domingo, 4 de outubro de 2009

Olinda Jazz Festival 2009 - 02/10 a 04/10/09



O Olinda Jazz Festival, este ano na sua 5ª edição, mais uma vez será levado no bucólico Mercado da Ribeira (foto), incrustado no Sítio Histórico de Olinda, cidade patrimônio cultural da Humanidade, o mercado com suas lojas de artesanato recebe em seu pátio central ao ar livre os shows do festival, onde pelos seus paralelepípedos passaram frevos imortais, banhados pela iluminação natural de uma esplendorosa lua cheia, nesta ambiência e com este alto astral, assim começou a primeira noite de um festival que a cada ano recebe mais espectadores, chegando lá, já na apresentção do "Quinteto Violado" e com o mercado já apinhado de gente, consegui me estabelecer em uma das cadeiras que por milagre estava vazia e de lá pude curtir ao belo show apresentado pelo Quinteto, todo calcado no repertório instrumental de suas belas composições, como não poderia deixar de ser, eles tocaram alguns frevos que levantaram a plateia, tocar frevo em Olinda é pra ganhar o jogo fácil, mesmo que seja em compassos mais lentos, músicos talentosos para uma apresentação irretocável. Em seguida foi apresentado o resultado de uma oficina do grupo pernambucano Bongar com uma acordionista polonesa que infelizmente não consegui entender o nome, só sei que ela era muito bonita e tocava bem, eles apresentaram uma jam session fruto da oficina cultural que fizeram durante a semana, eles tiraram um bonito e expressivo som, para finalizar a noite uma atração que ficou meio deslocada no festival, o grupo "Moleque de Rua", muito sofisticado para ser "Axé music", mas muito apático para ser o "Monobloco", como não conseguia ser nem uma coisa nem outra, não encontrou muita empatia com o público.

Na segunda noite, chegando atrasado novamente, com a lua cheia a iluminar os corações dos amantes jazzísticos, estava tocando um trio formado por Oleg Fateev, Simone Sou e Carlinhos Antunes. Oleg Fateev, um acordionista nascido na Moldávia, comandava o trio, com composições próprias, explorando a música erudita e tradicional russa e lançando mão de improvisos e sonoridade folk, onde imperava a sofisticação nos arranjos e com improvisações impecáveis que destacavam a integração do trio, fizeram um show que encantou a plateia que extasiada acompanhavam os acordes com bastante atenção. A próxima atração foi a "Amsterdam Klezmer Band" que como o próprio nome diz é natural da Holanda, a primeira vista, poderia-se imaginar, pelo aspecto físico, que eles tivessem saído do filme "Os Cowboys de Leningrado invadem a América", totalmente desconhecido do público, era nítida a desconfiança no que viria. A banda mostra uma visão contemporânea da tradição musical Judaica e dos Balcãs e logo na primeira música mostrou ao que veio, empolgando a plateia com sua música vibrante, a imagem daquela banda do filme se dissipou logo, os músicos todos muito bons com destaque para o saxofonista e o clarinetista, este fez solos ótimos, do meio para o final do show, com a calorosa acolhida do público, eles se soltaram e cada vez mais empolgavam, ao final foram ovacionados, voltaram três vezes para o bis e acabaram o show com todos dançando como manda a tradicional cultura judaica, foram aprovados.

O terceiro e último dia do festival, começou com o sol do final da tarde, acariciando a pele e corações de todos, presenciar o sol raiando e a lua cheia se levantando em plenas ladeiras de Olinda e ainda ouvindo uma boa música, realmente não tem preço. Iniciou-se com o "Grupo Bongar" oriundo da "Nação Xambá" ponto de cultura Afro, localizada na periferia de Recife, com sua música percurssiva e estritamente focada nas raízes africanas, este grupo formado por seis jovens da periferia, que pela condição, poderiam ter se disvirtuado para outros caminhos, mostraram o que a cultura pode fazer para a melhoria de suas vidas, seis garotos que transpiram felicidade e alegria de estarem ali se dedicando a música como forma de viver, com sua música baseada no som dos tambores, envolveram e atiçaram o público logo no ínicio, muito mais seguros do que no show que fizeram com o Bejamim Taubkin ano passado no mesmo festival, a presença sempre alegre e dinâmica dos integrantes do grupo contagiaram a plateia que dançou ao ótimo som afro pernambucano do grupo. A próxima atração foi a nova revelação de Mali, Adama Yalomba, que com sua música bastante típica da região e dançante empolgou a plateia, como um Gilberto Gil, ele tomou conta do palco e fez uma apresentação eletrizante, dançou, cantou, tocou com um frescor que contagiou a todos, uma música que tinha tudo a ver com a ambiência de Olinda, festa e alegria na medida certa, ninguém queria deixar o negão sair do palco, energia pura. Para finalizar a noite as irmãs Franco/Camaronesas que atende pelo nome "Les Nubians", com seu estilo pra lá de eclético, elas cantaram de tudo, tem vozes bonitas, mas, por cantarem de tudo elas pouco acertaram, o ecletismo pode funcionar como referência, como estilo, poucos conseguem ser bons, a apresentação das irmãs quebrou o ritmo empolgante das outras apresentações, elas deveriam ter iniciado o dia e não fechado, neste aspecto a produção não acertou.

No balanço final, faltou o tradicional jazz no Olinda Jazz Festival, mas como disse o líder do Bongar, jazz é improviso e houve muito improviso nas apresentações. O local foi acertadíssimo, Olinda ao ar livre é sinônimo de alegria e pessoas felizes, Montreux que se cuide.

2 comentários:

  1. Caramba. Todo mês agora tem festival de música em Olinda...??

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  2. Pois é Marcão, seria bom se fosse sempre assim, e com boa música.
    Abraços
    Robson

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