sábado, 16 de maio de 2009

DANÇA - GERALDAS E AVENCAS - 15/05/09


Este espetáculo de dança encenado pela Companhia Primeiro Ato de Belo Horizonte, recebeu muitos elogios de público e crítica o que criou uma certa expectativa para sua encenação aqui no Teatro de Santa Isabel.

Questionando a ditadura da beleza e os padrões estéticos que submetem homens e mulheres, o espetáculo desperta uma reflexão em torno do tema, o que não deixa de ser algo interessante sobre este aspecto, quanto ao ato de dançar, apenas o trivial, bons dançarinos em coreografias competentes, nenhuma ousadia, apesar da ótima trilha de Zeca Baleiro proporcionar isto, trilha esta que vai do samba à ciranda, passando pelo axé e xote entre instrumentais e interpretações do próprio autor, pena que não tinha o cd para vender, valeria a pena, no mais, apenas mais um espetáculo de dança.

O problema é que depois de Twila Tharp, Pilobolus e Momix a dança contemporânea nunca mais foi a mesma e olhe que isto já faz um bom tempo, apesar que na dança clássica é a mesma coisa, alguém aí se lembra de algum outro dançarino depois de Nureyev, Barishnikov e Fernando Bujones?


Nota: Tive o prazer de assistir a um espetáculo de Mikhail Barishnikov, o ano foi 1986 ou 87 não me recordo bem, na época morava no Rio de Janeiro e ele foi se apresentar lá com o "American Ballet Theatre", só que os jornais do Rio só se referiam como a "excursão do Barishnikov", o que me deixava indignado pelo descaso com os outros integrantes do grupo, estava me iniciando como espectador de espetáculos de dança e tinha uma quase namorada (naquela época o termo "ficar" ainda não existia) a Cátia que já tinha sido bailarina e sempre íamos juntos assistir, ela queria ir muito ver o Barishnikov, só que eu não, por causa da minha indignação e também porque os ingessos eram caros, apesar de disputadíssimos, lotaram rapidamente as duas apresentações, a extra e até os ensaios abertos, tudo esgotado rapidamente, como eu me recusava a ir, intransigência imatura de um ainda quase jovem, ela conseguiu comprar com uma amiga, só que no dia da apresentação, no sábado, a tal amiga teve problemas de saúde com a família no interior do Rio e fui intimado a ir com ela para o Teatro Municipal assistir ao Barishnkov, lá fui eu com minha rabujice juvenil e arrogância, já destruindo o espetáculo, só que desde o início, durante e ao final do ballet pude verificar que toda aquela idolatria e reverência a ele durante as duas semanas anteriores eram plenamente justificadas, nunca vi ninguém dançar como ele, nem Fred Astaire, uma leveza inigualável, um sentido musical que beirava a perfeição, com a música ao vivo, ele quase que levitava no ar para acompanhar o compasso certo da orquestra, na cena em que Dom José mata Carmem na ópera de Bizet, era impressionante a sincronia com a música e isto tudo com uma leveza e uma delicadeza (matar alguém com delicadeza? só para os gênios) de deixar você boquiaberto.
Ao final do espetáculo na saída daquele belíssimo teatro, tive que dar a minha mão a palmatória, todo estardalhaço feito em volta do Barishnikov era justificado, o espetáculo era dele que era acompanhado por uma companhia de ballet que nem me lembrava mais o nome, ele foi simplesmente genial.


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