior empatia e capacidade de comunicação com o público, um verdadeiro regente das massas e grandes platéias e isto o filme mostra bem.

A segunda reflexão é como tudo isso pode ter sido praticamente banido da história da MPB, enquanto assistia a este excelente documentário, tentava puxar da memória, alguma informação ou fato ocorrido na tela ou fora dela que me remetesse ao Simonal e simplesmente não conseguia me lembrar de nada, isto para quem acompanha e se interessa pela música desde o já longínquo ano de 1974.

As informações apresentadas chegam quase sempre como novidades e os depoimentos são sempre esclarecedores, o filme segue informando sempre de maneira imparcial os fatos mais relevantes de sua vida, inclusive a fatídica passagem envolvendo o seu contador, o início de sua derrocada, e outra reflexão pode ser feita, o que leva uma pessoa que veio do nada, consegue subir tanto, vir a tratar a vida com uma certa arrogância e depois meter os pés pelas mãos, mas ele não está só, temos vários exemplos deste tipo.

O fato que praticamente acabou com a vida artística do Simonal, a nunca bem explicada "delação" que determinou a alcunha de "dedo-duro" é mostrado também de maneira imparcial dando voz aos depoentes dos dois lados, só que os únicos que tiveram a coragem de falar do lado dos detratores do Simonal, o Ziraldo e o Jaguar que foram impiedosos na época com o jornal "O PASQUIM" não conseguiram ser convincentes em seus depoimentos e no caso do Jaguar ainda foi pior, pois tentou se justificar zombando da situação criada, deprimente.

Mais deprimente e beirando o patético foi ver as cenas de Simonal pouco antes de morrer e depois de quase vinte anos, ainda tentando se explicar em programas televisivos inexpressivos, a exceção de Hebe, que ele não foi dedo duro, imaginem vocês, alguém passar vinte anos com este carma, que crueldade e ainda tem gente que zomba disto.

Este filme tenta de uma maneira correta, suprir um imenso vazio na história da MPB trazendo a luz principalmente para a turma jovem o artista sensacional que foi Simonal e com isso resgatar e reparar um erro histórico.
Aos fãs de Simonal (antigos ou feitos agora) resta o consolo de que, se o cantor saiu de cena, certamente não foi apagado, ao final do filme, uma outra reflexão pode ser feita, sobre as atitudes do ser humano, o que leva nós seres humanos a execrar pessoas de uma maneira tão cruel e por tanto tempo, será algum tipo de satisfação?.
Assistam ao filme ele merece ser visto.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

LP - We're an American Band - Grand Funk Rairoald





Banda genuinamente americana que se ao mesmo tempo que flertava com o psicodelismo da época, também tocava um rock pesado em contraponto com as grandes bandas inglesas que faziam muito sucesso. A banda tinha muito orgulho de ser considerada nesse ponto de sua carreira, a única resposta “genuinamente americana” ao sucesso das bandas inglesas, tais como o Led Zeppelin, o Deep Purple e o Black Sabbath.

"We're an American Band" como o próprio título diz é um disco para mostrar que eles se orgulhavam de ser americanos, rock simples mas competente, sua música tem um vigor bem apropriado para época, com este disco a Gand Funk Rairoald atingiu o sucesso total nos EUA.

Em julho de 73 "We're An American Band" chega as lojas, tendo as 3.000 primeiras cópias lançadas com a capa dourada e o vinil amarelo (uma raridade hoje em dia). Músicas como a que dava o nome ao disco, "Stop Lookin' Back", "Creepin'", "The Railroad" entre outras, fizeram do album um sucesso imediato chegando ao segundo posto nas paradas americanas. Até os dias de hoje "We're an American Band" já ultrapassou a vendagem de 20 milhões de cópias.
Uma ousadia para a época era a foto da capa interna do disco, mostrada acima, deu muito o que falar.

Ano de lançamento: 1973

Ano de aquisição: 1974

sábado, 16 de maio de 2009

DANÇA - GERALDAS E AVENCAS - 15/05/09


Este espetáculo de dança encenado pela Companhia Primeiro Ato de Belo Horizonte, recebeu muitos elogios de público e crítica o que criou uma certa expectativa para sua encenação aqui no Teatro de Santa Isabel.

Questionando a ditadura da beleza e os padrões estéticos que submetem homens e mulheres, o espetáculo desperta uma reflexão em torno do tema, o que não deixa de ser algo interessante sobre este aspecto, quanto ao ato de dançar, apenas o trivial, bons dançarinos em coreografias competentes, nenhuma ousadia, apesar da ótima trilha de Zeca Baleiro proporcionar isto, trilha esta que vai do samba à ciranda, passando pelo axé e xote entre instrumentais e interpretações do próprio autor, pena que não tinha o cd para vender, valeria a pena, no mais, apenas mais um espetáculo de dança.

O problema é que depois de Twila Tharp, Pilobolus e Momix a dança contemporânea nunca mais foi a mesma e olhe que isto já faz um bom tempo, apesar que na dança clássica é a mesma coisa, alguém aí se lembra de algum outro dançarino depois de Nureyev, Barishnikov e Fernando Bujones?


Nota: Tive o prazer de assistir a um espetáculo de Mikhail Barishnikov, o ano foi 1986 ou 87 não me recordo bem, na época morava no Rio de Janeiro e ele foi se apresentar lá com o "American Ballet Theatre", só que os jornais do Rio só se referiam como a "excursão do Barishnikov", o que me deixava indignado pelo descaso com os outros integrantes do grupo, estava me iniciando como espectador de espetáculos de dança e tinha uma quase namorada (naquela época o termo "ficar" ainda não existia) a Cátia que já tinha sido bailarina e sempre íamos juntos assistir, ela queria ir muito ver o Barishnikov, só que eu não, por causa da minha indignação e também porque os ingessos eram caros, apesar de disputadíssimos, lotaram rapidamente as duas apresentações, a extra e até os ensaios abertos, tudo esgotado rapidamente, como eu me recusava a ir, intransigência imatura de um ainda quase jovem, ela conseguiu comprar com uma amiga, só que no dia da apresentação, no sábado, a tal amiga teve problemas de saúde com a família no interior do Rio e fui intimado a ir com ela para o Teatro Municipal assistir ao Barishnkov, lá fui eu com minha rabujice juvenil e arrogância, já destruindo o espetáculo, só que desde o início, durante e ao final do ballet pude verificar que toda aquela idolatria e reverência a ele durante as duas semanas anteriores eram plenamente justificadas, nunca vi ninguém dançar como ele, nem Fred Astaire, uma leveza inigualável, um sentido musical que beirava a perfeição, com a música ao vivo, ele quase que levitava no ar para acompanhar o compasso certo da orquestra, na cena em que Dom José mata Carmem na ópera de Bizet, era impressionante a sincronia com a música e isto tudo com uma leveza e uma delicadeza (matar alguém com delicadeza? só para os gênios) de deixar você boquiaberto.
Ao final do espetáculo na saída daquele belíssimo teatro, tive que dar a minha mão a palmatória, todo estardalhaço feito em volta do Barishnikov era justificado, o espetáculo era dele que era acompanhado por uma companhia de ballet que nem me lembrava mais o nome, ele foi simplesmente genial.


sexta-feira, 8 de maio de 2009

LPs Demons and Wizards / Sweet Freedom - Uriah Heep




















A Britânica banda Uriah Heep de hard rock formada em 1969, se caracteriza por suas canções melódicas e vocais harmoniosos (cortesia do fato de todos os integrantes cantarem), além do uso do órgão Hammond e guitarra com pedal wah-wah.
Apesar de seu sucesso na Europa, o Uriah Heep nunca conseguiu emplacar um grande sucesso nos Estados Unidos. A banda lançou vários álbuns de sucesso nos anos 70.

Seu nome foi pinçado de um personagem do livro “David Copperfield” de Charles Dickens, e tal como a sua história, sua música é cheia de percalços, altos e baixos.

O disco "Demons and Wizards" começa com uma bela balada "The Wizard" magnificamente cantada por David Byron que com sua voz límpida e extremamente bela caía como uma luva no som do Uriah Heep, Byron atuou no UH por mais alguns anos, mas o seu envolvimento com drogas e álcool terminou motivando o seu afastamento da banda, culminando na sua morte em 1986 aos 38 anos de idade, Byron não teve o reconhecimento a altura do seu talento, uma das grandes vozes do rock do início dos anos setenta.
Nestes dois discos desfilam uma série de vigorosos rocks de primeiríssima qualidade, o bom e velho rock'n'roll na sua plenitude, pena que eles nunca tiveram o reconhecimento que mereciam.

Ano de lançamento: 1973/1974
Ano de aquisição: 1974


TV - Som do vinil (Canal Brasil) - 08/05/09





Hoje começou a terceira temporada do "Som do vinil" programa televisivo vinculado no CANAL BRASIL e comandado pelo baterista, produtor, garimpador de raridades e amante do vinil Charles Gavin, com uma edição ágil, ele apresenta por programa um LP clássico da MPB e disseca-o com a ajuda do interprete, se vivo ele for, e de outros participantes, sendo músicos ou não, mas que de alguma forma ajudaram ou vivenciaram o momento do lançamento do disco.
No programa de hoje, o LP apresentado foi o genial "APRENDENDO A NADAR" do não menos genial Jards Macalé, em trinta minutos, eles contam sempre deliciosas histórias e revivem fatos que aconteceram no decorrer da elaboração do LP, com uma narrativa bem colocada, com apresentação de fotos e trechos de músicas, o programa corre solto e ótimo de se assistir, como entretenimento é "dez", como valor histórico é "mil".
Charles Gavin mais uma vez presta uma grande contribuição para a preservação da memória musical brasileira, assim como faz muito bem quando comanda as reedições de LPs antológicos transformados em CDs, um programa para ser visto com aquele sabor de quero mais e ser revisto por diversas vezes, um único defeito, é muito curto.

LP - The Joker - Steve Miller Band

Filho de músicos, Steve Miller não poderia ser outra coisa senão músico, afinal frequentavam sua casa pessoas como Les Paul (inventor da guitarra elétrica), T-Bone Walker e James Cotton

"The Joker", de 1973, marcou o início de uma nova fase na carreira de Miller: mais simplista e direcionado ao pop, o álbum obteve grande êxito com a faixa título e outras de suas canções.

Disco bem ao estilo dos anos 70, onde se misturavam ritmos como o blues e o rock mais leve, a faixa "Evil" é um blues que deve ter sido aprendido com o T-Bone Walker, com um solo de guitarra de arrepiar, apesar do tempo, este não é um disco que ficou datado, música de qualidade nunca se perde no tempo.

"The Joker" fez relativo sucesso à época, Steve Miller continuou gravando com muito sucesso por alguns anos, "Abracadabra" seria seu último grande êxito comercial; uma série de coletâneas, álbuns ao vivo e tentativas de encontrar um novo estilo apareceriam esporadicamente, mas no começo dos anos 90 Miller desistiu de vez de produzir novos discos.

Ano de lançamento: 1973

Ano de aquisição: 1974

sábado, 2 de maio de 2009

LP The Cocker Power - Joe Cocker


Com sua voz e estilo de cantar únicos, Joe Cocker se destacava por fazer reeleituras de músicas de outros cantores e grupos, "With a little help from my friends", "Something" e "Don't let me be misunderstood" são as mais conhecidas, como um Caetano Veloso que ao fazer releituras de músicas, as faz com uma roupagem que as transformam em uma nova música, as vezes com um resultado até melhor que o original, no caso de Joe Cocker, "With a little......." é um grande exemplo, ele pegou este sucesso dos Beatles e a transformou numa nova música e com um sucesso maior ainda, sua interpretação no festival de Woodstock entrou para a história do Rock mundial.

Joe Cocker na sua melhor fase, sua versão para "Something" também é matadora

Esta é uma coletânea dos primeiros discos dele, aparentemente só lançada no Brasil, não localizei a menção deste LP em nenhum site sobre o Joe Cocker, nem no seu site oficial, o disco contém duas músicas, "Woman to Woman" e Pardon me Sir" que também não são citadas na discografia oficial dele.

Ano de lançamento: 1973
Ano de aquisição: 1974


Nota: Comprei este disco por causa de uma prima carioca Cristina, fui passar férias no Rio de Janeiro na casa desta prima, ela é uns quatro anos mais velha, o que naquela época já era uma diferença considerável e ela falava muito do Joe Cocker que me impressionou, o ano era 1974, ela morava na Rua Rainha Elizabeth, ligação de Copacabana para Ipanema, já tinha morado nesta mesma rua, mas era muito pequeno e pouco me lembrava de lá, nestas férias fora brincar com a criançada do prédio, a diversão era ir a praia em Ipanema, ficava próximo ao famoso posto nove, mas aquele rebuliço todo que acontecia por lá pouco me interessava, o que mais gostava de fazer era ir comer um "diabólico", sandwiche caprichado da lanchonete Gordon, me lembro também de ir para a feira Hippie na praça General Osório, era muita informação para mim e de ter ido a um bar chamado Zeppelin, também em Ipanema, que muito tempo depois soube que era o point dos descolados do Rio, mas a lembrança mais forte foi o que vi em um barzinho que desavisadamente fomos, perto da galeria Alasca em Copacabana, o primeiro beijo entre dois homens, a aflição de meu pai e minha mãe e meus tios em tentar fazer com que as crianças não olhassem aquela cena foi engraçada e muito comentada depois pela criançada, afinal até para o Rio na época eram cenas ousadas, imaginem para nordestinos como nós. Hoje, pai de dois filhos, estas cenas já são vistas até na televisão, como tentar esconder deles, impossível, o tempo muda.

Festival Cine PE (01/05/09) - Filme Alô Alô Terezinha






Tem certos personagens que são fáceis de falar sobre eles, são tão conhecidos que estão no subconsciente das pessoas, fazer um documentário sobre o excepcional Chacrinha poderia ser uma tarefa fácil, muito conhecido, muito adorado, muito odiado, desprezado por alguns, mas sempre com alguma opinião formada sobre ele, só que fazer um documentário sobre artistas excepcionais pode descambar para o simplório e com isso não se consegue transpor para a tela a excepcionalidade do artista documentado, vimos isto em dois exemplos recentes, os documentários sobre Vinicius de Moraes e Cartola que se não eram fracos, pelo menos não estavam a altura dos homenageados, no caso do "Alô Alô Terezinha", o diretor Nelson Hoineff acertou em cheio ao fazer um documentário que retrata Chacrinha como ele era, só se preocupando com o personagem e não com o seu criador, Abelardo Barbosa, que com certeza pode ser tema de um outro documentário. O diretor optou por fazer um documentário sem se preocupar com a biografia e sem seguir muito as regras, assim como o seu documentado o filme tem muito da irreverência e do improviso, características marcantes do Chacrinha, o que resultou em cenas impagáveis, como a do depoimento de Biafra e das várias ex-chacretes, onde o que mais importava era a espontaneidade. Depoimentos de uma sinceridade as vezes aterradora, mas quase sempre carinhosas com a figura do Chacrinha, ver hoje aquelas chacretes que povoaram o imaginário dos adolescentes da época, chega a ser um pouco chocante, o tempo é cruel, o diretor foi atrás não só das chacretes como dos anônimos calouros que na maioria recebiam um tratamento implacável do Chacrinha, que na época quase nunca eram compreendidos, alguns depoimentos poderiam ser tratados como trágicos se não fossem cômicos e como bem observou o ex-ministro Gilberto Gil (sempre ele) " o humorismo pode se tornar cruel, mas este é o papel do fazer humorismo e era o que Chacrinha fazia, humor com as pessoas mais humildes" e é da maioria destas pessoas que se vê depoimentos sem nenhum ressentimento, alguns poucos. O documentário segue com depoimento de famosos, sempre elogiosos, até o Rei Roberto Carlos, sempre tão econômico em suas palavras, tece elogios rasgadíssimos, alguns ácidos como o do grande e polêmico Agnaldo Timóteo, não contra Chacrinha, mas sim contra a elite musical que sempre o marginalizou, ele que tem uma das vozes mais bonitas e potentes deste País, o depoimento dele atacando o genial João Gilberto, se analisado pela ótica dele, pode ter até uma certa razão, Agnaldo merecia ter por todos a mesma consideração e respeito que Chacrinha tinha por ele, ele realmente é um grande artista.

Assistir a um filme como este com cenas dos programas da época, nos remete, para aqueles que assistiram, como o que aqui vos fala, a um tempo onde a alegria e a simplicidade reinavam, reflexo de uma época onde a competitividade não era sinônimo de perfeição, no programa dele o improviso e o despojamento reinavam e não se pode achar que improviso é falta de profissionalismo, Chacrinha provou que improvisar era só para profissionais com o espírito desarmado e ele tinha um estilo tão próprio que nunca teve seguidores, os que tentaram, desistiram logo, eles não conseguiram substituir o insubstituível.
Não se tem como assistir a este documentário e não sentir uma saudade danada daquele tempo.

O filme foi visto no festival por quase 2.500 pessoas, isso mesmo, público pagante e de convidados em uma única sessão de quase duas mil e quinhentas pessoas, com bastantes jovens na plateia, que pelos risos e aplausos durante a exibição, prenunciavam a verdadeira ovação recebida ao final do filme, final que de tão simples se mostrou tão grandioso, como o Chacrinha, simples e grandioso, uma justa homenagem, afinal "ELE MERECE".

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Show - Festival Quintal PE (25/04/09)




Se alguém tinha alguma dúvida sobre se a música feita em Pernambuco tinha aceitação no seu seu próprio Estado, com este festival a dúvida foi dirimida, um festival com dez bandas pernambucanas simplesmente lotou o Pavilhão do Centro de Convenções de Pernambuco, mais de oito mil pessoas pagaram ingressos de R$ 50,00 e R$ 25,00 (estudante - a grande maioria) para ver artistas que geralmente se apresentam de graça nos eventos da cidade, é certo que nem sempre a nata dos artistas pernambucanos estão juntas como neste festival, mas os eventos gratuitos com pelo menos um nome de peso sempre aglutinam muita gente, sucesso total.

O Festival Quintal PE, estava previsto para começar às 16:00h e com uma grade de dez bandas e a produção prometia quase doze horas de música, como não estou mais no frescor da juventude e o local não é nenhum primor em conforto, aliás, quase conforto nenhum, cheguei por volta das 19:00h, já com o show da BONSUCESSO SAMBA CLUBE iniciado, muita gente ainda do lado de fora, receosos quanto ao sucesso de público, talvez ainda decidindo se entraria ou não, afinal uma boa parte da galera vai, para além de assistir aos shows, aproveitar para paquerar ou azarar, não sei bem como se chama, os que ainda estavam lá fora perderam o swing bem balançado de Rogerman e companheiros, o estilo bem Olindense da banda já mostrava o alto astral que iria ser o festival.

A agilidade entre as apresentações das bandas em nada lembrava o Abril pro Rock, apenas um palco, e aí, tome tempo para preparação da outra banda, enquanto isso curtas metragens sobre a cultura popular Pernambucana eram apresentados, mas a galera não estava muito interessada nisso não, eles estavam a fim de ouvir uma boa música, dançar, paquerar, azarar e beijar muito e era uma galera bastante bonita e animada também e quem também estava muito animado e visivelmente emocionado e feliz era Roger de Renor espécie de mestre de cerimônia, como sempre irreverente, este incansável batalhador da cultura pernambucana mostrava toda sua felicidade em ver tanta gente num festival como este.

A próxima banda a se apresentar a EDDIE, já emtrou no palco com o jogo ganho, a plateia bem mais numerosa era constituida de fãs incondicionais da banda, e eles não decepcionaram, Fábio Trummer e companhia colocaram todo mundo para dançar e cantar sucessos como "Pode me chamar" e "Não vou embora" e a galera sabe a letra toda de cor, cantam realmente com vontade, o show todo calcado nos sucessos da banda mostraram que a EDDIE é a essência da música feita em Olinda, com seu estilo próprio personificado no título de um de seus discos "Olinda original styling" mais pernambucano impossível, um showzaço. Um fato favorável, a acústica sempre tão péssima no Centro de Convenções estava bem melhor, nenhuma maravilha, mas conseguíamos ouvir bem as músicas, ponto positivo para a produção.

Mais um intervalo, quem se acostumou com o APR, como eu, estranhou, era a pausa para o xixi (banheiros químicos péssimos) e a cerveja bem gelada que desceu redondo.

A próxima atração era o encontro inusitado e mais que esperado dos mentores do festival, o genial NANÁ VASCONCELOS com o não menos genial DJ DOLORES, projeto chamado de BLIND DATE, música da mais alta categoria, Naná com sua genial simplicidade inclusive na vestimenta, contrastava e se incorporava ao estilo a la mafioso e funkeiro americano das vestimentas de Dj Dolores e banda, e que banda, qualidade sonora acima da média, o público foi se rendendo aos poucos aquela música desconecida e terminou dançando bastante, um encontro que valeu a pena, a música agradece. É inacreditável que músicos tão geniais quanto eles tenham tanta dificuldade em gravar e lançar seus cds, o Dj Dolores está com um cd gravado que ele só conseguiu lançar até agora na Europa, aqui no Brasil nada, é uma pena.

Mais um intervalo, mais um xixi, mais algumas cervejas, um pastel até interessante, não sei se era a fome já passava das dez da noite, mais gente bonita circulando e mais uma vez a irreverência e felicidade de Roger de Renor, enquanto esperavamos aprontar o palco para a próxima atração.

CHINA entrou no palco com sua banda e como sempre elétrico cantou algumas músicas do seu repertório, depois chamou o pessoal da MOMBOJÓ para tocarem duas músicas juntos, a Mombojó é uma banda já da segunda safra da cena pernambucana, filhos do Mangue Beat, vieram para ficar e trouxeram consigo mais qualidade para se incorporar a já tão genial cena local, os meninos são realmente muito bons, o público já fiel, também canta direitinho todas as músicas, show empolgante, no final China e banda voltam ao palco para literalmente eletrizarem a platéia, a galera se esbaldou, o que me fez lembrar quando assisti pela primeira vez um show da Monbojó no APR, isso há uns oito anos atrás, não me lembro bem, eles nem eram conhecidos, o nome soava estranho e eles tocaram no palco três, mas, ali já se via a qualidade da música que faziam, o tempo só reforçou o esperado, que bom.

Mais um intervalo, mais um xixi, mais........., já se passava das 00:30h, o cansaço já começava a dar seus sinais, isso para a juventude ali presente, imagina para mim, que podia ser pai de muita gente ali, principalmente das menininhas, belas figuras, ainda faltavam três shows para o final do festival, parecia que a previsão das doze horas de show da produção ia se confirmar e todos querendo assistir a banda mais esperada a Nação Zumbi, eis que o já não tão alegre Roger, afinal ele tá bem próximo de mim na idade, anuncia acertadamente, para mim e para a grande maioria, que a próxima atração seria a Nação Zumbi, saí do meu estado de sonolência e fui assisti-los, agradecendo a produção, eu e a grande maioria presente.

"Quando a maré encher" foi a primeira música apresentada pelo NZ, e aí tudo se mostrou ao que veio, o cansaço ficou de lado e a galera extasiada pulou e dançou como nunca, o que se via não era apenas uma admiração como das bandas anteriores, era adoração pura, uma simbiose entre plateia e público, a NZ com certeza é hoje disparada (sem ufanismos) a melhor banda do rock nacional e com vários corpos de vantagem aos demais concorrentes e como tal eles se apresentaram, muito mais maduros, consientes da importância que hoje tem no cenário musical, destilaram todos os hits, inclusive da época do Chico Science, e a plateia retribuiu cantando, dançando como nunca, um show para ficar na história de Recife, não perderam a oportunidade de alfinetar a imprensa e as rádios pernambucanas que não dão importância e nem tocam a música deles.

Já era perto das 2:00h da manhã do domingo quando eles encerraram o excelente show, apesar da animação, o cansaço já tomou conta de mim em definitivo, e assim como uma grande maioria não fiquei para assistir ao show do OTTO e da ETA CARINAE, mas depois da NZ poderia ir para casa tranquilo.

O festival QUINTAL PE mostrou-se acertado, espero só que sejam mais ageis entre uma atração e outra, se bem que a galera ali presente não se importou muito com isso não, espero que haja continuidade a este festival.