sábado, 18 de setembro de 2010

FESTIVAL MIMO - McCoy Tyner Trio - 05/09/10
























Covenhamos, caros leitores, que assistir a uma lenda viva do jazz mundial, dentro de uma igreja secular, vá lá que a acústica não é das melhores, com uma ambiência alto astral, propícia a improvisos geniais, e isto tudo de graça, é um enorme privilégio. Como diria o criador das crônicas banais de costumes, "sorry, periferia", este privilégio foi para os que lotaram a Igreja da Sé, no show mais esperado e concorrido do Festival MIMO - Mostra Internacional de Música de Olinda.

Para aqueles que lá compareceram, McCoy Tyner proporcionou momentos mágicos, mostrando porque é considerado um dos mais importantes pianistas da história do jazz. Apesar do avançado da idade, 72 anos, e da aparência um tanto quanto magra, o dedilhar de seu piano continua com a mesma elegância e sofisticação de sempre. Acompanhado por um time de primeira, Gerald Cannon no baixo e Eric Kamau Gravatt na bateria, dois negões que dignificam e mantém vivo o som criado por seus ancestrais. Contando ainda com o auxilio luxuoso do veterano e excelente saxofonista Gary Bartz, que tem no currículo participações nos grupos de Miles Davis, Max Roach, Charles Mingus e Art Blakey, além de ter gravado mais de trinta discos próprios, mas ele não se destacou só pela excelência musical, o cara, com sua cabeleira, é literalmente uma figura, de dar inveja, aos estilosos cabelereiros da galeria do rock.

A tão propalada mão esquerda do McCoy Tyner, funcionou muito bem, emitindo acordes mágicos em uma noite mágica, a simbiose entre os quatro músicos beirou a perfeição, o entrosamento era nítido com o Gary improvisando em cima de temas de Duke Ellington e John Coltrane, velho conhecido de ambos, já que os dois tocaram com o mestre do saxofone. A música fluia de uma maneira tão leve e agradável que o tempo nem seria notado se eles passassem a noite toda tocando. Jazz da mais alta categoria, um espetáculo para elevar as alturas o prazer de ouvir uma boa música, a plateia de privilegiados agradecia encantada, como podia-se ver no rosto de gente como Léo Gandelman, Dado Villa-Lobos e o pianista Jean Louis Steuerman, gente de peso que aplaudia e pedia bis, uma noite que não deveria ter terminado, um ponto positivo para o MIMO, um verdadeiro gol de placa.

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