terça-feira, 21 de abril de 2009

LP e CD Brain Salad Sugery - Emerson Lake and Palmer











O Emerson, Lake and Palmer, era a prova incontestável de que a junção de três grandes músicos poderiam produzir uma excelente música, o ELP foi um dos precursores e grande nome do rock progressivo que se caracterizava pela música mais instrumental. Keith Emerson que arrasava nos teclados, chegando a ser uma espécie de cobaia para Robert Moog, o inventor do sintetizador Moog, muito usado nos anos 70, Keith sempre colocou sua experiência profissional a serviço de Moog para desenvolvimento do sintetizador. Greg Lake, guitarrista, baixista e vocalista, era considerado uma das vozes mais límpidas e bonitas do Rock que funcionava muito bem nas composições futuristas do grupo, assim como nas belas baladas lançadas. Carl Palmer foi considerado o mais perfeito baterista surgido na era do Rock'n'roll de todos os tempos. Com tantas qualidades juntas só poderia sair boa música.

Brain Salad Sugery, foi o quarto LP de estúdio a ser lançado pelo ELP, considerado por todos como o melhor disco do grupo e um marco para o Rock progressivo, um estilo que após alguns anos morreu de inanição, mas marcou época e este é um disco que ainda hoje soa muito bem, não ficou datado, como muitos outros do estilo, ele começa com "Jerusalém" com um apoteótico teclado, que pegava o ouvinte de surpresa, principalmente porque contrastava com a excelente capa do disco que mostrava uma espécie de sarcófago misturada a uma imagem de um possível Faraó, bela capa (a foto mostra a capa e contra capa), esta música tinha uma certa auréa futurista, apesar de falar sobre uma lenda onde Cristo teria visitado a Inglaterra, a simbiose entre os três músicos é perfeita com a voz de Lake (e que voz) dando o clima apoteótico. "Toccata" que é uma adaptação do último movimento do primeiro concerto para piano de Alberto Ginastera, Emerson imprime nos teclados uma versão totalmente futurista e que inclui um tema de percussão composto por Palmer, dizem que Ginastera aprovou tudo. A próxima música "Still... you turn me on" uma belíssima balada de Greg Lake, onde sua voz mais uma vez se sobrepõe, interagindo perfeitamente com a música. É deste disco a famosa "Karn Evil 9" uma música de 30 minutos (uma das marcas do rock progressivo) dividida em três partes, a segunda totalmente instrumental, que no LP, por falta de espaço teve que ser iniciada no lado A e terminada em todo o lado B (já no CD não há este problema, maravilhas da tecnologia), mostrava toda a competência dos três músicos com variações temáticas sempre focadas num determinado instrumento, são trinta minutos de bela música, sempre com intervenções inventivas, um prazer aos ouvidos.

Além do conteúdo musical de qualidade única, o álbum contava com uma capa também ousada, se abrindo em 4 partes (versão americana), numa ilustração que trazia algo parecido como um sarcófago com toques futuristas criado pelo artista plástico H.R. Giger.
Um disco para ficar na história do Rock mundial, quem ainda não ouviu, está perdendo uma grande música.

Na versão em CD deste disco, além da qualidade sonora mais límpida (remasterizado), tem-se a inclusão de mais três músicas, sobras de estúdio da época, esta talvez seja a grande vantagem do cd, afinal a tecnologia tinha que servir para alguma coisa, só que a bela capa se perde, em grandeza, no formato diminuto, uma pena.

Ano de lançamento: 1974
Ano de aquisição (LP): 1974
Ano de aquisição (CD): 2007


Nota: Este foi o primeiro disco de Rock progressivo que comprei, já tinha lido sobre o ELP e estava curioso em saber sobre esta derivação do Rock, quando soube do lançamento deste disco, os anteriores deles, na época, já não estavam mais a venda em Recife, portanto, foi uma bela surpresa ouvir este disco quando do seu lançamento aqui, somando-se a bela música, tinha a excelente capa, sempre tive um fascínio sobre as capas dos LPs, principalmente quando elas tinham um tratamento artístico diferenciado, diferentemento do CD, as capas dos LPs encantavam. Uma nova descoberta musical, como vocês veem, tantas descobertas num período curto, era muita coisa para um garoto de 14 anos, e aí, já não tinha mais volta.

Uma curiosidade: É deste disco, da música "Karn Evil 9" o tema que serviu para dar a soronidade de um trabalho de grupo na feira de ciências do Colégio Santa Maria, o ano, se não me falha a memória, era 1975, era um trabalho de Biologia sobre os genes e o nascimento, acho que era algo assim, apresentamos uma engrenagem que com luzes simbolizava o nascimento de uma pessoa, esta engrenagem saiu da cabeça do super Marcus Vinicius que bolou um aparelho enorme com tantos fios, válvulas e luzes que fez o maior sucesso na feira, tiramos o 1º lugar, a minha contribuição, além de passar o calhamaço de fios por dentro de um conduite sanfonado, era tanto fio que precisamos da ajuda de um carro para puxar os fios, foi a trilha sonora para poder chamar a atenção do aparelho, as luzes pura e simplesmente não fariam o mesmo efeito, era preciso um efeito sonoro e escolhi o final desta música que casou perfeitamente com a apresentação do trabalho, virou a sensação, todos queriam assistir o trabalho com aquele tratamento sonoro diferenciado que chamava muita atenção, isto devemos a Keith Emerson.

Após o término da feira de ciências, não sabíamos o que fazer com aquele trambolho e resolvemos presentear a professora de Biologia Juraci, uma senhora (na nossa idade, qualquer pessoa mais velha, já era uma senhora) inicialmente irascível que demonstrou-se ser ao longo dos anos, uma pessoa maravilhosa, chegamos a casa dela em Olinda (antiga sede do grêmio carnavalesco "Pitombeira dos quatro cantos") com o já citado trambolho para presenteá-la, lembro da cara de espanto e a aflição dela quando lá chegamos, e nós do grupo (eu, Marcus, Arnaldo, Walter e Mauro Maibrada) certos de que estavamos abafando com aquele presente, não sei o que ela fez com "aquilo", talvez tenha servido para substituir toda a fiação da antiga casa, as luzes coloridas encontrei ornamentando os carnavais futuros, por diversos anos, passei por lá para cumprimentá-la, nos carnavais e fora dele, e ela sempre tão alegre me recebia, nunca tive coragem de perguntar que fim levou aquele aparelho, nem ela nunca me disse nada, uma cumplicidade silenciosa, talvez a intenção de homenageá-la estivesse acima de tudo e com certeza ela entendeu, faz tempo que não vejo Juraci, saudades, espero que esteja bem.

2 comentários:

  1. Nossa, como é bom ler suas historias. Mesmo não tendo participado me vejo nelas porque vivi essa época. Nós arrumávamos sempre uma maneira de colocar um trecho de um som "exclusivo" só pra ver a reação das pessoas em apresentações de feira de ciências ou outra qualquer. O bordão "Welcome back my friends to the show that never ends" estava em todas. Sabe o que sinto falta aqui? Pink Floyd ou Roger Water/solo.
    Bel

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  2. Oi Isabel, que ótimo que esteja gostando do blog, pra mim tem sido muito prazeroso, apesar do pouco tempo disponível, tem trazido grandes recordações.
    Quanto ao Pink Floyd é um grupo que gosto muito, mas descobri pra valer um pouco mais tarde, e como a ideia é comentar os discos adquiridos por ordem cronológica, se não me perco, afinal são muitos, a vez deles chegará.

    Robson

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