quinta-feira, 8 de abril de 2010

LP Sallom, Sinclair and the Mother Bear - Sallom, Sinclair and the Mother Bear


Há certos artistas ou grupos que não alcançaram o sucesso, ou não se destacaram no cenário musical, são praticamente ignorados, as vezes até merecidamente devido a baixa qualidade musical, só que as vezes imerecidamente, pois seu conteúdo musical está acima da média, mas mesmo assim lançam discos mas caem na obscuridade, isto pode ser aplicado ao grupo Salloom, Sinclair and the Mother Bear, liderados pelo guitarrista e vocalista Roger Salloom e pela vocalista Robin Sinclair.

Primeiro de tudo, fora a extraordinária Janis Joplin, nunca vi uma cantora com um vozeirão e uma força interpretativa como esta Robin Sinclair, de voz limpida, cristalina e uma extensão nos agudos de deixar Maria Callas boquiaberta. A comparação com a já citada Janis é inevitável e talvez seja daí que se compreenda o fato de ela não ter despontado, elas são da mesma época, este LP foi lançado em 1968, e a estrela de Janis brilhou demais não dando chance as demais.

O disco desta banda americana de Chicago, berço do blues, é rock bem típico do final dos anos sessenta início dos setenta, pesado com tons psicodélicos, muito órgão ditando o ritmo, acompanhado de uma guitarra pesada. Se o lado 1 é todo dominado pela voz de Robin e um estilo que lembra o Jefferson Airplane, o lado 2 é todo do Roger, num estilo musical bem próximo do ótimo Van Morrison, com toques de blues, como deveria ser de alguém vindo de Chicago, a mistura de blues e rock em "Florida Blues" é bem convincente. A não ser o deslize da música final, um interminável discurso sem efeito de mais de oito minutos, só salvo pela participação vocal da Robin, o LP traz o melhor do que foi produzido à época, um time de músicos que não faria feio em nenhum dos grandes grupos que tanto sucesso fizeram na fase de ouro do rock'n'roll. Apesar da longevidade, continua atualíssimo.

Ano de lançamento: 1968
Ano de aquisição: 1976

Nota: Ganhei este disco, junto a outros, de um grande amigo que infelizmente nos deixou precocemente e hoje deve estar fazendo suas estripulias no andar de cima, Severino Cavalcanti Júnior, mais conhecido como o "Grande Júnior Bala", o adjetivo não tem nada haver com o projétil usado em armas de fogo, a denominação era para expressar a agitação e a loucura, no bom sentido, que ele ditava sua vida, um verdadeiro "aloprado", mas de um coração sem tamanho, de uma bondade sem igual e com um sentido de amizade pouco visto. Para os ligados em política, filho do ex-deputado, o controverso Severino Cavalcanti, mas nossa amizade, inclusive entre as familias, nada tinha haver com política, iniciada na infância e prolongada até a sua morte, tivemos todos, irmãos e irmãs incluso, muitos momentos de farras homéricas, a alegria tomava conta quando nos juntavamos, deixou saudades. Pois bem, Júnior que não era muito ligado em música, ao voltar da uma viagem aos EUA, me deu alguns discos que lá comprou, e por certo não deve ter gostado, este foi um deles. Confesso que na época não dei muita importância, pois não tinha o menor conhecimento de quem se tratava, e deixei o disco encostado este tempo todo. Ouvi-lo agora, foi uma grata surpresa, continuo sem saber de quem se trata, de lá para cá nunca ouvi falar deles, é uma pena, são ótimos músicos.

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