sábado, 24 de outubro de 2009

LP Blood on the Tracks - Bob Dylan



Há talentos que são incontestáveis, Bob Dylan é um deles, apesar de sua sofrível voz, compensa com seu extraordinário talento para compor e escrever letras transformadas em verdadeiros poemas, seja falando da relação humana, contestando a sociedade ou simplesmente em canções de amor, tornou-se um verdadeiro ícone da cultura pop mundial, título que lhe acompanha há mais de quarenta anos. Um dos maiores poetas vivos das Américas, com seus poemas Dylan é o único que mais claramente pegou o mar turvo e colocou num copo para que possamos digerir.

"Blood on the tracks" foi lançado numa época dificil na sua vida pessoal, o que é fácil supor desde o título do LP até uma rápida análise de suas músicas. Com problemas familiares, principalmente com a esposa Sarah, ele traz o sentimento de volta ao lar, as palavras, a música, o timbre da voz, falam de lamento, melancolia, de um sentido de adeus inevitável, misturados com humor malicioso, alguma raiva e uma alegria simples, são os poemas de um sobrevivente.

O disco é simplesmente magistral, Dylan na sua melhor forma, ninguém consegue melhor interpretar Dylan do que o próprio Dylan. "Idiot wind" é um verdadeiro clássico do cancioneiro americano, é um poema duro, de sangue frio sobre a ira do sobrevivente, incrivelmente pessoal, mas mesmo assim pode figurar como um hino para todos aqueles que se sentem invadidos, abusados e embrulhados. Outro destaque é o poema de longa narrativa "Lily, Rosemary and Jack of hearts" onde canta uma canção mais fugitiva, alusiva, simbólica, cheia de imaginação e reticências.

Além de se expor publicamente, o disco mostra um Dylan musicalmente mais maduro, a sua inseparável gaita, as vezes melancólica, as vezes alegre, dá o tom certo a cada música, seu violão com sua batida folk, transforma suas baladas em verdadeiras perólas musicais, o exemplo são as belas "Tangled up in blue" e "Simple twist of fate". Uma ótima fase para o mestre do folk.

Apesar da unidade musical deste extraordinário disco, ele não figura entre os mais conhecidos de Dylan, merece uma grande atenção, mesmo trinta e cinco anos depois de ser lançado, as grandes obras são eternas.

Ano de lançamento: 1975
Ano de aquisição: 1975

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