sábado, 25 de setembro de 2010

FESTIVAL MIMO - TOM ZÉ - 05/09/10




















Depois de levitar no Alto da Sé, assistindo ao show de McCoy Tyner (ver post anterior), desci ladeira abaixo (correndo) para chegar a tempo do outro show mais do que esperado deste quarto dia do Festival MIMO - Mostra Internacional de Música de Olinda, o sempre irreverente, polêmico e extraordinário Tom Zé, um dos mais inquetos artistas da música brasileira, ele é exemplo de vitalidade e renovação. Experimentalista, fez parte do movimento tropicalista, estudou música com a orientação teórica de Koellreuter, incorporando a sua música conceitos modernistas.

Tom Zé tem uma grande relação de amor com Recife e Olinda e a recíproca é verdadeira, foi aqui, no Festival Abril pro Rock de 1999 na sua 7ª edição que Tom Zé "renasceu" para o grande público, com sua performance irreverente e praticamente desconhecida na época, ele entrou na grade do festival como atração mediana e saiu do show, simplesmente consagrado pelo público de mais de cinco mil pessoas, ao final do show, este público gritava insistentemente e sem parar "Tom Zé! Tom Zé!" enquanto a produção já preparava o palco para a próxima atração, só depois da grande vaia e da plateia exigir sua volta, a produção deixou Tom Zé, já totalmente consagrado, voltar ao palco, então, ele exorcizou as décadas de incompreensão e maldição num discurso emocionado "Eu já fui enterrado duas vezes. Uma em 1940, porque um lado de minha família não queria que eu tivesse nascido. Outra em 1970, pelas circunstâncias comerciais do tropicalismo. Eu tinha medo que este ciclo se repetisse de 30 em 30 anos. Vocês acabaram de me salvar".

Palavras proféticas, hoje, Tom Zé é reconhecido mundialmente como um dos compositores mais inventivos da atualidade, o que pode ser comprovado nos seus discos e shows, neste, ocorrido na praça do Carmo em Olinda não foi diferente dos demais que ele já fez por estas bandas de cá, após o já longínquo ano de sua "redenção". Com uma praça totalmente lotada, um público de aproximadamente cinco mil pessoas que se expremiam para chegar o mais próximo do palco, Tom Zé fez um show irretocável, auxiliado por uma banda azeitadíssima, que o acompanha há longos anos, ele desfilou a música irreverente e inventiva que sempre fez. Inspiradíssimo, alegre, contente por estar ali, mais uma vez entregue nos braços de uma plateia que sempre lhe acolheu bem, desta vez não foi diferente, a numerosa plateia, devolvia com aplausos entusiasmados e alegria estampada nos rostos a satisfação de estar ali assistindo um grande artista que um dia já foi considerado "maldito", mas, que artista maldito é este que consegue colocar tanta gente numa praça pública e prender sua atenção até o final?. Mais uma vez ele foi ovacionado e o público exigiu sua volta, teve o "bis" do "bis" por exigência da plateia.

Lançando o seu novo disco "Pirulito da ciência", Tom Zé estava extasiado, parecia uma criança, ao final do show, tamanha a sua alegria. Brincava sempre com a plateia, enquanto mostrava suas músicas maravilhosas. Assistir a um show de Tom Zé é sempre um deleite, e quando ele está numa noite inspiradíssima, este deleite é maior ainda, mais um gol de placa da organização do Festival MIMO.

Assistir, em um mesmo dia, a Cristina Braga, Dado Villa-Lobos, McCoy Tyner e Tom Zé, e isto tudo de graça, eu só posso dizer uma coisa, "sorry, periferia".

3 comentários:

  1. Robson, você não sabe o misto de sensações que me fez sentir com teu comentário no Marofa Beats. Ao mesmo tempo que fiquei muito triste por me lembrar que não pude ter ido pra esse show mesmo tendo me programado (tendo, inclusive, iniciado as postagens do blog com Ave Sangria por conta desse revival), fiquei muito feliz em saber que tinha muita gente curtindo o som dos caras.

    Você tem o LP do Paebiru? Edição Brasileira? Guarda isso com cuidado e carinho porque o valor é inestimável.

    Vou ficar esperando esses teus comentários no Canto do Calado.

    Abraços e vamos manter contato!

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  2. Querido Robson,
    Que bom que você retornou ao Canto do Calado, estava na hora.Fico imensamente feliz por isso.
    Beijos do seu amigo-irmão
    João Manuel, Xoné

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  3. Grande Xoné, seu incentivo foi primordial para a retomada do canto do calado, após o incidente.
    Ainda está meio lento, o tempo anda curtíssimo, mas, em breve voltará com força total.
    Beijos
    Robson

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