domingo, 19 de abril de 2009

Show - Abril pro Rock (18/04/09)




Como faço todos os anos, este já é o décimo seguido, escolho um dos dias do festival Abril pro Rock, para ir conferir as novidades lá apresentadas, como sempre, as expectativas de bons shows sempre são confirmadas e este ano não foi diferente, o dia escolhido foi o sábado que tinha no cantor Marcelo Camelo sua atração principal, o outro dia foi o Motohead, mas aí é muito peso e prefiro a programação um pouquinho mais light, mais diversificada.

Cheguei no Chevrolet Hall, local do festival, que desde o ano passado mudou-se para lá, uma mudança acertadíssima pela produção do festival, antes era no Centro de Convenções de Pernambuco, um local inapropriado para shows, com uma acústica terrível e bastante desconfortável, era preciso muito amor ao Rock para assistir show ali, no Chevrolet Hall a acustíca melhorou um pouco, é necessário aperfeiçoar-se mais, mas pelo menos agora conseguimos entender o que os cantores estão cantando, no Centro de Convenções tinha show que você escutava apenas uma massa sonora sem conseguir distinguir nem o que os cantores cantavam nem os instrumentos.

Como ia falando, cheguei no CH, por volta das 19:30h e pelo visto o festival começou neste dia com pontualidade, pois perdi os dois primeiros shows, o THE KEITH (PE) e JOHNNY HOOKER & CANDEIAS ROCK CITY (PE), uma pena, estava curioso para conhecer a sonoridade destes dois grupos daqui de Recife, já ouvi falar neles, principalmente o Johnny Hooker, gostaria de ter assistido, fica para uma próxima, cheguei com o show do VIVENDO DO ÓCIO (BA) já começado, pelo que vi, não perdi muita coisa, duas guitarras, um baixo e bateria, apenas isso, pois é meus reis talvez vocês tenham que deixar um pouco o ócio de lado e comecem a estudar ou praticar mais, sem novidades, não empolgaram a pequena platéia presente (tomei um susto quando cheguei, parecia que seria um fiasco de público), terminado o show uma pequena pausa para a próxima atração, diferentemente do ano passado, quando não se conseguia nem respirar e já começava o outro show, eram três palcos em locais diferentes, era agilidade demais, este ano pareceu que seria diferente, pois a próxima atração usou o mesmo palco da anterior, era apenas um ledo engano.

RETROFOGUETES, também da Bahia, entrou no palco com uma vitalidade grande, guitarra, baixo e bateria, totalmente instrumental, o figurino a lá anos setenta, macacões laranjas, tipo trabalhador americano, o baixista parecia ter saído direto de Woodstock para o Abril pro Rock, também nenhuma novidade, rock instrumental de verdade foi apresentado ano passado pelo trio PATA DE ELEFANTE, uns gaúchos bons da gota serena tchê. A apresentação do Retrofoguetes prova que três bons instrumentistas somente não resolve o problema, empolgou apenas um pequeno grupo da ainda pequena platéia.

A próxima atração já foi anunciada no mesmo vapt-vupt do ano passado, a eficiência voltou ao normal e agora mais eficientepois eram dois palcos um ao lado do outro, talvez fosse interessante uma pequena pausa de uns dez minutos entre uma atração e outra, para dar uma folga aos ouvidos.

Com HEAVY TRASH (EUA) o nível melhorou e muito, este grupo é um projeto paralelo do Jon Spencer, que já se apresentou no APR há uns cinco anos atrás, com o Jon Spencer Explosion Group, uma apresentação verdadeiramente explosiva, com o HT ele veio um pouco mais calmo, mais acústico com um visual totalmente anos 50 e inspirado no grande Buddy Holly e Elvis Presley do início, as músicas com arranjos sempre lembrando as músicas feitas na decada do começo do Rock e todas sempre de qualidade, a sonoridade olhando para o passado, mas com a visão no presente, um dos destaques foi o baterista que de vez em quando precisava tirar do bolso um pentezinho de dente de elefante para conseguir acertar o que o gel dos cabelos não conseguia segurar, ele tinha no olhar a apatia de um Charles Watts e tocava tanto quanto ele, é.............., vamos dizer quase tanto quanto ele, afinal o cara é um Stone há quarenta anos e sustenta tudo lá atrás do Rolling Stones, uma lenda viva da bateria, é preciso muito para ser comparado a ele. O HT fez um show competentíssimo e empolgante, ganhou fácil a já mais numerosa platéia, música de qualidade é outra coisa.

Coube ao grupo pernambucano VOLVER a difícil tarefa de se apresentar após o HT, e quando digo logo após é poucos minutos depois, acho que menos de cinco, não seria fácil, só que a Volver já tem um público cativo que estava lá empolgados para assisti-los e os caras são realmente competentes, já tinha ouvido falar muito deles, nunca tinha assistido, e para superar música de qualidade só com música de qualidade e foi o que aconteceu, o nível continuou muito bom, com um rock muito bem tocado e algumas baladas acima da média, o Volver conquistou a platéia logo logo, tocaram uma versão de Canteiros (Fagner - Cecília Meireles) empolgante que segundo o vocalista exprime a sensação da mudança deles para São Paulo, com a música que fazem tem tudo para conquistar o resto do País, não sei porque até agora não estouraram, qualidade tem para tal.

A próxima atração veio do Mato Grosso a VANGUART que é uma das apostas do indústria fonográfica, com um cantor com ares de Bob Dylan, quando jovem, fazem uma música mais para o folk, com baladas bem balançadas, sempre com qualidade, a sua versão acelerada de "O Mar" de Dorival Caymmi, apesar de desconhecida pela maioria do público jovem, foi bem recebida e realmente ficou muito boa (Dorival com sua famosa preguiça, talvez tivesse estranhado, Dori, Danilo e Naná não), Fred 04 fez uma participação especial cantando junto com eles "LEONOR" do próprio, mostrando o respeito deles com este grande talento da música pernambucana, o show agradou ao público que já estava em bom número. Enquanto eles se apresentavam fui dar uma volta e comprar uma cerveja, afinal, como um show engata no outro , não se tem tempo para uma cerveja, só no meio do show mesmo, aliás, cerveja Nobel, só ela, ninguém merece, era a patrocinadora, o que o dinheiro não faz. Olhando a banca de cds, fui comprar o do grupo Volver por dez paus, valia a pena e vendo os outros cds, uma jovem até bonitinha, indicou a de um grupo novo daqui de Recife que nunca tinha ouvido falar, "Semente de Vulcão" ela foi tão simpática e insistiu tanto que terminou me convencendo, até porque o cd custava apenas R$ 5,00 e ela ficou toda contente e ainda foi chamar o vocalista do grupo para conhecê-lo, um meninote, espero que o gasto tenha valido a pena, depois escuto e comento.

O próximo grupo a entrar no palco foi o MÓVEIS COLONIAIS DE ACAJU (DF) (foto) e entraram numa eletricidade de fazer inveja, isto já era umas 23:30h e ver aquela meninada correndo de um lado para o outro do palco, era de cansar qualquer um, acho que um dos requisitos para se tocar neste grupo é ser elétrico, como acho também que antes deles entrarem em cena eles devem receber no camarim uma descarga elétrica nas veias de uns 220V, 380V, sei lá acho que de uns 690V, é muita vitalidade, só que apesar do adiantado da hora a grande maioria do público, que estava longe dos 50, por isso acompanharam com a mesma empolgação dos músicos, parecia até que o dia do festival estava começando ali, a música é bastante animada, são nove integrantes ao todo, música para dançar, o vocalista nem canta tanto, mas é tão elétrico que empolga. Assisti a eles no ano passado no Rec-Beat a empolgação foi a mesma.

Depois veio o melhor show da noite, a MUNDO LIVRE S/A comemorando vinte e cinco anos de estrada, é inacreditável que um grupo tão bom e tão importante da música brasileira, responsável pela nascimento de um dos mais fortes movimentos acontecidos musicalmente no Brasil, não seja reconhecida como tal no resto do País, eles só agora depois de mais de cinco anos é que estão gravando um cd de inéditas, não dá para entender, a música da MLSA é de altíssima qualidade, as letras de Fred 04, sempre engajadas socialmente e nunca planfetárias, só encontram paralelo nas letras de um outro grande letrista Renato Russo, o show como sempre competentíssimo, apesar da platéia sempre tão solicita ao MLSA não se empolgar tanto, afinal já passava da uma da manhã do domingo para até quem tem bem menos do que 50, principalmente depois de um show do Móveis...., mas valeu a espera, um destaque foi a presença do maestro Forró numa participação especial, ele foi apresentado por Fred 04 como o músico mais rock'n'roll que conhecia, o maestro mostrou que sabe tudo de trompete, não só forró e frevo, embelezando ainda mais as duas músicas que tocou, no restante a MLSA arrazaram, um show e tanto.

A última atração da noite era a mais esperada, MARCELO CAMELO (RJ) e entrou no palco já passava das 1:30h do domingo, entrou numa sonolência só, este era o primeiro show que assisti dele na carreira solo, por isso não sei se esta malemolência é típica dele ou se antes ele contou alguma estória de ninar para sua namorada Malu Magalhães e por isso ficou meio molinho, apesar de competente, o show só empolgou aos fãs de carteirinha (que eram muitos) que cantavam todas as músicas, como se eles próprios tivessem escritos, com uma banda de feras e azeitadíssima, o show estava mais para se assistir sentado num teatro e não para se assistir em pé e como última atração de uma maratona de mais de sete horas de música, o de Lobão no ano passado nas mesmas condições foi mais empolgante. O Marcelo ainda tocou dois bis, quase dormindo, acho que ele queria mesmo era estar do lado da Malu Magalhães.

No saldo final, valeu a pena mais um ano do Abril pro Rock, a fórmula está certíssima e como sempre os produtores escolhem muito bem as atrações, falta apenas melhorar a infraestrutura no que se refere a bebida e comida, as pouquíssimas opções deixaram muito a desejar, um único fabricante de cerveja, é dose e nenhuma caipirinha é mais dose ainda, melhorar mais ainda a acústica, pois o resto foi tudo beleza.

VIDA LONGA PARA O ABRIL PRO ROCK.

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