quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Filme Bastardos Inglórios - Quentin Tarantino


Não se consegue assistir a um filme de Quentin Tarantino, sem se remeter ao seu início de carreira com "Cães de Aluguel", primeiro, porque aquele filme feito de maneira independente mostrava que o cinema poderia ter um caminho alternativo para se renovar, em segundo, pela própria maneira como ele se lançou no mercado cinematográfico. De mero vendedor de uma video locadora para um dos mais respeitados diretores do cinema americano, uma trajetória respeitável, amparada por um sentimento inabalável de amor ao cinema, dificilmente visto entre os artistas de sua geração.

"Bastardos inglórios" é antes de tudo mais uma apaixonada incursão de Tarantino no mundo adulto da fantasia, onde seu amor a filmes B e antigos aparecem na abertura do filme e permeiam cenas até o seu final. A cena de abertura é um primor de direção de arte e de atores e é fundamental para entender a narrativa, com direito a uma homenagem belíssima a cena final do extraordinário filme "Rastros de ódio" de John Ford, mas repetir a cena pura e simplesmente seria muito pouco, Tarantino homenageia invertendo a situação da cena, mostrando que uma nova leitura pode também ser uma forma de respeito com inovação.

Mexer numa ferida de um dos episódios mais tristes da história mundial, quando tantos filmes já abordaram com diversos enfoques, não é tarefa das mais fáceis, mas o diretor e escritor optou por fantasiar este episódio, poderia ter resvalado para a vulgarização. Apesar da violência explícita, marca registrada do diretor, a estória se desenrola com um certo humor, e os personagens são apresentados como as pessoas que poderiam ter mudado esta triste história, o que nos faz torcer para que eles atinjam seu objetivo, mesmo que para isto seja necessário o uso de violência e venha a custar a vida de pessoas.

A história é contada em capítulos que se entralaçam entre si, numa narrativa dinâmica, os fatos são apresentados de uma maneira a se criar uma expectativa positiva no seu final, a cada cena surge uma surpresa, aumentando a torcida a favor dos bastardos, criando no espectador a vontade de que os fatos históricos sejam modificados.

Com o elenco encabeçado por Brad Pitt numa atuação digna de um escroque sem coração, com um sotaque e um bigodinho que são o ó (lembrando sua atuação em "Snatch - Porcos e Diamantes" de Guy Ritchie ), Tarantino continua sendo um ótimo diretor de atores, todos os bastardos estão ótimos (Eli Roth, o melhor), assim como Cristhopher Waltz com uma atuação magistral como o oficial Nazista "Caçador de Judeus", que rouba todas as cenas em que aparece, inclusive uma com Pitt.

Tendo uma narrativa leve e solta, Tarantino mostra mais uma vez que filma com a paixão dos novatos e é muito fácil de verificar isto, quando ao final do filme se percebe que tivemos mais de duas horas de puro prazer.

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