quinta-feira, 15 de outubro de 2009

LP e CD Young Americans - David Bowie



O susto foi grande, o andrógino de antes, trocou sua pele de cachorro por um terninho Armani, se antes ele mostrava um futuro desolador e sombrio atráves de rocks pesados, agora ele tentava descrever os jovens americanos pela visão de um jovem inglês ao som chupado da mais autêntica Black Music norte americana, coisas de camaleão.

David Bowie sempre foi um artista que esteve a frente de seu tempo, ditando tendências, desde quando ele vindo do espaço, aportou na terra como o Ziggy Stardust, apontando caminhos a serem seguidos, sua necessidade de se reinventar é preemente e lhe acompanha já há muito tempo, esta mudança foi literalmente cantada em "Chant of the ever circling skeletal family" última música do extaordinário "Diamond Dogs" disco de estúdio anterior, a profusão de metais e o balanceado próprios da soul music, davam a dica para o que poderia vir.

Numa época em que o Rock predominava e a música negra estava em baixa, Bowie vai beber na fonte de seus antigos ídolos da R&B. É bem verdade que esta mudança do rock para a soul já tinha sido mostrada no seu disco ao vivo "David Alive", mas nem os fãs mais ardorosos acreditavam que o rock sucumbiria a soul music. A Disco music começava a dar seus primeiros passos, mas ninguém iria imaginar que pelo menos por um período o POP estaria a frente do Rock.

O disco começa com a bem balançada faixa título, mostrando todo o feeling do camaleão do rock, a introdução de bateria com sax é de arrepiar, a visão de Bowie do jovem americano está impregnada de música negra, dos corais a batida do baixo, depois desta introdução, aquele fã ardoroso do rock, já começa a repensar. E tem muita Soul music cantada com a alma branquela inglesa, mas de uma competência pouco vista, ele está cantando como nunca, e parece que neste tipo de música sua voz se sobressai mais.

Com um convidado luxuoso, o seu recente amigo John Lennon, eles fazem uma releitura matadora de "Across the Universe" sucesso dos Fab Four, uma versão cheia de nuances, bem diferente da original com os Beatles, mas a melhor música do disco é "Fame" parceria sua com o John, um verdadeiro funkão de arrasar quarteirão, o baixo marcando o compasso a la "Sly & Family Stone" é irresistível e impossível não se levantar para dançar, chegou ao primeiro lugar das paradas americanas.

Uma verdadeira aula de soul music, provando que a música negra americana também pode ser cantada por branquelos, eles só precisam ser gênios.

No CD, além das maravilhas tecnológicas de conseguir uma limpidez maior na excelente voz de Bowie, ainda contém três "Bonus Track" de alta qualidade, sendo uma delas uma divertida homenagem ao amigo Lennon "John, I'm only dancing again". Em "It's gonna be me" ele canta de uma maneira que deixaria Marvin Gaye contente.

Ano de lançamento: 1975

Ano de aquisição do LP: 1975
Ano de aquisição do CD: 2003

Nota: Em tempos de vacas magras, vivendo de mesada, a ajuda de amigos sempre era bem vinda, principalmente na compra de discos, foi o que ocorreu com este. Um amigo-irmão que preservo até hoje, Arnaldo Saldanha, foi quem me ajudou a comprá-lo, talvez ele nem se lembre da dica de um cara que vendia os discos que as gravadoras disponibilizavam para as rádios, geralmente discos que não tocavam muito, e o cara na surdina vendia-os por um precinho bem módico, foi uma festa, terminei comprando ao longo de um período, ótimos discos, um jabá ao contrário, mas valeu a pena, foi uma ótima dica.

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