domingo, 28 de março de 2010

LP Revolver - The Beatles


Muito se fala que o grande disco dos Beatles é o "Sargent Pepper's...", que seria o divisor de águas não só do grupo como da história do rock, o disco realmente é sensacional, é tudo o que falaram e falam dele até hoje, mas, na minha modesta opinião, o melhor disco dos Fab Four é este Revolver, sem ele o outro não existiria, da música a capa, aqui foi plantada toda a semente do disco posterior, foi neste disco que se verificou a verdadeira evolução deste quarteto fantástico, o disco é irretocável, os arranjos passaram a ser mais elaborados, com a introdução de instrumentos como a Tabla, o efeito da instrumentação com rotação invertida, tudo está aqui, o álbum reflete os novos interesses do grupo: LSD, música indiana, nostalgia pela música da antiga Inglaterra e uma necessidade de escapar das canções de amor convencionais, só que o disco, apesar do grande sucesso, ficou meio esquecido na história do grupo, ofuscado pelo lançamento posterior, este sim, com um grande apelo de marketing e claro, sua excelente música.

O disco inicia com um dos mais belos rock da carreira do grupo "Taxman" de autoria do competentíssimo e ótimo George Harrison, que infelizmente junto com Ringo Starr, viveram sempre na sombra da dupla famosa, a música era uma crítica do guitarrista aos escorchantes impostos cobrados pelo governo da Rainha Elizabeth II, além de detonar e enterrar de vez a era juvenil do grupo, aqueles rapazes alegres tinham amadurecido. "Eleanor Rigby" um verdadeiro clássico, canção de Paul sobre solidão e alienação o seu vocal inicial com o acompanhamento dos violinos é reconhecido logo nos primeiros acordes, a orquestra de violinos segue emoldurando o belo arranjo, esta tem a cara de Paul McCartney. "I'm only sleeping" uma bem mais John Lennon, com os acordes da orquestra com rotação invertida dá o tom inovador a música, o seu final com um som oriental era o preparo para a introdução de "Love you to" outra do Harrison que inicia com uma Tabla e uma arranjo pra lá de oriental que conduz a canção, que fala de reflexão, de mudanças, a semente do futuro do som do grupo estava lançada. "Here, There and Everywhere" uma balada mais do que perfeita composta por Paul, com arranjos complexos e harmonias distintas entre si. "Yellow Submarine" é o momento descontração do disco, brincadeira que resultou futuramente em um disco e um filme em desenho animado, é cantada por Ringo, acompanhada no vocal pelos outros. Fechando o lado A, "She said she said" outra com a cara do John, diz a lenda que feita em mais uma das "viagens" dele, a letra levanta mais ainda a suspeita de que Paul estaria morto, "Eu sei o que é estar morto" diz.

O lado B, começa com "Good day sunshine" flerte da dupla com o Jazz, o solo de piano é algo. "And your bird can sing" é a mais experimental do disco, vocais sobrepostos e a guitarra de Harrison tocada ao contrário. Mais uma bela balada com a cara de Paul "For no one", arranjo rebuscado e belíssimo, com inserções de metais que abrilhantam a música. "Dr. Robert" resquício da era jovem do grupo, inspirada no som dos anos cinquenta. "I want to tell you" e "Got to get you into my life" são dois exemplos da qualidade sonora do grupo, a primeira mais lenta a segunda mais agitada, toda chupada dos metais da soul music, os branquelos ingleses mostrando que também sabiam fazer música pra dançar, metais arrasadores. Para fechar o disco, a mais psicodélica de todas, "Tomorrow never knows", experimentalismo puro, inspirada no dodecafonismo, vocal dissonante de John, apesar do título, era a antecipação para o que viria posteriormente.

Um disco excepcional de um grupo excepcional, atualíssimo até hoje, o verdadeiro divisor de águas da história moderna da música mundial, sem ele a música não seria a mesma.

Ano de lançamento: 1966
Ano de aquisição: 1976

Curiosidade: Após o lançamento deste disco, surgiu uma das maiores lendas acerca do grupo, a morte de Paul. Tudo começou em 1966. Logo após o lançamento do álbum Revolver, os Beatles pararam de excursionar durante um breve período em razão da complexidade de transposição das músicas do estúdio para o ao vivo. Isso, aliado a um acidente de moto sofrido por Paul, despertou a criatividade do público, que começou a buscar uma explicação para o “sumiço” temporário do baixista da banda. Esse acidente lhe rendeu um dente quebrado e uma cicatriz no lábio, que carrega até hoje. Segundo diz a lenda, ele teria furado um cruzamento e colidido contra um carro no dia 9 de novembro de 1966. Daí veio a história de um concurso de sósias para substituir o músico em suas funções, e, posteriormente, os produtores começaram a soltar pistas sobre a morte do músico. O escolhido? Um sujeito chamado Billy Shears.

O disco foi lançado antes do suposto acontecimento, mas mesmo assim entrou para o hall de pistas sobre a morte de Paul. Trata-se da primeira capa de um disco dos Beatles desenhada; isso teria sido pensado para que o público não reconhecesse o sósia. Também há uma mão aberta em cima de sua cabeça, sinal de benção aos mortos em diversas culturas. Esse símbolo seria repetido em inúmeras oportunidades, reforçando cada vez mais a lenda, como por exemplo na capa de Yellow Submarine, na capa de Abbey Road, outras suspeitas e em muitas outras histórias.
A verdade é que se isto tudo não é lenda, foram buscar um sósia bem parecido e um músico do caralho, tão bom ou melhor que o original, a prova é o que ouvimos até hoje.

2 comentários:

  1. Concordo contigo Robson. Revolver é o grande disco dos Fab Four.
    Abraços,

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  2. Valeu Jonathas, que bom que há quem concorde com a qualidade deste disco.
    Abraços
    Robson

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