sábado, 11 de dezembro de 2010

Show - Brad Mehldau - Theatro Municipal do Rio de Janeiro - 02/10/10




















Há quem diga que ir ao Rio de Janeiro e não visitar o Maracanã, é o mesmo que não ter ido ao Rio. É inquestionável o simbolismo deste monumento que rege a paixão pelo esporte mais popular do País, como é inegável que assistir a um FLA x FLU em decisão de campeonato é um espetáculo digno de emocionar até o mais gélido dos corações Russos, difícil é ficar impassível com tanta adrenalina.


Há quem ache (eu, incluso) que ir ao Rio de Janeiro e não ir ao Theatro Municipal, é o mesmo que não ter ido ao Rio, principalmente agora, depois de uma reforma estruturadora neste templo da cultura carioca, o que já era belo, tornou-se esplendoroso, tal o rebuscamento e o cuidado em recuperar pinturas antes "escondidas" pela ação do tempo, nuances afloraram o que tornou mais prazeiroso uma ida a este teatro, que na minha modesta opinião é o mais belo do Brasil. Quando morei no Rio, o Municipal era quase uma segunda casa, tal a frequência que ia lá, assisti espetáculos maravilhosos, Baryshinikov, Marcel Marceu, Tom Jobim, João Gilberto, Nelson Freire, Momix, Pilobolus, diversas óperas e muitos outros. Ir ao Rio e não visitar o Municipal é o mesmo que comer um sonho de valsa sem o seu delicioso recheio.



Este preâmbulo, foi para falar sobre o espetáculo a parte que foi visitar o Theatro Municipal no dia do show Piano Solo Improvisations do pianista Brad Mehldau. Como o próprio título diz, o show não teve um programa a ser seguido, Brad ia tocando, na maioria suas composições e ia improvisando em cima delas, e tudo sempre com uma qualidade sensacional, daí se entende o texto do release, "A personalidade musical de Mehldau forma uma dicotomia. Ele é, acima de tudo, um improvisador, e curte muito a surpresa e deslumbramento que podem ocorrer a partir de uma ideia musical espontânea expressa diretamente, em tempo real".

Surpresa e espontaneadade é o que não faltaram neste show, com uma técnica apuradíssima, Brad ia desfilando suas composições, sempre com uma bela competência. Se a sua mão esquerda não conseguia a mesma desenvoltura que um McCoy Tyner, era compensada pela agilidade demonstrada na mão direita, o que necessitava de alguns contorcionismos que juntamente com grunhidos lembravam outro excepcional pianista Keith Jarret, evidente, que em técnica musical, ainda existe uma certa distância entre eles.

Brad Mehldau tem uma vasta discografia, como líder, co-líder e participante, inclusive com diversas premiações, Grammy incluso, ele tem gravado e se apresentado constantemente desde o início dos anos 90, a maior parte das vezes com seu trio.

Após quase uma hora e meia de improvisos de qualidade e depois de calorosos aplausos, Brad volta ao palco no bis e toca Tom Jobim para o delírio da plateia que lotava o Municipal, infelizmente já no segundo bis, um fato lamentável, um espectador nas primeiras filas da plateia, insistia em deixar o seu celular ligado e o qual não parava de tocar, o mesmo teve o disparate de atender o telefone e sair falando, em um total desrespeito ao artista e público em geral, aí o Brad deu uma de João Gilberto e interrompeu a música e saiu do palco, não voltando mais, uma pena que isto acontecesse no mais belo teatro do País. Imaginem se este fato acontecesse aqui no Nordeste, o que será que os twiteiros do sul iriam falar?

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