sábado, 25 de julho de 2009

LP - Atrás do Porto tem uma Cidade - Rita Lee & Tutti Frutti




















Após três anos da saída dos MUTANTES e de ter lançado dois discos em carreira solo, mas ainda com a ajuda dos antigos companheiros, foi só neste disco que Rita Lee conseguiu definir sua sonoridade, deixou de lado Sérgio e Arnaldo e criou uma banda azeitadíssima, a Tutti Frutti.
A sonoridade da banda é bastante diferente dos Mutantes, mostrando sim que a loira trilhava um novo rumo e bastante independente, inclusive assinando como única compositora várias das faixas. A tecladeira marca o disco, e a instrumentação usada (moderníssima na época) incluía moog, melotron e piano. As duas guitarras convivem muito bem e se aproximam mais da música stoniana do que se ouvia, por exemplo, nos Mutantes, o baterista Mamão tem um estilo um pouco mais agressivo que Dinho, o que deixa o som do TF um pouco mais pesado.
Recheado de ótimas canções, incluindo duas que permanecem como hits até hoje, "Menino Bonito" uma balada pop ao som dos teclados que foi a precursora de tantas canções que ficaram no imaginário do cancioneiro pop brasileiro e o outro hit é "Mamãe Natureza" que é talvez a maior e mais preciosa delas. O trabalho de banda é impecável, mas independente disso a música é excelente... Rockn’roll pegajoso e simples com mudanças de andamento e um solinho de guitarra irresistível, melhor impossível. Como se não bastasse, o refrão "estou no colo da mamãe natureza, ela toma conta da minha cabeça" é o estado de espírito de Rita e banda.

Em "Eclipse do Cometa" Carlini executa um slide havaiano impecável e em "Círculo Vicioso" a banda entra de cabeça no progressivo (de curta duração, graças a deus tiveram bom senso...) num andamento que passa do rock pesado ao jazz com muita naturalidade. Outras preciosidades "Yo no creo, pero..." rock dos melhores "yo no creo em bujas, pero que las ay, las ay..." era entoado por todos, "Ando Jururu" ainda abrigava resquícios da era psicodélica.
Rita Lee mostrava o verdadeiro potencial que tinha e o seu tempo nos MUTANTES começava a virar passado (que nunca deve ser esquecido), ela se transformaria numa fábrica de canções pop de qualidade que simplesmente encantou e fez todo mundo dançar e sonhar ao seu som, um nome que deve ser respeitado eternamente.
Sem Rita Lee o rock brasileiro nunca teria existido.
Ano de lançamento: 1974
Ano de aquisição: 1974
Nota: Este foi praticamente o primeiro disco de rock brasileiro que comprei, no sentido de ter a intenção de comprar um disco de rock brasileiro, já tinha ouvido falar dos MUTANTES (me lembro de uma apresentação deles num destes festivais, acho que eles defendiam a música "Balada para um louco" e foi um misto de vaias e aplausos, eles sempre estiveram a frente do seu tempo), a curiosidade pela carreira solo da Rita me fez comprar este disco, além da capa que achava interessante, fiquei deslumbrado por sua música, a qual acompanho e admiro até hoje, apesar dos altos e baixos (mais altos do que baixos). Viva Rita Lee, ela merece.

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