sexta-feira, 1 de maio de 2009

Show - Festival Quintal PE (25/04/09)




Se alguém tinha alguma dúvida sobre se a música feita em Pernambuco tinha aceitação no seu seu próprio Estado, com este festival a dúvida foi dirimida, um festival com dez bandas pernambucanas simplesmente lotou o Pavilhão do Centro de Convenções de Pernambuco, mais de oito mil pessoas pagaram ingressos de R$ 50,00 e R$ 25,00 (estudante - a grande maioria) para ver artistas que geralmente se apresentam de graça nos eventos da cidade, é certo que nem sempre a nata dos artistas pernambucanos estão juntas como neste festival, mas os eventos gratuitos com pelo menos um nome de peso sempre aglutinam muita gente, sucesso total.

O Festival Quintal PE, estava previsto para começar às 16:00h e com uma grade de dez bandas e a produção prometia quase doze horas de música, como não estou mais no frescor da juventude e o local não é nenhum primor em conforto, aliás, quase conforto nenhum, cheguei por volta das 19:00h, já com o show da BONSUCESSO SAMBA CLUBE iniciado, muita gente ainda do lado de fora, receosos quanto ao sucesso de público, talvez ainda decidindo se entraria ou não, afinal uma boa parte da galera vai, para além de assistir aos shows, aproveitar para paquerar ou azarar, não sei bem como se chama, os que ainda estavam lá fora perderam o swing bem balançado de Rogerman e companheiros, o estilo bem Olindense da banda já mostrava o alto astral que iria ser o festival.

A agilidade entre as apresentações das bandas em nada lembrava o Abril pro Rock, apenas um palco, e aí, tome tempo para preparação da outra banda, enquanto isso curtas metragens sobre a cultura popular Pernambucana eram apresentados, mas a galera não estava muito interessada nisso não, eles estavam a fim de ouvir uma boa música, dançar, paquerar, azarar e beijar muito e era uma galera bastante bonita e animada também e quem também estava muito animado e visivelmente emocionado e feliz era Roger de Renor espécie de mestre de cerimônia, como sempre irreverente, este incansável batalhador da cultura pernambucana mostrava toda sua felicidade em ver tanta gente num festival como este.

A próxima banda a se apresentar a EDDIE, já emtrou no palco com o jogo ganho, a plateia bem mais numerosa era constituida de fãs incondicionais da banda, e eles não decepcionaram, Fábio Trummer e companhia colocaram todo mundo para dançar e cantar sucessos como "Pode me chamar" e "Não vou embora" e a galera sabe a letra toda de cor, cantam realmente com vontade, o show todo calcado nos sucessos da banda mostraram que a EDDIE é a essência da música feita em Olinda, com seu estilo próprio personificado no título de um de seus discos "Olinda original styling" mais pernambucano impossível, um showzaço. Um fato favorável, a acústica sempre tão péssima no Centro de Convenções estava bem melhor, nenhuma maravilha, mas conseguíamos ouvir bem as músicas, ponto positivo para a produção.

Mais um intervalo, quem se acostumou com o APR, como eu, estranhou, era a pausa para o xixi (banheiros químicos péssimos) e a cerveja bem gelada que desceu redondo.

A próxima atração era o encontro inusitado e mais que esperado dos mentores do festival, o genial NANÁ VASCONCELOS com o não menos genial DJ DOLORES, projeto chamado de BLIND DATE, música da mais alta categoria, Naná com sua genial simplicidade inclusive na vestimenta, contrastava e se incorporava ao estilo a la mafioso e funkeiro americano das vestimentas de Dj Dolores e banda, e que banda, qualidade sonora acima da média, o público foi se rendendo aos poucos aquela música desconecida e terminou dançando bastante, um encontro que valeu a pena, a música agradece. É inacreditável que músicos tão geniais quanto eles tenham tanta dificuldade em gravar e lançar seus cds, o Dj Dolores está com um cd gravado que ele só conseguiu lançar até agora na Europa, aqui no Brasil nada, é uma pena.

Mais um intervalo, mais um xixi, mais algumas cervejas, um pastel até interessante, não sei se era a fome já passava das dez da noite, mais gente bonita circulando e mais uma vez a irreverência e felicidade de Roger de Renor, enquanto esperavamos aprontar o palco para a próxima atração.

CHINA entrou no palco com sua banda e como sempre elétrico cantou algumas músicas do seu repertório, depois chamou o pessoal da MOMBOJÓ para tocarem duas músicas juntos, a Mombojó é uma banda já da segunda safra da cena pernambucana, filhos do Mangue Beat, vieram para ficar e trouxeram consigo mais qualidade para se incorporar a já tão genial cena local, os meninos são realmente muito bons, o público já fiel, também canta direitinho todas as músicas, show empolgante, no final China e banda voltam ao palco para literalmente eletrizarem a platéia, a galera se esbaldou, o que me fez lembrar quando assisti pela primeira vez um show da Monbojó no APR, isso há uns oito anos atrás, não me lembro bem, eles nem eram conhecidos, o nome soava estranho e eles tocaram no palco três, mas, ali já se via a qualidade da música que faziam, o tempo só reforçou o esperado, que bom.

Mais um intervalo, mais um xixi, mais........., já se passava das 00:30h, o cansaço já começava a dar seus sinais, isso para a juventude ali presente, imagina para mim, que podia ser pai de muita gente ali, principalmente das menininhas, belas figuras, ainda faltavam três shows para o final do festival, parecia que a previsão das doze horas de show da produção ia se confirmar e todos querendo assistir a banda mais esperada a Nação Zumbi, eis que o já não tão alegre Roger, afinal ele tá bem próximo de mim na idade, anuncia acertadamente, para mim e para a grande maioria, que a próxima atração seria a Nação Zumbi, saí do meu estado de sonolência e fui assisti-los, agradecendo a produção, eu e a grande maioria presente.

"Quando a maré encher" foi a primeira música apresentada pelo NZ, e aí tudo se mostrou ao que veio, o cansaço ficou de lado e a galera extasiada pulou e dançou como nunca, o que se via não era apenas uma admiração como das bandas anteriores, era adoração pura, uma simbiose entre plateia e público, a NZ com certeza é hoje disparada (sem ufanismos) a melhor banda do rock nacional e com vários corpos de vantagem aos demais concorrentes e como tal eles se apresentaram, muito mais maduros, consientes da importância que hoje tem no cenário musical, destilaram todos os hits, inclusive da época do Chico Science, e a plateia retribuiu cantando, dançando como nunca, um show para ficar na história de Recife, não perderam a oportunidade de alfinetar a imprensa e as rádios pernambucanas que não dão importância e nem tocam a música deles.

Já era perto das 2:00h da manhã do domingo quando eles encerraram o excelente show, apesar da animação, o cansaço já tomou conta de mim em definitivo, e assim como uma grande maioria não fiquei para assistir ao show do OTTO e da ETA CARINAE, mas depois da NZ poderia ir para casa tranquilo.

O festival QUINTAL PE mostrou-se acertado, espero só que sejam mais ageis entre uma atração e outra, se bem que a galera ali presente não se importou muito com isso não, espero que haja continuidade a este festival.

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