sábado, 20 de junho de 2009

A Ilha do Corsário - Errol Flyn


O cinema é uma outra grande paixão, na minha memória, o primeiro filme que tenho lembrança de ter assistido foi "A Ilha do Corsário" com Errol Flynn, nem tanto pelo filme, me lembro de algumas cenas, mais pelos fatos ocorridos antes da ida ao cinema, assisiti ao filme no Cine Capitólio em minha cidade natal Campina Grande/PB, na realidade só fiz nascer lá, onde meus avós moravam e como meu pai viajava muito, minha mãe ia ter os filhos lá, nunca cheguei a morar, mas sempre passava minhas férias do meio do ano e ia também várias vezes durante o ano, eu simplesmente adorava encontrar com primos e amigos para brincar e brincava muito.

O ano era 1967, eu com apenas sete anos não via a hora de poder ir ao cinema, estava na casa de minha avó e a ansiedade era grande, ia com meus irmãos e primos mais velhos e todos já tinham ido ao cinema e falavam com tanta admiração que aquilo só aumentava a minha vontade de ir, aumentando também a aflição, pois as horas teimavam em não passar, finalmente chegada a hora, saímos eu, meus dois irmãos e dois primos e ao deixarmos a casa de minha avó o terrorismo deles começou e o que para mim seria a realização de um momento tão esperado começou a se tornar um pesadelo, criança quando quer ser cruel ela é cruel e sobra sempre para o menor, no caso eu, o filme tinha censura de dez anos e como eu tinha sete, existia a possibilidade de eu não entrar o que aumentou minha aflição, no caminho meus primos que eram de lá diziam que se o porteiro tal, já um senhor de idade e bem bruto, na descrição deles, estivesse na bilheteria a minha chance de entrar era mínima, além de não entrar iria receber uns gritos do tal porteiro e teria que ficar do lado de fora esperando que eles assistissem ao filme, a minha aflição começou a se tornar desespero. Ao chegarmos lá, um quase alívio, não era o tal porteiro que estava na bilheteria, aliás nem sei se um dia existiu este porteiro, talvez fosse só história dos meus primos, mesmo assim eles disseram que o porteiro do dia também não era tão bom assim, com o ingresso na mão que mal conseguia segurá-lo, devido a tremedeira, tive a sensação que o coração iria sair pela boca, tal a apreensão ao passar pelo porteiro, um alívio tomou conta de mim, agora era só assistir ao filme, qual o que, era uma sessão da tarde e a algazarra dentro do cinema, antes de começar o filme, era grande, só que meus primos com uma ajuda maior dos meus irmãos, recomeçaram a meter medo, agora por causa do lanterninha do cinema que coitado estava tendo um trabalhão para conter aquela molecada toda, com isso meus primos mandavam eu me esconder do lanterninha pois se ele me visse iria me tirar do cinema, aí eu quase chorei, conseguir passar pelo porteiro e ser retirado pelo lanterninha era demais para mim, além do fato de não poder assistir ao tão esperado filme teria que ficar lá fora sozinho e isto com sete anos de idade. Depois de ver os gritos do lanterninha com os outros garotos, fiquei a imaginar a cena de ele, aos berros, me tirando do cinema, então toda vez que ele se aproximava, eu ia me abaixando na cadeira até ficar quase escondido e segurando o coração que novamente queria sair pela boca.

Finalmente as luzes se apagaram e eu na minha ingenuidade não me contive e gritei "conseguiiiiiiii".

Do filme não me lembro muito bem, me lembro que fiquei maravilhado com aquela tela enorme e das cenas de combate pirata, com Errol Flynn voando com sua espada. Da minha aventura, esta, não esquecerei nunca.

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