Assistir a este documentário de Cláudio Manoel, Calvito Leal e Micael Langer pode trazer muitas reflexões além do prazer de ver um filme dinâmico e muito bem estruturado. Primeiro, ele mostra a ascenção do Simonal e você já começa a refletir como isto foi possível numa época em plena ditadura militar e preconceitos raciais em voga, um preto rico?Um dos grandes méritos do filme sobre Wilson Simonal está na quantidade e na qualidade do material de arquivo. É a partir dele que podemos tomar uma certa dimensão do que foi o fenômeno que, segundo Nelson Motta, chegou a emparelhar com Roberto Carlos em nível de popularidade e se consagrou como o primeiro e talvez o maior popstar negro da música brasileira até os dias de hoje. Se a insígnia de "melhor cantor de todos os tempos" pode ser questionável, ninguém tira dele o status de ser o intérprete com maior empatia e capacidade de comunicação com o público, um verdadeiro regente das massas e grandes platéias e isto o filme mostra bem.
As informações apresentadas chegam quase sempre como novidades e os depoimentos são sempre esclarecedores, o filme segue informando sempre de maneira imparcial os fatos mais relevantes de sua vida, inclusive a fatídica passagem envolvendo o seu contador, o início de sua derrocada, e outra reflexão pode ser feita, o que leva uma pessoa que veio do nada, consegue subir tanto, vir a tratar a vida com uma certa arrogância e depois meter os pés pelas mãos, mas ele não está só, temos vários exemplos deste tipo.
Mais deprimente e beirando o patético foi ver as cenas de Simonal pouco antes de morrer e depois de quase vinte anos, ainda tentando se explicar em programas televisivos inexpressivos, a exceção de Hebe, que ele não foi dedo duro, imaginem vocês, alguém passar vinte anos com este carma, que crueldade e ainda tem gente que zomba disto.
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