segunda-feira, 24 de agosto de 2009

DVD As Filhas de Drácula - John Hough


Assisti a este filme pela primeira vez quando tinha 14 anos, o ano era 1974, foi no cinema da Base, um cinema que já comentei aqui, que podía-se entrar em filmes com censura de dezoito anos, mesmo não tendo, não me lembrava muito bem do filme, só que tinha gostado, que o filme era aterrorizante e que tinha cenas de nu das tais filhas de Dácula do título.

Naquela época, quando a ingenuidade era bem maior, um garoto de 14 anos enfrentar um filme sobre vampiros, numa sala escura de cinema, era um desafio, um misto de medo e coragem, só que poder contar para os amigos da escola no dia seguinte que assisti incólume a um filme de vampiros, conseguir dormir a noite e ainda por cima ver cenas de nudez, era a glória.


Foi interessante assisti-lo mais de trinta anos depois neste DVD, que ele se tornou um clássico, mais um produzido pela produtora HAMMER, é fato, e verificar que ele não é tão aterrorizante como antes, é outro fato, o que me levou a tergiversar sobre o assunto, será que o filme é que realmente não era tão aterrorizante? ou será que a minha percepção do medo é que diminuiu muito? é certo que vivemos tempos bem diferentes, a explosão da violência cada vez mais próxima de nós, a própria banalização da violência que vivenciamos dia a dia pelos meios de comunicação, principalmente na TV, está diminuindo nosso instinto emocional, dando lugar a racionalidade extremada, que faz com que a nossa capacidade de sentir medo também diminua e aquela cena que causava calafrios, hoje já é assistida sem sobresaltos, o que nos faz crer que infelizmente estamos nos tornando seres sem emoção? e não há como não fazer um paralelo com o filme, uma das características fundamentais dos vampiros era sua total falta de emoção, será que estamos nos tornando vampiros da era moderna? espero que não.

Deixando de lado as tergiversações filosóficas e voltando ao filme, os dentes afiados, a cruz, as cenas e o enquadramento característicos dos filmes realizados pela Hammer estão lá, não com a mesma força dos filmes mais antigos da própria produtora, eles já estavam passando por dificuldades e poucos anos depois fecharam definitivamente. Peter Cushing como sempre desempenha o seu papel com maestria, filmes com ele e o Christopher Lee eram marca registradas da produtora, fiquei o tempo todo esperando as cenas de nudez, que apesar de não me lembrar delas, ficou registrada num cantinho da minha memória, as tais filhas de Drácula, que por sinal nem aparece no filme, resultado da adaptação desastrada da tradução do título original "Twins of Evil" (Gêmeas do mal) eram Mary e Madeleine Collinson, muito populares na época por serem as primeiras gêmeas a aparecer na capa da revista Playboy, elas como atrizes eram ótimas coelhinhas, a tal cena de nudez aparece só quase no final do filme e não demora mais do que um minuto, o que me fez pensar sobre a libido de um pré-adolescente, pois me lembro que fiquei extasiado com esta puritana cena de sexo, libido associado com tempos repressivos só dava nisso. Viva a liberdade.

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